No passado dia 08 de Maio de 2022, a Mnemosine Ilustrada Associação Cultural – MnIAC organizou um passeio pela cidade que, segundo Ahmede Arrazi, “juntou em si as bondades do mar e da terra”. Encontrámo-nos no Largo das Portas do Sol.

 

Depois, cruzando construções mouras do tempo em que Lisboa ainda se chamava “Aschbouna”, percorremos as tortuosas ruas que, no seu traçado labiríntico, permitem o convívio dos palácios de importantes senhores com as pequenas casas que pertenceram aos muitos pescadores, sapateiros, mareantes e curtidores que por aqui viviam. Recordámos, inevitavelmente, a presença judia.

 

Tentámos imaginar o bulício que, outrora, existia naquelas ruas. Pensámos nos interiores e em como se vivia portas adentro. O que se comia? Como se dormia? Um esforço, enfim, por sentir o odor dos pomares que ali existiam.

 

Nos momentos de silêncio, prestámos homenagem à multidão de escravos negros que, ainda crianças, por aqui eram humilhados e encontravam prematuramente a morte.

 

Conversámos também acerca dos chafarizes, passando pela casa de Brás de Albuquerque e relembrando a importância da Ribeira Velha e observámos o pórtico da Igreja da Nossa Senhora da Conceição Velha.

 

Por fim, chegámos ao Terreiro do Paço, uma bela praça banhada pelo rio Tejo que, noutros tempos, foi residência real, escutou os passos de fidalgos, viu crescer príncipes, soube guardar riquezas de vários mundos, chorou pelo terramoto, foi palco de touradas e de bárbaros actos de fé e que, um dia, no ocaso do Antigo Regime, passou a chamar-se Praça do Comércio.

 

Afinal, viemos propor-vos olhar para a História “olhos nos olhos” porque, quando assim é, o passado parece tornar-se presente e nós não resistimos a vivê-lo.