Glossário de Artes Decorativas
CABAÇA
Emblema de longevidade talvez devido à sua durabilidade depois de seca. Semelhante à “garrafa de peregrino”, atributo de Li Tieguai, um dos Oito Imortais Taoístas. (14.p.273)
Também se chama qualquer vaso de vidro, ou de outra matéria de figura semelhante à de aquele fruto. Cabaça de brinco de orelhas. Duas pérolas enfiadas, das quais a maior que fica na parte inferior, faz semelhança ao bojo e, a menor ficando superior representa o bocal da cabaça. (18.p.4)
Vaso de vidro da feição da cabaça. Pendente, ou pingente de brincos da mesma forma (9.p.204)
CABAÇA DE VINHO
Um cântaro de seis canadas ou meio almude, a que ainda hoje chamam cabaço, na província do Minho. (45.p.53)
CABAÇO
Vaso de casca de abóbora de carneyro seca, e sem miolo, em que os rústicos costumam guardar as sementes. (6.p.4).
CABAIA
Tecido de seda leve. Vestido oriental de forma de roupeta decotada, algum tanto justa, aberta por um lado, fechada por deante, descendo até ao meio da perna. (21.p.4)
He hum modo de roupeta turquesa decorada, e algum tanto justa, e aberta por hum lado, fechada por diante, que chega até meya perna. (6.p.5)
CABALLEROS
Espécie de lã que vem da Hespanha. (21.p.4)
CABARET
Ver SERVIÇO DE CHÁ.
CABAYA
Ver CABAIA.
CABEÇA
Parte superior de um livro. (23.pp. 35-364)
Representação em vulto ou em relevo da extremidade superior do corpo humano ou da extremidade anterior do corpo do animal incluindo a cabeça e o pescoço. Medida usada na arte para estabelecer o cânon de uma escultura e que utiliza a medida da cabeça para poder aferir o equilíbrio geral da obra. O cânon foi estabelecido pelo ideal grego que considerava sete ou nove cabeças. (8.p.112)
CABEÇA DE PREGO
Ornato com a forma de uma pirâmide de quatro faces. (p.118)
CABEÇA RELICÁRIO
Relicário morfológico. Tipo de relicário no qual só aparece representada a cabeça humana. Pode confundir-se com busto relicário. (8.p.112)
CABEÇADAS
Extremidades do lombo junto do corte. (10)
CABEÇAL
Travesseiro. (40.p.247)
CABEÇA-RELICÁRIO
Receptáculo em forma de cabeça, reproduzindo a parte específica do corpo de onde foi retirada a relíquia. (4.p.96)
CABECEIRA
Extremos da lombada. (23.pp. 35-364)
Termo de livreiro. He um lavor de retroz, que se faz em hum, e outro extremo do livro. (6.p.11)
CABECEIRA DE DOSSEL
O pano, ou cortina fixa, pendente do céu ou capelo do dossel à cabeceira do leito. (40.p.248)
CABELO
Ver FISSURA.
CABIDE
He huma armação de paos, metidos na parede, em que põem armas, vestidos, etc. (6.p.17)
Taboa pregada de chapa na parede, com braços, dos quaes se pendurão vestidos, armas, etc. (9.p.206)
Braço de madeira fixo na parede para suspender roupas, etc. Taboa, tendo fixos vários braços de madeira, e pregada na parede para o mesmo fim. — Movél formado por uma haste central fixa sobre um pé redondo ou terminando em três ou quatro pés, da qual saem vários braços, em que se suspendem roupas, chapéus, etc. Algumas vezes tem este movel uma parte superior, destinada a proteger do pó os objectos que n'elle se colocam, e que é chamada chapéu. (22.p.11)
Suporte de parede para peças de suspender: isolado ou múltiplo, é constituído por uma tábua horizontal: isolado ou múltiplo, é constituído por uma tábua horizontal tendo enfiadas cavilhas, ganchos, etc. O cabide pode organizar-se com tais peças colocadas no alto duma haste possuindo base apropriada de apoio no solo. (40.p.248)
CABIDE PARA CAPAS
Cabide de pé, para pendurar uma ou mais capas sobrepostas. (4.p.46)
CABINET
Pequeno armário, com ou sem pernas, para ser colocado sobre um móvel maior. Servia para guardar objectos de valor e que não ocupassem muito lugar (jóias, medalhas e estatuetas de colecção). Geralmente é muito elaborado, com decorações, engastes de pedras duras, com estatuetas, folhas e festões esculpidos, etc. (53.p.18)
CABO
Apêndice de forma cilíndrica alongada, fixa num objecto por um ponto e que facilita o manuseamento do mesmo (2.p.66)
Artefacto em cerâmica para manuseamento de colheres, facas e garfos metálicos (2.p.66)
Elemento de preensão de um objecto, com posição habitualmente horizontal ou oblíqua e destacada em relação ao seu corpo. Pode ser fixo ou amovível e em alguns casos executado em madeira ou marfim, materiais que funcionam como isolantes térmicos. (5.p.118)
Ver ASA; PEGA.
CABRIOLET
Cadeira surgida em França por volta de 1750, destinada sobretudo ao público feminino. Apresenta como principal característica os espaldares encurvados para melhor apoio das costas do utilizador e travessas do aro do assento de forma circular. O fauteil apresenta apoios dos braços recuados acompanhando estes a curvatura lateral do aro do assento. (38.p.230)
CABUCHÃO
Gema não lapidada e apenas ovalada ou com superfície convexa, o que permitia um maior aproveitamento da gema original, ao invés da lapidada, que ficaria de dimensão muito menor, devido aos desperdícios resultantes da lapidação. (39.p.224)
Estilo de lapidação que consiste numa superfície curva polida com base plana, côncava ou convexa e com contornos variados. Foi comum nas pedras de cor até ao século XV. (5.pp.130-131)
CAÇAROLA
Do francês casserole. Recipiente baixo, de vários tamanhos, coberto ou não. Pode ter um pequeno bico adossado, é munido de um cabo, de madeira ou marfim, e apresenta fundo plano. (5.p.70)
CACHAÇO
Secção superior horizontal do aro ou moldura do espaldar, topo. (3.p.60)
CACHEPÔ
Termo de origem em cache-pot, designação francesa para um recipiente decorativo, destinado a conter e esconder um vaso de flores. (2.p.67)
Recipiente para conter os vasos de flores ou esconder o material de pouco preço (barro) num vaso de melhor aspecto, feito em cobre, latão, cerâmica, louça ou prata. Às vezes é provido de pequenos pés, que podem ser simples ou com complicados ornamentos. (53.p.18)
CACHE-POT
Ver CACHEPÔ.
CACHIMBO
Obecto para fumar tabaco, constituído por um fornilho onde se introduz o tabaco e um tubo por onde se inspira o fumo. (2.p.67)
Vasozinho de barro conico onde se põe o tabaco a arder; tem hum cano onde se embebe a extremidade de hum ca-Tiudo, e a outra se mette na boca, do que cachimba, e por elle se sorve o fumo. (9.p.209)
CAÇO
Termo antigo e provincial. Frigideira com rabo. (21.p.22)
CAÇÓLA
Ver CAÇOULA.
CAÇOLETA
He hum vaso, em que o Ourives recoze a prata, para a examinar por burilada. (18.p.28)
Vaso em que os ourives recozem a prata. (21.p.22)
CAÇOLETE
Vaso para perfumar a casa. (21.p.22)
CAÇOULA
Vaso de terra, panella para o fogo. Vaso, onde se queimão caçoulas, ou drogas aromáticas. (9.p.210)
Deriva-se do Francez Cassollete. He hum vaso de dous fundos, no mais baixo se mete o fogo, e no mais alto os cheiros, que exalam pelos buraquinhos da cobertura do dito vaso. (6.p.183)
Vaso de barro em que se cozem alimentos. Vaso em que se queimam aromas que se lançam no fogo para perfumar. (21.p.22)
CADEADO
Certo género de fechadura solta, e portátil, de figura redonda, ou a modo de escudo, com huma espécie de anel, o qual se mette em outro anel, ou no fuzil de huma cadea, donde lhe veio o nome de cadeado. (6.p.29)
Obra de metal, que tem hum aro, ou argola movel, a qual se fecha dentro do bojo do cadeado com molas, ou lingueta , e se abre com chave; serve de fechar arcas , portas, alçapões , e he levadiço. Brincos das orelhas sem pingentes, diversos por isso das arrecadas; são a modo de arcos, que se fecham com huma só pedra. (9.p.211)
CADEIRA
Móvel de assento, com costas fixas ou amovíveis, podendo apresentar ou não descanso para os braços. Apoia-se sobre pernas e pés, fixas ou
articuláveis, normalmente unidas por travessas. Pode ainda apresentar o assento giratório, apoiando-se num eixo fixo ou extensível. É executado total ou parcialmente em madeira, e/ou revestido pelos mais diversos materiais. Os conjuntos de cadeiras recebiam especialmente no século XVIII, a designação de cadeiras de encostar ou de cadeiras volantes, consoante se destinavam a permanecer no mesmo local encostadas à parede, ou a serem transportadas, sendo nesse caso mais ligeiras. Este móvel podia utilizar-se para transporte de pessoas, sendo nesse caso munido de apoios ou varais, com descanso para os pés (e eventualmente com uma armação de ferro ou madeira elevada para suster uma espécie de toldo), designando-se por cadeira de levar, de mãos, de andas, ou de ir a braços. (3.p.54-55)
CADEIRA ABACIAL
Mobiliário religioso. Cadeira do abade ou da abadessa; em regra, existia um exemplar na casa do capítulo acompanhado por um conjunto de cadeiras ou de bancos dispostos ao longo das paredes desse aposento, destinado aos restantes membros da comunidade religiosa; designa igualmente a cadeira abacial integrada no cadeiral. (3.p.105)
CADEIRA CHÃ
Ver CADEIRA RASA.
CADEIRA DA PRESIDÊNCIA
Ver CADEIRA PAROQUIAL. Mobiliário religioso.
CADEIRA DE ANDAR
É uma cadeira que se utilizava para transporte de pessoas, sendo nesse caso munido de apoios ou varais, com descanso para os pés (e eventualmente com uma armação de ferro ou madeira elevada para suster uma espécie de toldo). (3.p.55)
CADEIRA DE ANDAS
Ver CADEIRA DE ANDAR
CADEIRA DE BARBEAR
Ver CADEIRA DE BARBEIRO.
CADEIRA DE BARBEIRO
Designação dada quando o móvel de assento tem o espaldar mais alto, ou a possibilidade de o subir, terminando num cachaço encurvado para encosto da cabeça. Pode ser simultaneamente cadeira de secretária. (3.p.55)
CADEIRA DE CAMPANHA
Móvel de assento e pernas articuladas, para mais fácil transporte e arrumo. Savonarola ou dantesca é a designação quinhentista de origem italiana, dada a dois tipos de cadeiras em tesoura que se vulgarizaram, correspondendo o primeiro a uma estrutura articulada de réguas em madeira e o segundo apresentando as costas e o assento em tecido ou couro. (3.p.56)
CADEIRA DE CANTO
Móvel com assento disposto de forma a adaptar-se ao ângulo de uma divisão. Tem o recosto baixo, rematado em geral por uma só peça em ângulo, que desempenha cumulativamente a função de costas e de braços. Tem em regra duas ou mais tabelas nas costas. As pernas dispõem-se nos ângulos do assento. (3.p.55)
CADEIRA DE CELEBRANTE
Cadeirão estofado utilizado nas concelebrações. É reservado ao concelebrante presidente, mas pode ser ladeado por dois cadeirões do celebrante idênticos, mas de menor tamanho para os outros concelebrantes ou diáconos assistentes. (4.p.27)
CADEIRA DE COMODIDADE OU FURADA
Cadeira com o aro do assento prolongado formando uma caixa com tampa onde se guarda o bacio. Esta variante é geralmente dissimulada com um coxim móvel (móvel combinado). (3.p.55)
CADEIRA DE CORO
Ver CADEIRAL. Mobiliário religioso.
CADEIRA DE COSTURA
Cadeira baixa, tendo em regra 30 cm como altura máxima do assento. (3.p.55)
CADEIRA DE ESPALDAS
Cadeira com espaldar, que entrenós deteve a primazia pela importância e nobreza das pessoas que nela se sentavam. Podia ter braços (cadeirão se de grandes proporções), ou não. (40.pp.248-249)
CADEIRA DE ESPALDAR
Provavelmente o mesmo que cadeira de espaldas. (40.p.249)
CADEIRA DE ESTADO
Cadeira de cerimonial, alta e de braços. Nos exemplares mais recuados é por vezes munida de dossel em madeira, apresentando geralmente um cofre sob o assento. Para uso cerimonial, paramentava-se com ricos têxteis. A designação de “cadeira de estado”, pode abranger ainda outros assentos que pela sua forma, decoração e localização numa sala, se adequam ao prestígio de quem neles se senta. (3.p.55)
CADEIRA DE CAMPO
Cadeira para uso no exterior, ou em viagem e campanha, não necessariamente “quebradiça”. (40.p.248)
CADEIRA DE DESCANSO
Tipo de assento de conformação desconhecida usado no século XVI. (40.p.249)
CADEIRA DE ESTADO
Tipo de cadeira frequentemente citado, mas e tipo desconhecido. A presunção de que se tratasse de assento de estadão, usada apenas na Corte ou por nobres e autoridades não vence, pois cadeiras dessas também existiam em solares provincianos (…) pôs-se a hipótese de se tratar de cadeiras quebradiças do tipo “dantesco” que, como tal, não são referidas nos documentos, mau grado a divulgação e sucesso que tiveram na época de Quinhentos. (40.p.249)
CADEIRA DE IMAGEM
Mobiliário religioso. Móvel destinado à colocação de uma imagem, geralmente com um orifício no assento para fixação da imagem. Os exemplares de menores dimensões destinavam-se, em regra, à colocação de um Menino Jesus, dito Menino Jesus Rei; outros, por vezes de grandes dimensões, eram usados em procissões e as suas dimensões variam de acordo com o tamanho da imagem. (3.p.105)
CADEIRA DE IR A BRAÇOS
Ver CADEIRA DE ANDAR.
CADEIRA DE JOGO
Cadeira usada para assistir ao jogo, apresenta em consequência para apoio dos braços, o remate do espaldar boleado, estofado. Quando usada para sentar “a cavalo”, como vulgarmente é referida, pode ainda integrar como remate de espaldar, uma caixa para guardar os apetrechos para fumo (esta variante foi muito divulgada no século XIX). (3.pp.55-56)
CADEIRA DE LEVAR
Ver CADEIRA DE ANDAR.
CADEIRA DE MÃOS
Ver CADEIRA DE ANDAR.
CADEIRA DE PROVEDOR
Mobiliário religioso. É a cadeira do provedor de uma confraria da Misericórdia; por vezes ostenta as armas reais, uma vez que as confrarias das misericórdias se encontravam sob a protecção régia. (3.p.105)
CADEIRA DE SECRETÁRIA
Móvel com assento em geral recortado na frente, podendo ter três, quatro ou cinco pernas. O assento poe ainda apoiar-se numa coluna giratória. A “cadeira de canto” e a “cadeira de secretária, são designações usadas em geral de forma indiscriminada para referir o mesmo móvel. (3.p.56)
CADEIRA DE SOLA
Designação vulgar para as cadeiras com costas e assento de couro grosso. (3.p.56)
CADEIRA DE TESOURA
Móvel de assento e pernas articuladas, para mais fácil transporte e arrumo. Savonarola ou dantesca é a designação quinhentista de origem italiana, dada a dois tipos de cadeiras em tesoura que se vulgarizaram, correspondendo o primeiro a uma estrutura articulada de réguas em madeira e o segundo apresentando as costas e o assento em tecido ou couro. (3.p.56)
CADEIRA DE TOUCADOR
Móvel de assento geralmente sem braços e com as costas muito baixas, para facilitar a execução dos penteados. (3.p.56)
CADEIRA DE VESTIR
Cadeira de espaldar alto estofada em alguns casos de holandilha (tecido grosso de linho), sobre a qual se adaptavam em ocasiões de cerimonial, capas móveis de tecido. Apresenta as zonas que ficam à vista (os braços, o saial e as pernas) mais decoradas; o espaldar, que fica oculto, apresenta-se em geral liso. (3.p.56)
CADEIRA DOBRADIÇA
Móvel de assento e pernas articuladas, para mais fácil transporte e arrumo. Savonarola ou dantesca é a designação quinhentista de origem italiana, dada a dois tipos de cadeiras em tesoura que se vulgarizaram, correspondendo o primeiro a uma estrutura articulada de réguas em madeira e o segundo apresentando as costas e o assento em tecido ou couro. (3.p.56)
CADEIRA EPISCOPAL
Mobiliário religioso. Numa catedral é a cadeira de espaldar que se coloca do lado do Evangelho, sob um dossel. Poerá incorporar um baldaquino na própria estrutura. (3.p.105)
CADEIRA FURADA
Cadeira com o aro do assento prolongado formando uma caixa com tampa onde se guarda o bacio. Esta variante é geralmente dissimulada com um coxim móvel (móvel combinado). (3.p.55)
CADEIRA GENUFLEXÓRIO
Mobiliário religioso. Móvel com duas plataformas horizontais, a primeira amovível ou articulada para assento, e a segunda, muito baixa, destinada à genuflexão. (3.p.110)
Cadeira baixa, cujo assento pode funcionar como genuflexório e com espalda no topo almofadado para apoio dos cotovelos. (4.p27)
CADEIRA INTEIRA
Por contraposição à cadeira “quebradiça”. (40.p.249)
CADEIRA MEÃ
Tipo de cadeira desconhecido, que não era de espaldas nem chã, pois o “Regimento dos correeiros de obra grossa” de 1545, do Porto, prevê: “…guornyçam de cadeiras despaldas chaãs e meães de muito bom couro lavrado e qual quer cor…”. (40.p.249)
CADEIRA MODELO WINDSOR
Modelo inglês, caracterizado por ter as costas em arco, sustentadas por séries de elementos verticais torneados, pernas torneadas e inclinadas encavadas no assento (formado por peça inteiriça), travadas por trempe torneada. (3.p.56)
CADEIRA PAROQUIAL
Mobiliário religioso. Numa igreja paroquial é a cadeira usada pelo sacerdote que celebra a eucaristia. Actualmente é designada por cadeira da presidência. (3.p.56)
CADEIRA QUEBRADIÇA
Móvel de assento e pernas articuladas, para mais fácil transporte e arrumo. Savonarola ou dantesca é a designação quinhentista de origem italiana, dada a dois tipos de cadeiras em tesoura que se vulgarizaram, correspondendo o primeiro a uma estrutura articulada de réguas em madeira e o segundo apresentando as costas e o assento em tecido ou couro. (3.p.56)
Cadeira de pernas articuladas, provavelmente revestida a couro, mas decompleição desconhecida, fácil de arrecadar e transportar. (40.p.249)
CADEIRA RASA
Móvel de assento de um lugar sem costas e de madeira. Assenta sobre pernas e pés ou painéis verticais, geralmente unidos por travessas. Pode assumir formas diversas. (3.p.57)
O mesmo que “cadeira chã”, ou “tamborete”, como antigamente se chamava. É a cadeira sem espaldar, de categoria imediata à “cadeira de espaldas”. Em geral possuía assento quadrangular,havendo-as dobradiças, com pernas em “X”. (40.p.250)
CADEIRA RASA DIREITA
Cadeira rasa de modelo desconhecido. Talvez assim denominada por possuir pernas verticais, em contraste com a “raza mocha” que as teria inclinadas, divergentes. (40.p.250)
CADEIRA RASA MOCHA
Cadeira rasa de modelo desconhecido. Talvez, em contraste com a dita “raza direita” – possivelmente de pernas verticais – as tivesse inclinadas, figurando as arestas dos “mochos” troncopiramidais quadrangulares. (40.p.250)
CADEIRA TAMBORIL
Provavelmente o mesmo que tamborete. (40.p.250)
CADEIRAL
Mobiliário religioso. Conjunto habitualmente formado por duas bancadas de cadeiras (raramente três), as de trás em plano mais elevado, dispostas em alas fronteiras na capela-mor, ou em “U” no coro alto ou na nave (nos conventos de religiosos de clausura o coro alto e o coro baixo situavam-se na rectaguarda da igreja, separado por grades do restante espaço do templo). Em regra, é composto por fileiras de cadeiras de braços com assentos articulados que, quando levantados, proporcionam ao corpo um apoio através de uma mísula colocada no reverso do assento (misericórdia). A fila de trás possui altos espaldares adossados à parede, habitualmente com painéis (entalhados ou pintados) separados por pilastras. Na maioria dos casos, a fila da frente apresenta espaldares pouco elevados com estantes no reverso e, por vezes, um alçapão nas costas de cada assento. (3.p.106)
Conjunto de estalas, ou cadeiras de coro, destinadas ao clero durante os ofícios divinos. Cada estala integra espalda, braços e um assento articulado, o qual, ao ser içado apresenta uma mísula (misericórdia), ou saliência que serve de apoio, permitindo ao clérigo sentar-se parecendo estar de pé. Ligadas entre si, dispõem-se numa ou mais filas, ao mesmo nível ou escalonadas. Os lugares junto à entrada ou no fundo do coro reservam-se ao clero de grau hierárquico mais elevado e distinguem-se pela maior imponência de tamanho e decoração. (4.p27)
CADEYADO
Ver CADEADO.
CADENAS
Espécie de tabuleiro para uso individual, destinado a conter o saleiro, os talheres e um guardanapo sobre o qual se colocava o pão. A sua utilização estava reservada às mesas reais, surgindo pela primeira vez em França no século XVI. (25.p.349)
CADERNO
Conjunto de folhas resultantes da dobragem de uma folha de maior dimensão. A junção de diferentes cadernos cosidos entre si constitui o miolo de um livro. (10)
CADILHOS
Cadilhos são os fios, que pendem na extremidade da. alcatifa, ou do panno, além da tecedura. (18.p.32)
Fios primeiros do ordume. Fios como de franja de bordar as margens, ou bordas das alcatifas. (9.p.211)
CADINHO
Recipiente de barro refractário, de vários tipos e tamanhos, onde se funde o metal. De uso comum numa oficina, pode também ser designado por vaso de fundição. (11.p.21)
Instrumento de fundidor. He hum vaso de barro., em que se derrete o metal, para vazar e calcinar, ouro, prata, e outros metaes. (18.p.33)
Vaso de terra de fundir metaes, terras fusíveis, etc. usado pelos ourives , Chimicos, etc. (9.p.211)
Vaso de barro para fundir substancias metallicas e outras. (21.p.27)
CAFETEIRA
Recipiente em que se prepara o café e faz o seu serviço. Tem formas variadas, tampa fixa ou móvel, asa ou cabo e bico. (2.p.67)
Deve reconhecer-se na forma a influencia de chocolateira, isto é, a forma cafeteira, que fui produzida por uma falsa analogia d'aquella). Vaso em que se faz a infusão do café, ou se traz a bebida de café ás mezas. (21.pp.28-29)
No século XVIII, assistimos a um franco desenvolvimento das bebidas exóticas, no que o chá e o café representaram a principal aposta. Os hábitos do quotidiano foram refinados pela introdução de recipientes destinados a tais bebidas, nomeadamente o café, no que se denominou tais peças de cafeteiras. Em diferença do bule, destinado ao chá, possuíam disposição vertical, no que os exemplares neoclássicos atingiram, em nosso entendimento, um dos momentos de maior categoria da prataria civil portuguesa. Possuem asa de madeira e tampa gonzada. (29.p.508)
Do italiano caffe (unida com a letra t e o sufixo eira). Recipiente com tampa, de várias formas e tamanhos, em que se prepara e serve o café. Apresenta geralmente secção circular ou facetada, fundo plano, elevado em base de centro alteado ou com pés. Comporta um pequeno bico adossado à secção superior do bojo ou um bico curvo partindo da secção mediana ou inferior do mesmo. Geralmente tem uma asa vertical de madeira, oposta ao bico mas pode também apresentar um cabo horizontal posicionado em ângulo recto em relação àquele. Pode estar associada a um escalfador ou integrar um serviço de chá e café. (5.p.70)
CAIRE
O mesmo que “cairel”. Galão estreito para debruar panos, almofadas, etc., geralmente de fio de ouro e retrós de cores. (40.p.250)
CAIREL
Ver CAIRE.
CAIXA
Recipiente que serve para guardar ou transportar substâncias sólidas. A forma e o tamanho são tão variados e numerosos quanto os objectos que pode conter. Tem tampa solta ou de charneira e fundo plano. (2.p.67)
Receptáculo com tampa, podendo apresentar as mais diversas formas. Em geral não apresenta nem dobradiças, nem fechadura. (3.p.81)
Designação geralmente usada para referir o corpo superior de um contador com mesa. Apresenta lateralmente duas argolas em metal, ou reminiscências destas. (3.p.86)
Designação genérica para um objecto de conter. Pode apresentar várias formas e tamanhos e é provida de uma tampa. Consoante o seu uso ou função, recebe uma designação complementar. (...) Do latim capsa (pelo provençal caissa). (5.pp.70-72)
Ver ARCA.
CAIXA DE AGNUS DEI
Caixa geralmente envidraçada, para proteger e expor o agnus-Dei. (4.p.96)
CAIXA DE CORPORAIS
Mobiliário religioso. Caixa de forma quadrangular, forrada, de maiores dimensões do que os corporais dobrados; alguns exemplares desta tipologia são em madeira policromada. (3.p.107)
CAIXA DE ESMOLAS
Mobiliário religioso. Receptáculo colocado no solo ou suspenso numa parede para receber as ofertas dos fiéis. Possui uma ranhura na tampa e
uma ou mais fechaduras. Na superfície, designadamente do espaldar ou da frente da peça, poderá ter uma representação pictórica e/ou uma inscrição ligada à oferta. (3.p.107)
Pequena caixa, armário ou cofre com ranhura para recolher o dinheiro de esmolas e ofertas ou do pagamento de objectos vendidos na igreja. É fechada à chave e deve estar fixa ao chão ou à parede ou ser suficientemente pesada para evitar a remoção do local onde é instalada. Pode apresentar uma inscrição ou um elemento iconográfico relacionado com o objectivo da oferta. (4.p.54)
CAIXA DE HÓSTIAS
Mobiliário religioso. Receptáculo para guardar hóstias não consagradas, assume dimensões variadas, sempre com tampa e, nalguns casos, uma chapa de chumbo redonda forrada de tecido ou couro para prensar as hóstias; em regra é uma peça circular, mas poderá ter uma forma diversa quando se destina a guardar hóstias não aparadas. (3.p.107)
Recipiente com tampa, geralmente, de forma cilíndrica, utilizado para guardar as hóstias não consagradas. Para manter as hóstias sem as deformar pode incluir, no interior, uma placa pesada, revestida de seda branca e com um anel de preensão. (4.p.124)
CAIXA DE LÚNULA
Recipiente cilíndrico baixo, utilizado para guardar a lúnula ou o crescente eucarístico. O interior da caixa deve ser dourado e a tampa pode apresentar uma imagem ou um símbolo eucarístico. O bordo pode ser perfurado, a fim de deixar passar a mola de preensão da lúnula. (4.p.124)
CAIXA DE OFERTÓRIO
Recipiente com asa utilizado na colecta do ofertório. É geralmente tapada, apresentando uma ranhura através da qual se introduz a oferta. (4.p.120)
CAIXA DE ÓRGÃO
Estrutura em madeira em que se insere o órgão. Geralmente muito decorada, pode ser em forma de armário com volantes ou apresentar vários elementos com a fachada aberta e moldurada. (4.p.182)
CAIXA DE ÓRGÃO MONUMENTAL
Parte principal da caixa do órgão monumental, colocado geralmente atrás da caixa do positivo. (4.p.182)
CAIXA DE POSITIVO
Parte da caixa do órgão que encerra o positivo, colocada à frente da tribuna. (4.p.182)
CAIXA DE PRIVADO
O mesmo que “caixa de servidor”: cadeira-retrete, fechada sob o assento furado, com porta frontal para tirar ou pôr a chamada “bacia”. (40.p.250)
CAIXA DE RAPÉ
Pequena caixa portátil com tampa articulada executada em prata, prata dourada ou ouro, por vezes em associação com outros materiais como a porcelana ou o marfim, destinada a conter tabaco moído para inalar. A tampa articulada permitia que apenas uma mão segurasse a caixa enquanto a outra colhia o rapé. Pode apresentar várias formas e a sua decoração é frequentemente enriquecida com outros materiais como esmalte ou gemas (Newman, 1987). (5.p.70)
CAIXA DE SERVIDOR
Ver CAIXA DE PRIVADO.
CAIXA DE TABACO
Pequena caixa portátil com tampa amovível, executada em prata ou outros materiais, destinada a transportar tabaco para fumar. Os primeiros modelos eram habitualmente ovais mas, posteriormente, as formas foram-se diversificando. (Newman, 1987). (5.p.70)
CAIXA DE TOILETTE
Recipiente de várias dimensões e formas provido de tampa. As de forma circular ou cilíndrica destinavam-se a conter pós, cosméticos ou pomadas e até ao século XIX eram, por vezes, executadas em pares de dimensão semelhante. Ainda durante o século XVIII e no decorrer do século XIX, passam a ser produzidas em grande variedade de tamanhos, geralmente decrescentes, combinando frequentemente o vidro e a prata. As de forma rectangular eram destinadas a escovas, pentes e ganchos de cabelo. (5.p.71)
CAIXA DO CORAÇÃO
Pequena caixa, eventualmente em forma de coração e destinada exclusivamente a conter este órgão quando é retirado do cadáver para ser conservado separadamente, em particular nas inumações reais. (4.p.115)
Pequeno vaso para beber, normalmente de forma aberta, dotado de um pé alto. (12.p.69)
Vaso sagrado no qual o celebrante consagra o vinho durante a missa. Feito, em regra, num metal precioso, o interior da copa, se não for de ouro, deve ser dourado. Tem a forma de uma taça com pé e, geralmente, um nó central. O cálice costuma fazer conjunto com a patena e, por vezes, com a píxide. Registam-se algumas tipologias específicas de cálices. (4.p.124)
CAIXA DOS SANTOS ÓLEOS
Mobiliário religioso. Caixa destinada a guardar as âmbulas com os santos óleos, poderá ter variadíssimas formas e o interior compartimentado em três divisões; as rubricas prescreviam que a âmbula com o óleo para os enfermos deveria ser guardado numa caixa de madeira forrada de seda vermelha, o que nem sempre era observado. (3.p.107)
Pequena caixa tapada ou cofre contendo de uma a três ampolas dos Santos Óleos, cuja forma pode reproduzir. Pode comportar no interior uma placa perfurada para assegurar a estabilidade das ampolas. (4.p.150)
Recipiente em forma de caixa para guardar as âmbulas que contêm os Santos Óleos. (5.p.71)
CAIXA PARA CHÁ
No final do século XVIII os marceneiros ingleses criaram uma série de caixas e mesas para o ritual do chá, entre as quais uma mesa de três pés, com a parte superior em forma de caixa com tampa, que continha habitualmente dois compartimentos revestidos de folha: um para o chá preto, outro para o chá verde, e dois recipientes de vidro, um para misturar o chá e outro para o açúcar. Quando fechada, pode confundir-se com uma mesa de costura. (3.p.77)
Recipiente com tampa, amovível ou articulada, destinado a conservar as folhas de chá. Pode apresentar várias formas, sendo as mais comuns de secção quadrada, rectangular, circular, oval ou poligonal. Pode integrar um serviço de chá ou de chá e café. Ocasionalmente são executadas em pares, quer pertençam ou não a um serviço. (5.p.71)
CAIXA PARA ESPECIARIAS
Recipiente, habitualmente de forma circular, oval ou rectangular, com ou sem pés, apresentando no interior dois ou mais compartimentos destinados a conter especiarias. Tem geralmente duas tampas articuladas por meio de uma dobradiça comum posicionada ao centro. (5.p.71)
CAIXA PARA PETIÇÕES E REQUERIMENTOS
Mobiliário religioso. É semelhante a uma caixa de esmola, distingue-se, em regra, pela inscrição que identifica a sua função. (3.p.107)
CAIXÃO
Caixa grande, oblonga, vasia, que deve servir para levar mercadorias. (21.p.34)
Em Quinhentos, o termo tinha três significados essenciais: arcaz de sacristia; banca de ourives e caixa ou arca despretensiosa, para arrecadação e transporte. (40.p.250)
CAIXÃOZINHO
Caixa de pequenas dimensões, caixinha, caixeta. (40.p.250)
CAIXA-RELICÁRIO
Mobiliário religioso. Receptáculo que pode assumir diversas formas e ser executado em variados materiais para guarda de relíquias, podendo comportar uma inscrição ou representação iconográfica que identifica as relíquias depositadas no interior. (3.p.113)
CAIXEIRO
Carpinteiro especializado na execução de caixas. (40.p.251)
CAIXETA
Diminutivo de Caixa. Pequena caixa para doce, papeis, etc. (21.p.34)
CAIXILHO
Moldura de madeira, que segura vidros nas portas, janellas, etc. Moldura de painel, gravuras, photographias, laminas. Caixilhos de livros, as estantes. (21.p.34)
Moldura que no mobiliário enquadra entre outros, vidros, espelhos e placas decorativas. Designa também a moldura do lado exterior do assento de cadeiras e outros móveis de assento onde encaixa o coxim. (38.p.230)
CAIXINHA DE CHEIROS
Pequena caixa portátil com tampa articulada, executada em ouro ou prata e destinada a conter vinagre aromatizado, inalado pelas senhoras em circunstâncias de debilidade ou mal-estar físico. Pode apresentar variadas formas como circular, oval, rectangular, poligonal ou ainda forma fantasista, figurando um objecto ou animal. No interior apresenta uma grelha transfurada sob a qual era colocada uma esponja embebida na essência. (5.p.72)
CALAÍTE
Nome dado pelos arqueólogos portugueses à variedade de turquesa que adorna artefactos pré-históricos na região de Vila Viçosa. (5.p.131)
CALAM
Ver CALÃO.
CALANDRA
Machina de repassar sedas, drogas de linho, etc., para as alisar e lustrar. Machina de acetinar papel. (21.p.39)
CALANDREIRO
O oficial que calandra. (21.p.39)
CALÃO
Vaso de barro da Índia. (18.p.49)
CALÇAR
Soldar, ou caldear, um acrescento de aço temperado (“calço”) na zona do cortante da ferramenta a que se deve “dar fio” (afiar ou aguçar). (40.p.251)
CALCÁRIO
Nome genérico que se dá à rocha sedimentar, com várias variedades, constituída principalmente por calcite ou dolomite. (8.p.113)
CALCÁRIO ARGILOSO
Calcário que contém entre 10 e 50% de argila. (8.p.113)
CALCÁRIO CARBONÍFERO
Calcário do período Carbonífero, isto é do período de há ca. 345-280 milhões de anos. (8.p.113)
CALCÁRIO OOLÍTICO
Calcário contendo muitas pequenas partículas arredondadas que são depósitos concêntricos de carbonato de cálcio. Nome científico da pedra denominada de Ançã. (8.p.113)
CALCEDÓNIA
Designação genérica variedades microcristalinas de quartzo (e.g. ágata, cornalina, sarda, prásio, ónix). (5.p.131)
CALCO
Modo de transposição de um desenho que consiste em pressionar uma superfície sobre o desenho original, ou as costas deste sobre a superfície a imprimir. (1.p.74)
CALDEADO
Regularização de superfícies através da utilização de martelos de mesa plana. (5.p.131)
CALDEIRA
Superfície côncava de um recipiente de dimensões médias ou grandes. (2.p.99)
Vaso grande de cobre, ou de outro metal, em que se faz aquentar, ou cozer alguma cousa, ou em que os tintureiros fazem as tintas. (18.p.54)
Vaso de cozer comer, de metal; hum deites era insignia dos Ricos homens, junto com o pendão, em final das mesnadas, ou gente? que mantinha. (9.p.216)
Recipiente móvel destinado a conter água benta e que se faz acompanhar do hissope, geralmente balaustriforme com remate em bola, sendo destinado a aspergir água benta. (29.p.508)
CALDEIRAM
Ver CALDEIRÃO.
CALDEIRÃO
Vaso de cobre, ou de outro metal mayor, que caldeira. (18.p.54)
CALDEIREIRO
Oficial, que faz caldeiras. (18.p.54)
CALDEIRINHA
Recipiente ou vaso de prata destinado à água-benta.
Pequena caldeira. (18.pp.54-55)
Do latim tardio caldaria. Receptáculo usado para conter a água-benta, no qual se embebe o hissope para aspergir os fiéis. (5.p.72)
CALDEIRINHA DE ÁGUA BENTA
Pequeno recipiente metálico, com asa, que contém a água benta utilizada nas aspersões rituais. É sempre acompanhada pelo hissope. Quando apresenta grandes dimensões e forma troncocónica, datando da Alta Idade Média, diz-se sítula. (4.p.118)
CALHANDRO
Bacio alto de forma cylindrica. (21.p.48)
CALIBRAGEM (técnica)
Técnica de conformação da pasta que consiste na execução de uma peça cerâmica por meio de um equipamento com molde fixo. O barro, em lastra, é colocado sobre o molde de gesso (com a forma interna da peça) fixado a um torno. Sobre este conjunto é encostado um perfil recortado em madeira ou metal, designado calibre que, mediante a rotação do torno, vai definindo o perfil exterior do objecto. Assim, o interior do objecto é obtido pelo molde em gesso e o exterior é definido pelo calibre que retira os excessos da pasta, através do movimento de rotação do torno. (2.p.100)
CÁLICE
Do latim calix. Vaso de/para ritual litúrgico composto por uma copa, haste nó e base, usado durante a missa na sagração do vinho. Esta peça é a primeira entre as alfaias litúrgicas sagradas pelos bispos, dado que a custódia e o cibório são apenas abençoados. Desde os primórdios cristãos que existiram três tipos de cálices: ordinarios, ministeriais e os offertorii. Os primeiros eram utilizados pelos padres nas penitências da missa; os ministeriais tinham um grande volume e serviam para dar aos fiéis o vinhosantificado, pelo que, por vezes, possuíam duas asas – terminandono século XIII, altura em que foi interditado a eucaristia das duas espécies. Nos offertorii, os diáconos recolhiam o vinhoofertado pelos fiéis. No período gótico aparece o costume do emprego de tintinábulos na falsa copa. A partir da 2.ª metade do século XVI desenvolve-se o cálice-custódia, através do encaixe do hostiário na copa. Regra geral, os cálices são acompanhados pelas patenas e, por vezes, de uma pequenina concha, sendo estes elementos e a copa do cálice dourados na parte interna. (5.pp.72-73)
Pequeno vaso para beber, normalmente de forma aberta, dotado de um pé alto. (12.p.69)
Vaso sagrado no qual o celebrante consagra o vinho durante a missa. Feito, em regra, num metal precioso, o interior da copa, se não for de ouro, deve ser dourado. Tem a forma de uma taça com pé e, geralmente, um nó central. O cálice costuma fazer conjunto com a patena e, por vezes, com a píxide. Registam-se algumas tipologias específicas de cálices. (4.p.124)
Do grego “kylix”, recipiente alto e estreito, sustentado por um pé na extremidade de uma longa haste. A Igreja Católica fez do cálice um dos objectos sagrados da liturgia; é no cálice que o sacerdote consagra o vinho da missa. (53.pp.18-19)
CÁLICE COM ALETAS
Cálice, geralmente de grandes dimensões, munido de pegas em forma de asa. (4.p.124)
CÁLICE COM TINTINÁBULOS
Cálice decorado com pequenas campainhas (tintinábulos) suspensas, característico dos países de cultura ibérica. (4.p.125)
CÁLICE FUNERÁRIO
Cálice em material não precioso e interior da copa sem douramento, destinado exclusivamente a ser depositado no túmulo de um eclesiástico, não sendo utilizado na Eucaristia. (4.p.115)
CÁLIGAS
Meias usadas, durante a missa pontifical, pelos prelados que gozem de privilégios pontificais. São de tecido ou malha, segundo as cores do tempo litúrgico, excepto o preto, e podem ser bordados ou decorados com lâmina de ouro ou prata; apresentam, geralmente, fitas ou cordões, por vezes com borlas nas extremidades, para atar acima do joelho. São usadas com sandálias pontificais. (4.p.164)
CALOTE
Cobertura esférica. (5.p.118)
CALVÁRIO
Representação pictórica ou escultórica da crucificação de Jesus. Pela sua imponência tornaram-se célebres os calvários construídos na Bretanha durante toda a Idade Medieval até ao século XVII. Na sua origem, o calvário era uma rocha natural, que se encontrava num espaço aberto, sobre a qual são esculpidos o Crucifixo, os instrumentos da Paixão e outros motivos iconográficos. Com o passar do tempo, a forma do calvário sofreu uma evolução, transformando-se numa estrutura arquitectónica articulada, situada junto das igrejas ou cemitérios, constituída por uma base sobre a qual são narrados, em relevo, os episódios cruciais da Paixão. Em cima da base, são colocadas três cruzes (a de Cristo, maior, juntamente com as dias mais baixas dos ladrões) cercadas por várias personagens. Entre os calvários bretões mais célebres distinguem-se o de Tronoen (1490), o de Plougouven (1554) e de Guimiliau (1581). (13)
CAMA
Conjunto de roupa usado num leito.
CAMA DE BANCOS
O mesmo que “barra” ou “tarimba”. (40.p.251)
CAMA DE BOLANTE
Cama constituída por tecido com esse nome. (40.p.251)
CAMA DE VENTO
Cama transportável, de exterior, tendo dois pares de pernas articuladas em “X”, encabeçadas por ilhargueiros onde prega a lona que faz de lastro. Ainda há anos era comum no Brasil, com esse nome, para dormir ao ar livre, e em Portugal via-se com frequência dobrada e atada, com o colchão dentro, nas estações de caminho-de-ferro, pois a utilizavam os operários da via e obras nas instalações provisórias dos locaisounde trabalhavam. (40.p.251)
CAMAFEU
Pedra dura trabalhada com incisão; esta técnica coloca em evidência as nuances de cor das várias camadas de maneira a explorar o efeito. Eram trabalhadas em camafeu: a sardónica, a ágata, a calcedónia, a cornalina, a ametista, e também o cristal de rocha e outras pedras. O camafeu servia para anéis e broches, adornar tabaqueiras, estojos, etc. (5.p.19)
Peça em gema, cerâmica ou pasta, com cena ou busto em relevo, que contrasta com o fundo, podendo ser utilizado em pulseiras, alfinetes de peito ou brincos, e que começou a ter larga divulgação já nos finais do século XVIII, inspirado no neoclassicismo, mas que triunfaria no século XIX. (39.p.224)
Nome que recebe a pedra dura talhada e decorada com relevo que contrasta em cor com o fundo. (8.p.113)
Gravura em relevo, geralmente efectuada em pedras translúcidas a opacas zonadas (e.g. ágata, concha), em que o desenho sobressai de um fundo de cor contrastante. São também conhecidos camafeus obtidos por moldagem ou por prensagem em materiais como o vidro e cerâmica (p. ex. camafeus de cerâmica com representação da efígie da rainha D. Maria I). (5.p.131)
Pedra fina gravada em relevo cuja textura apresenta várias camadas de cores sobrepostas que os gravadores aproveitam para obter efeitos variados. Os camafeus são de pequenas dimensões.
CÂMARA CLARA
Instrumento de óptica em que se suporta numa haste um prisma quadrangular com um ângulo tecto e um ângulo de 135º, ou um prisma triangular e uma placa de vidro, permitindo obter uma imagem projectada sobre uma superfície onde se pode desenhar. Embora a câmara clara, ou câmara lúcida, tivesse sido uma invenção de Wollaston no século XIX, alguns autores consideram que processos semelhantes teriam sido utilizados no Renascimento e na pintura holandesa do século XVII, debate que foi reaberto por um recente artigo de David. Hockney. (1.p.74)
CÂMARA ESCURA
Instrumento óptico que está na base da descoberta da fotografia. Permite obter uma determinada imagem e retê-la, numa chapa fotográfica, numa memória digital ou, simplesmente num vidro despolido, permitindo a execução de um desenho. Na história da pintura foi utilizada provavelmente desde o século XV, havendo menção expressa de melhoramentos ao sistema desde a segunda metade do século XVI (Giovanni Baptista della Porta, 1588). Pintores como Vermeer, nos seus interiores, ou Canalleto nas suas vistas de Veneza utilizaram a câmara escura, embora este último tecesse críticas à distorção da perspectiva que o seu uso implicava. (1.p.74)
CAMBIANTES
Variedade de cores num objecto pintado. Em Filipe Nunes o termo é utilizado como equivalente de “furta-cores” isto é, objecto em que a sombra é dada por cores complementares, imitando o reflexo de certos tecidos acetinados. (1.p.75)
CAMBOLIM
Estofo de lã como burel, da Pérsia, delle se fazem capas aguadeiras, que tem o mesmo nome. (9.p.221)
Espécie de droguetes que se fazem em varias partes da India e na Pérsia ha alguns tão macios, e bem tecidos, que parecem de castor, estes que são comummente carmesins, ou acamurçados, servem aos Mouros, e Gentios principais, em lugar de capote, há cambolins muito grosseiros, que parecem burel, e delles se vestem os Padres Capuchos da India, e também os Soldados Laxarins Gentios, marinheiros e demais gente humilde. (20.p.186)
CAMBRAI
Ver CAMBRAIA.
CAMBRAIA
Lençaria mui fina de linho, inventada, e fabricada em Cambray. (9.p.221)
CAMBRAIETA
Cambraia inferior. (9.p.221)
CAMELÃO
Certo paño, que se fazia de pello de camelo, donde lhe veyo o Nome. Camelão, hoje he paño; que se faz de pello de cabra com lãa, ou seda. Ha camelão de Hollanda fino, camelão de lã grosso, camelão de França, ralo etc. Os francezes dizem Camelot. (20.p.186)
CAMÉLIA
Emblema de beleza e saúde. (14.p.273)
CAMILHA
Cama pequena, em que na convalescencia, huma pessoa se encosta, e descansa, sem se despir. (18.p.77)
Cama de recosto, ou à ligeira, para dormir a sesta. (9.p.221)
Cama pequena para dormir a sesta ou descansarem os convalescentes sem se despirem. (21.p.65)
Ver mobiliário religioso: Ver LEITO DE IMAGEM.
CAMPA
Espaço escavado no solo utilizado para enterramentos. Para as construções edificadas em espaços funerários, recorre-se aos termos túmulo ou sarcófago. Quando se trata de uma campa aberta na rocha, utiliza-se a denominação “sepultura escavada na rocha”, consagrada pela arqueologia. (8.p.113)
CAMPAINHA
Do latim vulgar campanına, diminutivo de (‘sino’). Acessório constituído por uma secção inferior em forma de copa invertida, com badalo suspenso no interior, munido de um cabo axial para preensão.Na ourivesaria civil está geralmente associada a uma escrivaninha. Num contexto litúrgico, a campainha é utilizada para chamar a atenção dos fiéis em relação a determinados momentos do serviço litúrgico ou durante a visita Pascal. (5.p.73)
CAMPAINHA DE ALTAR
Instrumento de percussão, portátil, colocado no solo junto ao altar, tocado pelo sacristão em determinados momentos da missa, para marcar a sua solenidade e para chamar a atenção dos fiéis. Metálica, geralmente de bronze, apresenta a forma de um pequeno sino com cabo e pode ser decorada com motivos religiosos; nalguns casos, o badalo é substituído por um martelo que bate na face exterior da pança. (4.p.184)
CAMPÂNULA
É a designação geralmente dada a um vaso pequeno com a forma de sino. (7.p. 43)
CAMPIR
Termo de Pintor. He depois de coloridas as figuras fazer os pertos, os longes, o Orizonte, e os Ceos. O primeiro monte, que são os pertos, de ordinário se fazem com branco, e ocre, escurecidos com roxo, etc. E as suas arvores se mettem primeiro de preto escuro, etc. O segundo monte se faz de verde escuro, claro escurecido com verde mais escuro, ou com synopera misturada com azul, e branco; o terceiro monte se faz de azul, e branco, realçado com algum verde bem claro; nos Ceos o Orizonte se faz de masicote, e branco, logo azul branco, e as nuvens de branco com purpura escurecidos, etc. e o mais conforme ao alvedrio do Pintor. (18.p.86)
CAMPO DE TAPETE
Espaço interior delimitado pelas “barras” ou “quedas” periféricas, e tendo o fundo com cor e decoração diferentes das ditas. (40.p.251)
CAMPO DE COLCHA
Espaço interior delimitado pelas “barras” ou “quedas” periféricas, e tendo o fundo com cor e decoração diferentes das ditas. (40.p.251)
CANADA
Medida de líquidos contém quatro quartilhos, a duodecima parte de hum almude. (9.p.223)
CANAPE
Ver CANAPÉ.
CANAPÉ
Sofá, cadeira de assento longo com braços, é encosto "acolxoados; e talvez de palha, onde alguém se pôde receitar. (9.p.223)
Móvel de assento colectivo, divulgado no século XVIII, constituído por assento, com costas e apoios de braços. O número de lugares pode eventualmente ser marcado por espaldares diferenciados e unidos, ou pelos apoios intermédios dos braços. No início do século XVIII designou-se este assento colectivo por banco preguiceiro, espreguiceira, preguiçadeira, diferenciando-se depois do canapé, por apresentar o assento mais fundo. A nomenclatura só será mais clara no final de setecentos, embora [seja] confusa na documentação, a destrinça entre estes dois móveis. (3.pp.58-59)
Leito guarnecido de cortinas para desviar os mosquitos, (…). Grande assento de costas em que se podem assentar umas poucas de pessoas, e que pode também servir de leito para repousar. (21.p.74)
CANAPÉ À CONFIDENTS
A designação à confidents deriva da presença, nas duas extremidades, de dois assentos em ângulo recto que integram o canapé. (25.p.349)
CANASTRA ENCOURADA
Cesta grande, ou cestão, de vime, cana, etc., revestido a couro; com ferragem, e usado para arrecadação ou transporte. (40.p.251)
CANCELO
Porta de grade de vedação de capelas.
CANDÊA
Ver CANDEIA.
CANDEEIRO
Recipiente destinado à iluminação, de formas variadas, podendo ser de apoiar ou de suspender, geralmente composto por um contentor de combustível líquido (óleo, petróleo ou álcool) e por um ou mais lumes onde através de mechas arde o combustível.
Actualmente aplica-se este termo a objectos com idêntica fnção mas de alimentação eléctrica. (2.p.67)
CANDEEIRO DAS TREVAS
Ver Candelabro das Trevas.
CANDEIA
Pequeno recipiente hemisférico e aberto, com o bordo ondulado de forma a poder suportar o pavio. O termo reserva-se normalmente para as produções pós-medievais. (12.p.69-70)
Vaso de metal para luz. (9.p.224)
Vela. (21.p.76)
Do latim candu˘la (‘vela’). Tipo de lâmpada de combustão de azeite ou óleo para iluminação artificial. É constituída por uma haste e uma base, habitualmente circular, com ou sem pés, apresentando a meio um reservatório para o azeite, provido de dois ou mais bicos tubulares onde são colocadas as mechas de algodão. A haste, rematada na extremidade por pequena asa, sustenta um braço curvo com uma placa reflectora de forma circular ou quadrada. É acompanhada de vários acessórios, suspensos de cadeias, nomeadamente uma pinça para tirar as mechas, uma agulha para desobstruir os bicos, um apagador velas para extinguir a chama, uma tesoura de espevitar e, eventualmente, um pequeno copo para as mechas cortadas. Pode apresentar uma forma mais simples, constituída apenas pelo reservatório para o azeite, o bico para a mecha, um elemento de preensão e assente, ou não, sobre uma base. (5.p.73)
CANDEIA DE PAREDE
Suporte de uma ou mais lamparinas de azeite, fixo à parede da igreja. (4.p.34)
CANDEINHA
Diminutivo de candeia; velinha. (9.p.224)
CANDEINHA
He huma especie de vela delgada, e curta, composta de huns fios de algodão, ou de outra matéria, cobertos de cera. (18.p.97)
CANDELA
Castiçal portátil, geralmente de prata, baixo, composto por um prato com bocal central e uma empunhadura em forma de anel ou um cabo comprido, que poderá ser oco de forma a conter uma vela de reserva. Utilizada para iluminar os livros litúrgicos durante as funções pontificais, é reservada ao uso de cardeais, bispos, abades ou altos prelados, de quem podem apresentar as armas. (4.p.132)
CANDELABRO
Objecto de grandes dimensões destinado à iluminação, composto por dois ou mais braços que suportam velas, podendo ser de pé ou de suspensão do tecto. (2.p.67)
He palavra latina, vale o mesmo, que castiçal; mas não he usada, senão em prosa muito; grave, ou em versos. (18.p.97)
Castiçal grande com muitos ramos. (21.p.77)
Do latim, candela. Objecto ou motivo decorativo. Ornamento com origem na antiguidade romana, atingindo escala monumental a partir da associação de uma série de elementos colocados uns sobre os outros segundo um eixo central e vertical. A composição integrava motivos que não eram habitualmente associados, como sejam cartelas, placas, frontões, mascarões, medalhões, animais, folhagem, vasos, balaústres, etc. Usa-se o termo para descrever castiçais de grandes dimensões, com múltiplos braços. (25.p.349)
Peça de iluminação distinta do castiçal, por possuir dois ou mais braços. Certas peças atingem uma extraordinária complexidade, a nível de braços, cujo movimento de torção em torno uns dos outros leva à designação desta tipologia de peças, por vezes, como serpentinas. (29.p.508)
Do latim candela ̄ brum (‘castiçal’). Utensílio de luminária constituído por uma haste, mais ou menos alta, da qual partem dois ou mais braços providos de bocais e arandelas, destinados a igual número de velas. A haste assenta sobre uma base de forma circular, oval, quadrada, recortada ou poligonal, podendo ou não apresentar pés. A ligação entre a haste e os braços pode apresentar um elemento decorativo fixo ou um bocal, permitindo neste caso, a remoção da estrutura dos braços e a conversão da secção inferior em castiçal. É por vezes designado pelo número de lumes que comporta, como por exemplo candelabro de seis lumes e, quando os braços se desenvolvem em elaborados movimentos de torção dispostos em vários níveis, pode também ocorrer a designação de serpentina. (5.p.74)
CANDELABRO DE CORO
Suporte para velas, de grandes dimensões e dois ou mais lumes. Usado aos pares, são colocados no chão de cada um dos lados do altar. (4.p.34)
CANDELABRO DE PAREDE
Braço(s) para suporte de vela(s), daí o nome bras de lumière, montado numa estrutura decorada, em geral de metal. (25.p.349)
CANDELABRO DE TREVAS
Mobiliário religioso. Móvel de grandes dimensões, com base, fuste e uma estrutura triangular com quinze bocais e respectiva arandela para as velas. Era colocado da parte da Epístola, para as Matinas de Quinta-feira Santa que se diziam na tarde de Quarta-feira. (3.p.107)
Candelabro de grandes dimensões usado durante o Ofício das Trevas durante a Semana Santa, sendo então colocado junto ao altar. A parte superior é composta por uma estrutura triangular em cujo topo e lados adjacentes se dispõem treze ou quinze bocais; o bocal colocado no topo diz-se galo das trevas. (4.p.34)
CANDELABRO DO CÍRIO PASCAL
Mobiliário religioso. Ver Tocheiro do Círio Pascal.
CANDELABRO TRIANGULAR
Ver CANDELABRO DE TREVAS.
CANDELÁRIO(A), IMAGEM
Imagem religiosa que tem como função suportar uma luminária, ou candeia. (8.p.113)
CANDIEIRO
Vaso de latão, folha de Flandes, ou outra matéria, em que se deita azeite com torcida, para alumear. (18.p.97)
Vaso de metal para óleo, sem. bicos por onde fai toteida, que se acende. (9.p.225)
Espécie de lâmpada com bicos. Ofiicial que fazia pavio, ou segundo outra conjectura, o que fabricava velas de cebo. (21.p.78)
O oficial, que faz candeias de cera a que hoje chamamos rolo; este era diferente do cerieiro, que fazia velas, tochas e brandões. (45.p.67)
CANDIL
Lâmpada de iluminação que funcionava com azeite ou gordura e um pavio que emergia no bico do objecto a isso destinado. Reserva-se o uso do termo, normalmente, para o período árabe, sendo então característicos o corpo globular e o longo bico. (12.p.70)
CANECA
Recipiente para conter e ingerir líquidos. Geralmente tem forma cilíndrica, base plana e uma asa. Pode ter tampa e acessório de encaixe interior com crivo para infusão de chá. (2.p.68)
Vaso de barro, ou madeira para vinho. (9.p.225)
CANECA
Caneca de vinho. Vaso de louça com bojo, e gargalo. (18.p.99)
Vaso de barro ou madeira com aza, de bico largo ou de forma cylindrica com aza o sem bico, para liquidos potáveis. (21.p.78)
Recipiente destinado a conter e ingerir líquidos. Apresenta geralmente corpo de forma cilíndrica, por vezes mais estreito na secção superior, assentando sobre uma pequena base anelar, fundo plano ou três pequenos pés. Pode ter, ou não, tampa articulada, geralmente provida de um apoio para o polegar e, do lado oposto, uma asa. Na maioria dos casos, esta prolonga-se desde a secção superior do corpo, junto ao bordo, em direcção à secção inferior do mesmo, junto à base. O seu corpo pode ser constituído por outros materiais como a porcelana, o marfim ou o osso esculpidos, com montagem de prata ou prata dourada. Muitas destas peças, quer pela sua avultada dimensão, quer pelos elaborados programas decorativos assumem um carácter eminentemente ornamental. (5.p.74)
CANECO
Caneca de madeira. Calhandro, bispote de madeira. (21.p.78)
CANELURA
Escavado de formato côncavo ou semi-cilíndrico nas pernas direitas de um móvel ou no fuste de colunas, pilastras e colunelos. (38.p.230)
Gargantas paralelas (v. garganta) que ornamentam a superfície de um elemento arquitectónico, como o fuste de uma coluna, ou de um elemento decorativo. (8.p.113)
Moldura cilíndrica ou helicoidal, de perfil côncavo. (5.p.118)
CANGIRÃO
Vaso para vinho, algum tanto semelhante ao jarro. (9.p.226)
CANHAMAÇO
Assim se chamava à estopa grossa do linho galego e ao pano ordinário do linho canemo. (45.p.66)
CANO DE ESCREVANIHA
Estojo cilíndrico (cano), contendo o conjunto de objectos indispensáveis à escrita. (40.p.252)
CÂNONE
Significa regra. São as medidas e proporções humanas que correspondem a um tipo ideal e que, quando aplicadas, resultam numa harmonia perfeita entre as diferentes partes do corpo. (8.p.113)
Regra. Norma.
CANÓPIA
Sinónimo de baldaquino. (8.p.114)
CANOPO
Vaso cinerário antropomórfico próprio da época etrusca e dos egípcios, onde se guardavam vísceras embalsamadas. A tampa tinha a forma de uma cabeça humana ou animal. Pode também ser uma urna funerária, cuja tampa apresenta a forma de cabeça humana. Os vasos canopos são provenientes em especial da região de Chiusi e datam do século VII a.C. (7.pp.43-44)
CANOTILHO
Deriva-se do Francez canetille. Trança delgada de prata, ou ouro, com que se bordam vestidos, etc. (18.p.114)
Fio de prata singela, ou dourada em forma de caracol tão estreito; que basta um alfinete para lhe encher o vão. (18.p.108)
CANSADO
Ver CANSAR.
CANSAR
Exagero de trabalho sobre uma obra de forma a que esse excesso se torna prejudicial ao resultado. (1.p.75)
CANTAREIRA
Local preparado para a colocação dos cântaros de água para beber, geralmente situado na cozinha. (40.p.252)
CANTARINHA
Recipiente de servir à mesa, destina-se a conter líquidos; bojo largo, colo estreito e uma ou duas asas. (12.p.70)
CÂNTARO
Grande recipiente caracterizado pela presença de uma asa e por ter boca trilobada. (12.p.70)
CÂNTARO
Vaso de barro, e espécie de quarta: serve de ter agoa. (18.p.110)
CANTIL
Recipiente de forma circular, munido de duas pequenas asas de forma adequada à suspensão e uma pequena boca. (12.p.70)
CANTIMPLORA
Engenho para resfriar, com neve, agoa, ou vinho, dentro de huma garrafa de cobre, que tem collo comprido, e às vezes ao sahir do licor , encontrando-se o ar na estreiteza do cano, se formam huns zunidos altos, e baixos, como tons alegres, e tristes e de que se originou a palavra Cantimplora. (18.p.111)
CANTO
Um ou mais azulejos que fazem a passagem entre a horizontal e a vertical de remate decorativo, de uma composição de azulejos. (2.p.68)
Ver BARRA.
CANTONEIRA
Peça cerâmica utilizada como acabamento das arestas entre duas superfícies perpendiculares de azulejos. (2.p.68)
Pequeno armário angular que é colocado num canto do quarto. Eram construídos habitualmente aos pares, ou também em quatro exemplares, um para cada canto do quarto. Habitualmente têm na parte baixa uma ou duas portas e no alto duas, três ou mais prateleiras. Outras têm vitrine e são fechadas também na parte superior, às vezes com vidros chumbados e coloridos. (53.p.19)
CANTONEIRAS
Peças de metal, couro, pano geralmente triangular, usadas como adorno e reforço nos cantos das pastas dos livros. (10)
CANUDO
Recipiente para guardar substâncias sólidas, pastosas ou líquidas, geralmente drogas farmacêuticas. Tem forma cilíndrica, com uma leve depressão central, tampa e podendo ter pequenas asas na parte superior do bojo. De um modo geral a decoração inclui uma faixa com a indicação da substância a que se destinava. (2.p.80)
Ver pote de farmácia.
CANUTILHO
Ver CANOTILHO.
CÃO DE CHAMINÉ
O mesmo que “ferro de chaminé”. Geralmente usado aos pares é constituído por uma barra horizontal com 4 pernas e remate frontal decorativo. Estas peças não eram apenas de ferro, havendo-as de metal e mistas. (40.p.252)
CAOLINO
Argila utilizada na confecção de porcelana, rica em caolinite. Os caolinos são argilas que após a cozedura apresentam cor branca, dado terem um teor muito baixo de óxidos de ferro. (12.p.135)
CAPA
Veste superior usada por todo o clero, do Papa aos cantores e, mesmo, nalgumas igrejas, pelos meninos de coro, em cerimónias solenes, excepto a missa, nas vésperas, na procissão ou na bênção Santíssimo e, pelo presbítero assistente, na celebração da missa pontifical. Geralmente, de seda ou tecido com trama dourada ou prateada, é cortada em semicírculo e a cor varia consoante o tempo litúrgico e a dignidade eclesiástica de quem a usa. (4.p.171)
CAPA DE ASPERGES
Ver CAPA.
CAPA DE LIVRO LITÚRGICO
Revestimento móvel da encadernação do livro litúrgico. As capas de livro litúrgico que se separam da encadernação são geralmente em metal ou marfim e muito decoradas. (4.p.140)
CAPELO
Estrutura cupuliforme de pano com armação interior de geratrizes e directrizes de ferro, que encimava os dosséis ditos de “pavilhão”. Rematava por um “pião”, donde era suspenso ao tecto da câmara, e tinha alparavaz e cortinados como os outros similares. As secções da boca eram variadas, nomeadamente circulares, ovais, rectangulares, etc. (40.p.252)
CAPITEL
Elemento de arquitectura que coroa o fuste de uma coluna, de uma pilastra ou de um pilar. Na arquitectura clássica ou na arquitectura classicista, exprime a ordem arquitectónica: pode ser um capitel dórico, jónico, coríntio, compósito, toscano. (8.p.114)
CAPODIMONTE
Célebre manufactura de porcelana, fundada perto de Nápoles, em 1736, pelo Rei Carlos III de Bourbon. Suas marcas compreendem (conforme os períodos e as mudanças do Reino de Nápoles) uma estrela de oito pontas, o “N” napoleónico, as iniciais de Ferdinando de Bourbon sob a coroa, etc. (53.pp.19-20)
CAPRICHO
Composição de fantasia reunindo elementos simbólicos ou naturais numa representação realista mas numa aglomeração fantasiosa. (1.p.75)
CÁPSULA
Mobiliário religioso. Ver Urna do Santíssimo Sacramento. (3.p.116)
Receptáculo para a hóstia, relíquias ou fragmentos de linho ou algodão que tenham estado em contacto com as relíquias, grãos de incenso e, eventualmente, um papel ou pergaminho contendo um texto comemorativo. A cápsula é deposta numa concavidade, denominada sepulcro, aberta no altar, muitas vezes, na própria mesa de altar, no momento da sua dedicação. Pode ser feita de materiais diversos e apresenta, geralmente, forma de caixa, cofre, lacrimatório, vaso, etc., e uma decoração com motivos ou símbolos cristãos. (4.p.40)
CAPUZ DE CAPA
Reminiscência do primitivo capuz da capa, progressivamente transformado numa peça destacada, sobre as costas, em forma de escudete e orlada por galão e franja. (4.p.172)
CAQUESSEITÃO
Rara tipologia de aquamanil representando um animal fantástico de corpo semelhante ao de um pato, integralmente coberto de escamas, com duas asas articuladas que se projectam de ambos os lados do corpo em direcção à cauda e duas patas de ave. Apresenta cabeça de dragão com boca entreaberta para saída da água, ostentando entre os dentes uma pequena ave que poderá ser fixa ou amovível, funcionando neste caso como tampa. A cauda, imitando a de um peixe, é rematada por uma tampa através da qual se introduz a água. Asa articulada sobre o dorso. Tipologia característica do século XVII, de provável influência indo-portuguesa ou oriental. (5.pp.74-75)
CARCELA
Tira de pano ou papel que liga as folhas ou gravuras soltas do livro. Tiras de papel para intercalar no livro quando é preciso aumentarem a espessura do lombo. (10)
CARCELA DE REFORÇO
Tira de colada por dentro do festo da folha exterior do primeiro e último caderno. (10)
CARCOZ
Motivo decorativo que se usava no lavrado de prataria. (40.p.252)
CARDOS
Representação decorativa de uma planta com o mesmo nome, constituída por folhas espinhosas. (5.p.118)
CARENA
Ponto angular de inflexão da parede de um recipiente. A carena representa o ponto onde a parede de um recipiente muda de direcção. Enquanto um ponto de inflexão arredondado (por exemplo, num perfil em S) torna difícil determinar com exactidão o local onde a parede muda de direcção, a carena marca com exactidão esse ponto. Há a notar a existência de carenas arredondadas mas que, contudo, marcam uma zona angular no perfil de um recipiente. (12.p.135)
CARIÁTIDE
Estátua feminina com função de coluna suportando uma arquitrave, cuja parte inferior do corpo pode ter a forma de pedestal. (2.p.89)
Nome dado a uma estátua feminina que substitui a tradicional coluna, para servir de apoio ou suporte a uma construção. (7.p.45)
Elemento decorativo próprio da arquitectura, mas usado também em marcenaria. Consiste numa figura feminina que sustenta um peso (tampo de mesa ou de um móvel, etc.). A correspondente figura masculina é Atlas. Chamam-se também cariátides os sustentáculos de móveis, com figura humana (negrinhos, índios, escravos, etc.), em grande voga em 1700. (53.p.20)
Figura feminina em vulto ou em relevo, utilizada como suporte vertical, estruturalmente coluna ou pilastra. Etimologicamente, tem raiz nas Caryas, mulheres escravizadas pelos Gregos. (8.p.114)
CARICATURA
Exagero na representação de traços ou características de determinada personagem, com o objetivo de satirizar ou ridicularizar. (17)
Representação de forma ridícula de pessoas ou acontecimentos.
CARMESIM
He húa certa calidade de tinta, que dá lustre às mais cores, e faz que durem mais tempo. Veludo Carmesim, deve ser o que foy tinto nesta cor. (18.p.150-151)
Cor purpurea mui subida. (9.p.235)
CARNAÇÃO
Técnica de acabamento aplicada nas representações da carne das figurações humanas. O seu acabamento pode ser mate, semi-mate ou brilhante. (8.p.114)
CARPA
Emblema de longevidade por viver muitos anos, riqueza, abundância e perseverança. Diz-se que as carpas que dominaram o desfile de Longmen, a porta do Dragão, transformaram em dragões; a carpa e a porta do Dragão são símbolos através dos quais se deseja o êxito a um letrado. É também um símbolo de êxito nos exames, ou de supremacia intelectual. (14.p.274)
CARRANCA
Nome dado nas construções a caras feias e disformes que servem para adornar. São normalmente de pedra ou bronze e encontram-se nos canos das fontes e chafarizes. Também podem estar nos beirais dos edifícios. É muito utilizada no românico. (7.p.47)
Elemento decorativo formado por cabeça disforme, humana, animal ou híbrida, usada como ornamento. (2.p.89)
CARRAPETAS
Elementos decorativos destacáveis ou não, que rematam neste caso o topo das colunas do leito, ou a parte central da cabeceira. Noutros móveis podem rematar a parte superior, o topo de prumadas (móveis de assento), ou servem ainda para acentuar um ponto central, como o cruzamento horizontal do travejamento (mesas). (3.p.68)
CARREGADA
Diz-se da cor densa (foncée). Segundo Assis Rodrigues “carregar uma cor é torna-la mais forte em tinta, e não mais intensa em tom”. (1.p.75)
CARRETILHA
Cilindro com desenhos a imprimir numa chapa de ouro através de pressão. (11.p.21)
CARRILHÃO
Conjunto de sinos de igreja, afinados e distribuídos de forma a executar peças musicais. O som pode ser produzido pelo movimento do corpo do sino ou do badalo, movidos por cordas, ou pela percussão de um jogo de martelos, accionados em ambos os casos, por um teclado, pedaleira ou outro mecanismo; se o carrilhão for de pequenas dimensões, os martelos podem ser accionados directamente com a mão. (4.p.184)
Mecanismo formado por sinos em escala, apto a tocar um breve motivo musical. Em lugar dos sinos pode-se usar pequenas lâminas metálicas. (53.p.20)
CARTA DE QUITAÇÃO
Documento passado pelo Rei aos seus servidores, desquitando-os das suas responsabilidades financeiras quando terminavam as suas funções no Paço, nas Feitorias do estrangeiro, nas Casas das Índias e Mina, etc… onde eram responsáveis pelo recebimento e dispêndio de dinheiro, compras e vendas e conservação dos mais variados bens, objectos, alfaias, móveis, jóias, pratas, utensílios diversos, etc. No documento, e perante o acerto das contas apresentadas dos dinheiros recebidos e gastos e dos bens de consumo comprados, vendidos ou entregues. El Rei considerava o responsável, ou seus sucessores, como isento das responsabilidades que sobre ele impendiam. (40.p.252)
CARTÃO
Papel grosso utilizado como suporte de pintura, menos frequente antes do século XX. Até aqui o termo “cartão” designa sobretudo o desenho ou pintura a têmpera, efectuada sobre esse material e destinada a servir de protótipo para tapeçarias, mosaicos ou pinturas a fresco, ou outras pinturas. (1.p.75)
Esboço preparatório da composição usado pelo artista para se guiar na preparação da pintura, tapeçaria, mosaico ou fresco final.
CARTEIRA
He huma boceta fechada com chave dentro, na qual se mandam cartas de segredo. (20.p.203)
CARTEIRA DE PRESENÇAS CORAIS
Objecto que tinha por função assinalar a presença em certas reuniões das pessoas que integravam o coro de uma igreja. Com o formato de um pequeno livro em prata, o seu interior era constituído por várias placas, divididas em dois campos, onde se encontravam inscritos num pequeno papel, inserido num rectângulo, os nomes ou os cargos dos seus membros, enquanto a outra metade era preenchida com placas de cera vermelha. Um pequeno estilete servia para marcar um sinal nessa placa, ao mesmo tempo que tinha a função de fecho da peça. (5.p.75)
CARTELA
Painel decorativo, circular, oblongo ou oval que geralmente encerra inscrições nos livros europeus. Por vezes, contém brasões de armas e monogramas. (10)
Ornamentação baseada na representação de uma superfície lisa, emoldurada e aplicada sobre um fundo, destinada a receber uma inscrição, um monograma, uma decoração. Pode apresentar a forma de uma pele seca de animal cujas margens surgem enroladas sobre si, dobradas, arredondadas ou cortadas. (2.p.89)
Ornamento pintado ou esculpido que enquadra um texto ou uma imagem. (1.p.77)
Placa ornamental constituída por uma secção central com rebordo ornamentado. É a presença da ornamentação no rebordo que distingue uma cartela de uma simples secção ou placa. (25.p.349)
Tipo de ornamentação baseada na representação de uma superfície lisa, emoldurada e aplicada sobre um fundo, destinada a receber uma inscrição, um monograma, uma simples decoração ou um relevo figurativo. Também pode apresentar a forma de um escudo cujas margens e tarjas surgem dobradas, arredondadas ou cortadas, de modo a representar trabalhos executados em couro ou em metal. (8.p.114)
Ornamento liso com o contorno em forma de escudo, de moldura ou de uma folha de pergaminho com os cantos enrolados, que pode conter uma legenda ou um elemento escultórico. (5.p.118)
CARTONAR
Encadernar em cartão. (10)
CARUNCHO
Larva de coleóptero, devorador de madeira. Para eliminá-lo parcialmente, é necessário introduzir nos furos característicos, por meio de uma seringa (…). Mais eficaz é a fumigação com gazes venenosos. (53.p.20)
CARVALHO
A utilização na pintura do carvalho do norte, ou madeira de bordo, como aparece referida na documentação portuguesa, foi a mais generalizada entre as madeiras de suporte da pintura, envolvendo um comércio à escala europeia que passava pelo seu abate nas florestas do Báltico, a sua secagem nos grandes armazéns da Holanda e a sua exportação para toda a Europa, sendo sobretudo utilizada na Flandres, Alemanha, França e Península Ibérica. A datação do abate, em certas situações, é possível pela análise dos anéis de crescimento, o que dá uma ajuda preciosa na datação da pintura, embora com inúmeras variáveis, pois o tempo de secagem, de circulação e comercialização é também ele muito variado. (1.p.75)
CARVÃO
Resíduo obtido pela carbonização da madeira (vegetal) ou de ossos (animal), que pode servir como material riscador, ou de pigmento negro. (1.p.77)
CASA
Encadernação. Espaço do lombo compreendido entre dois nervos. (10)
Espaço entre dois nervos da lombada. (23)
CASA DA AFERIÇÃO
Local onde se levavam as balanças ou braços de balanças para serem aferidos e posteriormente marcados por se encontrarem dentro da lei. A Caza da Afferição deve-se abrir de Verão às 7 horas, e de Inverno às 8 devendo estar presentes todos os Officiaes, afim de tratarem da limpeza e aceio da Caza. •He prohibido fumar nesta Caza – Artigo 1º e 19º sobre o funcionamento da Casa da Aferição. (19)
CASA DOS 24
Local aonde os variados ofícios se reuniam para decidirem sobre os seus mesteres. (19)
CASCA DE AMENDOIM
Designa-se assim um pequeno motivo em forma de “C”, lembrando a casca de amendoim, sobressaindo geralmente nass pequenas superfícies lisas deixadas livres pelas composições de talha baixa do período Josefino. Também designada por “casca vegetal”. (38.p.230)
CASCA VEGETAL
Ver “CASCA DE AMENDOIM”.
CASCALHO
Peças de ouro gastas, partidas, fora de moda ou que já não agradavam aos seus proprietários e que eram compradas pelo seu peso em ouro e, posteriormente, enviadas para fundição. (11.p.29)
CASCO
Estrutura de madeira que constitui o suporte do revestimento, forro ou protecção de certos móveis, nomeadamente arcas, cofres e baús. Sobre o “casco” se prega o forro de tecido de couro, se colam a tartaruga, madrepérola, etc., e se cravam os revestimentos de folha-de-flandres, barretas de ferro, etc. (40.p.252)
CASPADO
O mesmo que “encapado” ou “revestido de”. (40.p.252)
CASSONE
Designação usada para as arcas executadas em Itália no período renascentista. São geralmente muito decoradas com entalhados, embutidos,
pintadas e douradas ou ainda cobertas com decoração engessada e relevada (pastiglia) com representação de cenas mitológicas, de caçada ou de justas ou com temas amorosos. Sendo uma das principais peças de adorno móvel deste período, a sua decoração chegou a atingir grande requinte. Tal facto, explica o seu posterior desmembramento, e a inclusão em muitos museus, dos seus painéis figurando como pinturas individuais. Estas arcas com decoração específica alusiva ao tema amoroso ou com armas das famílias que se uniam em casamento, eram executadas para conter o enxoval da noiva ou do noivo, recebendo a designação de arca de noiva(o). (3.pp.81-82)
Arca pintada que servia para guardar o enxoval que as mulheres levavam em dote. Típicos do mobiliário italiano, sobretudo toscano, dos séculos XV e XVI, eram decorados com histórias edificantes, da Antiguidade, bíblicas ou literárias e, embora a maioria seja obra de pintores mais ou menos obscuros e anónimos, pintores mais importantes, como Botticelli, Piero de Cosimo ou Andrea del Sarto, também decoraram este tipo de mobiliário. (1.p.77)
CASSOULA
Ver CAÇOULA.
CASTANHO
Madeira da árvore de Castanea sativa, de cor ocre avermelhada. Como suporte da pintura foi utilizado exclusivamente na pintura portuguesa dos séculos XV e XVI, com particular intensidade na Beira Interior. (1.p.77)
CASTIÇAL
Objecto de pequena ou média dimensão, destinado à iluminação, composto geralmente por uma base com um ou mais bocais para suportar as velas, variando a base de acordo com a sua finalidade. (2.p.68)
Mobiliário religioso. Peça composta por uma base, habitualmente circular ou triangular, fuste, bocal e arandela. Surge isolada ou integrada em conjuntos formados por dois, quatro ou seis exemplares (banqueta). No trono eram usados vastos conjuntos de 12 a 30 castiçais. (3.p.107)
De provável origem latina da palavra cannicistal – utensílio com a função de suportar uma vela ou um círio. É constituído por uma haste, mais ou menos alta, assente sobre uma base de forma circular, oval, quadrada, recortada ou poligonal, podendo ou não apresentar pés. Na extremidade superior apresenta o bocal e a arandela, fixa ou móvel. A sua altura pode variar bastante ao ponto de apresentar uma estrutura sem haste, em que o bocal apoia directamente sobre a base ou tendo por vezes, de permeio, apenas um pequeno nó. Aos pequenos castiçais dá-se o nome de bugia. De acordo com a sua tipologia recebe uma designação complementar: de saia – caracteriza-se por apresentar uma base de perfil côncavo contínuo, semelhante a uma saia espraiada, por vezes com ligeira torção espiralada. É também conhecido por castiçal “de trombeta”. Tipologia muito característica da ourivesaria portuguesa setecentista. (5.p.76)
CASTIÇAL DA CONSAGRAÇÃO
Pequeno castiçal de parede, fixo no interior de uma igreja consagrada, geralmente sob cada uma das doze cruzes de consagração. (4.p.121)
CASTIÇAL DE ACÓLITO
Castiçal de um só lume, com base circular e fuste alto, levado para o interior da igreja por acólitos, na procissão e durante a missa. São, geralmente, em número de dois, sete na liturgia papal e na liturgia pontifical de determinadas dioceses. (4.p.141)
CASTIÇAL DE ALTAR
Castiçal de um só lume que se coloca sobre o altar. Utilizados em número variável, geralmente de dois a doze, os castiçais costumam fazer conjunto com a cruz de altar. (4.p.141)
CASTIÇAL DE BRAÇO
Suporte para velas, com dois ou mais braços, fixo à parede da igreja. Quando os braços são espiralados, diz-se serpentina. (4.p.34)
CASTIÇAL DE IGREJA
Castiçal de diversas formas, materiais e estilos, geralmente com decoração de símbolos e motivos religiosos, utilizado na igreja. É composto por base, haste geralmente com nó e arandela; o círio ou a vela inserem-se num bocal ou enfiam-se num espigão. Quando é de grandes dimensões e mais de um lume, diz-se candelabro de igreja. O castiçal de igreja pode ser castiçal de altar, castiçal de acólito, tocheiro de coro, tocheiro pascal, candelabro de trevas, castiçal de parede, etc. (4.p.133)
CASTIÇAL DE PLACA
Suporte para velas, com um ou mais lumes, inseridos num braço único fixo à parede da igreja. (4.p.34)
CASTIÇAL DE VIAGEM
Castiçal de altar, utilizado pelo padre em viagem ou em terra de missão. De pequenas dimensões, pode ser desmontável ou empilhável; o fuste pode ser telescópico e o pé retráctil. Tratando-se de uma série de vários castiçais, pode apresentar dimensões decrescentes, a fim de se encaixarem uns nos outros. (4.p.141)
CASULA
Veste superior usada por todos os clérigos, sobre os restantes paramentos, durante a celebração da missa e na procissão do Santíssimo ou pelos cónegos em missa solene. Geralmente, de seda ou tecido com trama dourada ou prateada é decorada com galões e bandas de tecido diferente também delimitadas por galão (sebasto) e segue as cores do tempo litúrgico. (4.p.172)
Vestidura Sagrada da Igreja, em que o Sacerdote vai revestido celebrar a missa, e he o que leva sobre todos. (9.p.244)
Paramento usado pelo sacerdote para a celebração da missa.
CASULA PLICADA
Casula roxa ou preta usada pelos subdiáconos, em tempo de penitência. É dobrada pela frente e para dentro, de forma a que não passe abaixo da cinta, ou pode tratar-se de uma casula cortada a esta altura. (4.p.172)
CATAFALCO
Objecto que integra o mobiliário funerário. Tem como função servir de apoio à exposição dos féretros nas igrejas ou no exterior durante os serviços fúnebres ou ainda, durante a Semana Santa, para a exposição da “Urna do Senhor”. (8.p.114)
CÁTEDRA
Cadeira de cerimonial, alta e de braços. Nos exemplares mais recuados é por vezes munida de dossel em madeira, apresentando geralmente um cofre sob o assento. Para uso cerimonial, paramentava-se com ricos têxteis. A designação de “cadeira de estado”, pode abranger ainda outros assentos que pela sua forma, decoração e localização numa sala, se adequam ao prestígio de quem neles se senta. (3.p.55)
Assento em pedra, mármore, metal ou madeira maciça, reservado a prelados, monarcas, altas personalidades (…). A cátedra é munida de espaldar, frequentemente muito alto e elaborado, e nos tipos mais solenes era colocada sobre um estrado ou sobre um plano com degraus. Em alguns casos tinha na frente um tamborete que servia para apoiar os pés. (53.pp.20-22)
Ver CADEIRA EPISCOPAL.
CÁTEDRA ABACIAL
Assento de coro reservado ao abade. É montado e utilizado apenas em cerimónias pontificais. Distinguindo-se pela dimensão, é posto sobre um estrado de dois degraus. (4.p.27)
CÁTEDRA EPSICOPAL
Assento de coro reservado ao bispo ou arcebispo da diocese. Elemento fixo nas catedrais, coloca-se, em regra, no lado do Evangelho; noutros
edifícios é montado apenas para a celebração da missa pontifical. Distinguindo-se pela dimensão, é posto sobre um estrado de três degraus. (4.p.27)
CATERE
Ver CATRE.
CATHEDRA
Ver CÁTEDRA.
CATRE
Camilha pequena de viagem, em lona e dobradiça. Leito entalhado e lacado da Índia só com cabeceira e sem anteparo de pés. (3.p.66)
Leito pequeno, com pilares, não totalmente levantados, como os do leito. (18.p.203)
CAUDA DE ANDORINHA
Forma dos malhetes de algumas samblagens (uniões) de duas travessas ou elementos de madeira num encaixe tipo macho/fêmea. (38.p.230)
CAULINO
Argila residual ou primária caracterizada pela sua grande pureza, brancura e dureza. Constituída por hidrossilicato de alumínio em estado muito puro, é a matéria-prima da porcelana. (2.p.100)
Argila branca, de silicato hidratado de alumínio, utilizada para as artes cerâmicas (porcelana) e como bolo para camada prévia na prateagem de superfícies. Ver BOLO. (1.p.78)
Argila à base de feldspato alterado, que se torna branco durante a cozedura. É o ingrediente essencial para a produção de porcelana. (14.p.274)
CAVALETE
Móvel com um ou dois planos de apoio geralmente inclinados, ou, em alguns casos, na vertical. É preferencialmente destinado a actividades pictóricas. (3.p.95)]
Suportes independentes, formados por estrutura triangular, unida no topo e geralmente articulada. O número de cavaletes varia de acordo com as dimensões e o peso do tampo. (3.p.78)
CAVALO
É um emblema de velocidade e perseverança. Os cavalos estão relacionados com os corcéis de Um Wang, o quinto soberano da dinastia Zhou, que terá sido recebido pela dinastia Xiwangmu, a rainha-mãe do Ocidente, junto do Lago das Pedras Preciosas no Ocidente. (14.p.274)
CAVALO DE PAU
Suporte de madeira próprio para guardar selins, selas e “cadeirinhas” constituído por duas tábuas pregadas em “V” invertido, prolongadas por 4 pernas. (40.p.253)
CAVILHA
Elemento ligeiramente tronco-cónico de madeira dura (ou por vezes de marfim), usado com as mesmas funções do prego. Para reforçar a sua fixação, a cavilha é geralmente embebida em cola. (3.p.38)
O mesmo que “pino” ou “tarugo”: peça ligeiramente tronco-cónica de madeira dura, usada na marcenaria para substituir o prego, nomeadamente no reforço de samblagens, fixação de molduras, fundos de gavetas, etc. É introduzida a martelo em orifício previamente aberto, depois de molhada em cola. (40.p.253)
CEGA-REGA
Ver RELA.
CÉLADON
Designação de peças de porcelana chinesa com cores lisas e superfícies quase mates que variam entre o verde oliva e o verde-claro e que, são designadas com o mesmo nome. São obtidas pela redução de certos óxidos, tais como os de ferro, bário, cálcio e titânio. Se a redução não for completa a cor resulta castanha amarelada. A tonalidade e brilho macio estão relacionados com a moagem fina da sílica. (2.p.100)
Vidrado contendo óxido de ferro que, cozido em redução, adquire vários tons de verde claro, que variam entre o azulado, o acinzentado e o verde azeitona. O termo aplica-se aos grés e às porcelanas revestidas com este vidrado. Este nome provém de uma analogia de cor com as fitas verdes do fato usado em cena pelo pastor Céladon, herói do romance Astrée da autoria de Hononé d’Urfé, publicado em 1610. (14.p.274)
CENDAL
Veste usada por Jesus Cristo na Crucifixão e que se resume a uma faixa estreita de pano que envolve o corpo abaixo da cintura. Sinónimo de perisonio, do latim perisonium. (8.p.114)
Pequeno pano que cobre parte do corpo de Cristo Crucificado, ao nível da cintura. (5.p.118)
CENOTÁFIO
Construção funerária ou monumento cuja função é honrar alguém que está sepultado noutro lugar. Inclui normalmente um epitáfio. (8.p.114)
CENTAURO
Animal mitológico constituído pela cabeça e tronco de um homem e as patas de um cavalo. (8.p.114)
Ser fabuloso, metade cavalo (corpo e patas) metade homem (tronco, braços e cabeça).
CENTRO DE FABRICO
Campo geográfico caracterizado por determinado tipo de execução. (3.p.34)
CENTRO DE MESA
Elemento para decoração do centro de uma mesa disposta para refeições. Pode ser composto por um único objecto isolado ou por um conjunto de vários recipientes ou acessório decorativos como jarras, candelabros, castiçais ou estatuetas. (2.p.68)
Peça ornamental e utilitária para o meio da mesa. Pode ser constituída por um único objecto ou por um conjunto de vários objectos colocados, ou não, sobre um tabuleiro de mesa. Este tipo de ornamento teve a sua origem nos primeiros surtouts dos banquetes de grande aparato da corte francesa, em finais do século XVII. Estes, eram constituídos por um tabuleiro de mesa (plateau), ligeiramente sobrelevado, contendo um conjunto variado de objectos tais como saleiros, mostardeiras, polvilhadores, galheteiros ou caixas de especiarias e, ocasionalmente, braços de luminária. O centro era dominado por um recipiente coberto ou um cesto de frutas sobre o qual se elevava uma construção ornamental (Gruber, 1982). Para além dos objectos indispensáveis ao serviço da mesa, o surtout podia também ser constituído por uma combinação de elementos decorativos e fantasistas, tais como figurinhas de porcelana, recriações de jardins com vedações gradeadas e composições arquitectónicas. Com o decorrer dos séculos, o seu carácter utilitário foi progressivamente suplantando pela componente decorativa. (5.pp.76-77)
CEPILLADO
Tratamento da superfície de recipientes, resultando da raspagem da pasta, quando esta está ainda fresca, através do uso de uma escova de pêlos mais ou menos flexíveis, originando um aspecto relativamente rugoso com traços superficiais que se entrecruzam de forma desorganizada. O cepillado tem sido considerado por alguns autores como técnica decorativa (técnica de decoração à escova). Outra designação para este tipo de tratamento de superfícies é o termo cerâmica “escobillada”. (12.p.135)
CERA
Matéria mole, sensível à pressão, de tonalidade amarelada que pode ser de origem animal (secreção das abelhas), vegetal (cera de palmeira, etc), mineral (parafina, cera microcristalina, subproduto da indústria petrolífera) ou sintética (cera de polietileno) utilizada nos processos de modelagem, moldagem e fundição. À cera para modelar podem ser adicionados pigmentos para alterar a sua cor, ou substâncias que modificam as suas propriedades, como giz/cré seco, que torna a cera mais dura, ou a resina que a torna menos quebradiça. (8.p.115)
CERA PERDIDA
Processo para execução de esculturas em bronze que consiste em cobrir com cera a alma de argila da obra em protótipo ou modelo, para posteriormente voltar a cobri-la com argila; o metal fundido introduz-se depois entre as duas camadas de argila, saindo a cera derretida pela parte inferior da escultura; por último, o metal esfria ficando solidificado. (8.p.115)
Chama-se assim um sistema de fundição de estátuas, objectos metálicos, etc. o armário modela em cera o objecto e o envolve numa massa de terra refractária ou areia, praticando no invólucro um furo para a saída da cera, que o metal fundido liquefaz quando é derramado na forma. (53.p.22)
CERÂMICA
Material não metálico e não orgânico que se obtém pela mistura de matérias-primas minerais, rochas silicatadas designadas argilas. Misturadas entre si e com água, produzem as pastas cerâmicas que tem qualidades de plasticidade e ganham dureza quando secas e cozidas a temperaturas superiores a 600 graus centígrados, procedimento essencial para a sua transformação física e química do produto final que pode ser classificado, consoante a sua estrutura e acabamento, em terracota, grés, faiança e porcelana. (2.p.101)
Materiais manufacturados a partir de argilas e aquecidos a altas temperaturas para endurecerem. Em arqueologia, o termo refere-se a objectos ou fragmentos de objectos de argila (por exemplo, recipientes utilizados para cozinhar ou servir refeições); podem ser classificadas como cerâmicas comuns ou cerâmicas de excepção/prestígio. (12.p.135)
CERCADURA
Tipo de guarnição simples, com um azulejo de largura e cuja decoração é limitada por filetes ou faixas. (2.p.68)
CERCAMENTOS DE PAREDES
Panos de armar para revestir e decorar as paredes (não necessariamente de rás ou de guadamecim), que se usavam mais ou menos encorpados consoante a estação do ano. (40.p.253)
CEROPLÁSTICA
Arte de modelar em cera. Tipo de escultura executada em cera, não como esboço, estudo preparatório ou molde, mas com finalidade em si mesma. (8.p.115)
CERTOSIMA
Decoração europeia criada na Cartuxa de Parma, constituída por embutidos de figuras geométricas polícromas – afectando a forma de xadrez, estrela, rosácea, etc. – constituídos por lamelas resultantes de cortes transversais de feixes de varetas de cores e secções diferentes, adequadamente dispostas e coladas entre si. Esta técnica já existia na Índia na arte mogol e aparece em certos móveis indo-portugueses seiscentistas. (40.p.253)
CESTÃO
Cesto grande que se revestia a couro, lona, ou tecido rico, e se usava para arrecadar e transportar alfaias domésticas. Por vezes era munido de fechadura. (40.p.253)
CESTO
Recipiente para transporte e apresentação à mesa de alimentos podendo ter somente função decorativa. Em geral tem proporção baixa, com ou sem asas e a decoração pode imitar o encanastrado do vime. (2.p.68)
Do latim cista (‘cesta’). Recipiente de forma circular, oval,rectangular ou poligonal, habitualmente executado em prata vazada ou em fio de prata modelado. É provido de uma asa em forma de arco ou angular, articulada, e repousa sobre uma base ou pequenos pés. Dada a existência de uma grande variedade de modelos, muito semelhantes entre si, mas nem sempre vinculados a uma função específica, não foi ainda possível chegar a conclusões seguras sobre o seu uso. Destinar-se-iam a pão, fruta ou doçarias. (5.p.77)
CESTO DE FLORES
Atributo de Lan Caihe, um dos “Oito Imortais”, patrono dos jardineiros. (14.p.274)
CETIM
Panno de seda. (18.p.261)
CÉU DE EMPARAMENTOS
Conjunto de dossel, costaneiras e cortinas de um leito. (40.p.253)
CEVADEIRA
Alforge ou farnel em que se levam provisões de boca em uma jornada. É do século XV. (45.p.93)
CHACOTA
Designa o corpo cerâmico em pasta sujeita apenas a uma cozedura, sem revestimento vítreo. Aplica-se este termo para todos os corpos cerâmicos com excepção da porcelana. (2.p.101)
CHAGRIN
(Palavra francesa derivada do turco sagri) Pele, geralmente de cabra, de grão em pequeno relevo. Alguns dicionários apresentam, a tradução portuguesa, chagrém. (10)
CHAISE À LA REINE
Cadeira surgida em França no período de Luís XV (c. de 1730), cuja invenção é atribuída a Jean Baptiste Tilliard (1683-1766). Apresenta pernas curvas, com assento de forma trapezoidal, espaldar de forma violoné e ligeiramente inclinado, mas plano. Este último aspecto revela-se como a característica que mais a individualizou relativamente às outras tipologias de móveis de assento. No fauteil à la reine os braços são ondulados e os apoios em “consola invertida” e recuados. (38.p.230)
CHAISE LONGUE
Designação francesa para um móvel de assento alongado só com costas numa das extremidades, podendo ter apoio de braços. (3.p.59)
CHALE
Lenço pintado de marca maior, que as mulheres trazem pelos hombros , dobrado de sorte que fica em três pontas, sendo o lenço quadrado. (9.p.260)
CHALEIRA
Do dialecto mandarim do chinês chá (associada à letra t com o sufixo eira). Recipiente com tampa, habitualmente de secção circular e que pode apresentar várias formas, destinado a aquecer a água para o serviço do chá, café ou chocolate. É provido de um bico ou, por vezes dois, colocados em posição simétrica, e de uma asa fixa ou articulada, na parte superior. Está habitualmente associada a um escalfador cuja trempe apresenta por vezes duas cavilhas suspensas por correntes, destinadas a serem introduzidas em pequenos orifícios no aro da trempe e na base da chaleira. Desta forma os vários componentes podem ser transportados de uma vez só pela asa da própria chaleira. Alguns exemplares apresentam uma dobradiça na parte frontal de forma a suportar o peso da chaleira quando esta é inclinada para verter a água. (5.p.77)
CHAMALOTE
Entenderão alguns que chamalote he um tecido de pellos de camelo (…). Querem outros que este tecido se faça do pello de certa casta de bodes. (18.p.268)
Seda, com águas. Tecido de lã de camelo. (9.p.260)
CHAMOTA
Argila que depois da calcinação a alta temperatura é moída com diferentes granulometrias. Normalmente é utilizada na composição de pastas refractárias e também como matéria desengordurante. Na conformação de peças de grande dimensão a adição de chamota à pasta facilita a secagem e dá-lhes maior robustez. As superfícies das pastas chamotadas são rugosas. (2.p.101)
CHAMPLEVE
Ver ESMALTE.
CHANFRADO
Diz-se dos ângulos ou quinas cortados. O mesmo que cortado. (38.p.230)
CHANFRO
Uma superfície oblíqua que se alcança biselando uma aresta, normalmente efectuado a um ângulo de 45º. (5.p.131)
CHÃO
Liso; diz-se do tecido ou da superfície aparente de qualquer peça que não tenha decoração. (40.p.253)
CHAPA
Lâmina ou placa de metal que serve para cobrir superfícies de diferentes objectos. (8.p.115)
CHAPRÃO
Tabuão ou pranchão de madeira. (40.p.253)
CHARÃO
Verniz da China feito de laca, espirito de vinho, etc. que se dá em obras de papelão, madeira. (9.p.264)
Laca oriental (as mais afamadas eram produzidas na China e sobretudo no Japão) produzida com a secreção de várias árvores, entre elas a Rhus vernicífera, aplicada naturalmente ou colorida com diferentes óxidos metálicos sobre peças de mobiliário – tendo previamente recebido um preparo – em inúmeras camadas, cada uma delas polida antes da aplicação da seguinte, formando uma superfície muito brilhante. A laca é posteriormente decorada a pincel ou com decoração relevada. Os motivos são pintados a ouro ou com cores diversas sobre um fundo negro ou mais raramente vermelho. (38.p.230)
CHARNEIRA
Tira que cobre o encaixe entre a guarda e a contra–guarda. (10)
CHÂTELAINE
Jóia destinada a servir de suporte para pendurar vários acessórios, podendo estar presentes um relógio e a respectiva chave. (39.p.224)
CHAVE
Elemento de arquitectura. Peça que ocupa o centro de um arco ou de uma abóbada, é colocada no fim, para os fechar; pode apresentar várias formas. Surge muitas vezes decorada. (8.p.115)
CHÁVENA
Recipiente usado para ingerir café, chá, leite ou qualquer outra bebida quente. Geralmente, de forma semiesférica, com base plana ou com pé baixo, e asa lateral em posição vertical. Faz conjunto com um pires. (2.p.69)
CHIAROSCURO
Ver CLARO-ESCURO.
CHIFRAR
Adelgaçar as peles, especialmente nas extremidades. (10)
CHIFRAS
Espécie de formão muito largo para desbastar o couro. (10)
CHINOISERIE
Pinturas decorativas de paisagens e personagens chinesas. (2.p.89)
Termo francês inicialmente para designar os objectos importados da China, contando-se as peças em laca entre as mais apreciadas. Estas, a partir do século XVII, tornaram-se uma verdadeira moda em toda a Europa, que se estendeu pelo século XVIII. O termo passa a designar igualmente as decorações que ornamentavam esses objectos e painéis lacados, esse gosto conduziu, em muitos países, a inúmeras imitações com decorações inspiradas na gramática decorativa oriental, nomeadamente no repertório chinês ou com motivos ocidentais, desenhados “à maneira oriental”. Esta designação passou a designar também estas decorações híbridas. (38.p.230)
Decoração que consiste na adaptação à arte europeia de motivos orientais, tais como pagodes, pássaros ou mandarins. No caso da ourivesaria, aqueles motivos foram transpostos para peças de formas tradicionalmente ocidentais, a partir de finais do século XVII até sensivelmente meados do século XVIII. (5.p.119)
Ornamentação aplicada à arquitectura e às artes decorativas, baseada em motivos orientais, principalmente chineses.
CHIPOLIM
Pintura a cola e a verniz, com sobreposição de muitas camadas, polida com pedra-pomes. (1.p.78)
CHOCOLATEIRA
Recipiente em que se prepara e serve o chocolate líquido e quente. Com proporção vertical tem bico curto e asa ou cabo laterais. A tampa tem um orifício para introdução de uma peça de madeira, destinada a mexer a bebida de modo a manter constante a sua homogeneidade. (2.p.69)
Do castelhano chocolate (associado ao sufixo eira). Recipiente com tampa, de várias formas e tamanhos, em que se prepara e serve o chocolate quente. Apresenta geralmente secção circular (ou facetada), fundo plano, elevado em base moldurada ou apoiado em três pés. A tampa é provida de pequena abertura circular coberta, para colocação de um pau de madeira com que se bate o chocolate, sem que o conteúdo arrefeça. Esta abertura pode ser dissimulada sob a própria pega da tampa ou assumir uma posição lateral em relação à mesma. Compreende um pequeno bico adossado à secção superior do bojo ou um bico curvo partindo da secção mediana ou inferior do mesmo. O elemento de preensão, habitualmente em madeira, poderá ser uma asa vertical ou um cabo. No caso da asa, esta é oposta ao bico ou forma ângulo recto com ele. O cabo forma invariavelmente ângulo recto com o bico. Não são conhecidos exemplares deste tipo na ourivesaria portuguesa. (5.p.78)
CHUMBO
Metal cinzento prateado, de aparência doce, pesado e dúctil, com fusão aos 327ºC. A superfície do metal, brilhante quando fundida, escurece rapidamente quando entra em contacto com o ar. A camada externa de óxidos e de carbonatos protege as camadas subjacentes do metal contra a corrosão atmosférica. A sua grande maleabilidade possibilita a repuxagem, mas a sua fraca resistência à ruptura e o seu peso não permitem adelgaçá-lo muito. (8.p.115)
CIBÓRIO
Estrutura arquitectónica em forma de dossel apoiada sobre quatro ou mais suportes verticais e que cobre o altar para sua protecção e, em simultâneo, como sinal honorífico. Um cibório posterior à época medieval diz-se, geralmente, baldaquino de altar. (4.p.21)
De origem grega, esta palavra significa recipiente sagrado destinado a guardar as hóstias consagradas – o corpo de Jesus Cristo consagrado – ou a conservar as partículas sagradas depois da missa. (5.pp.78-79)
CIFRA
Nome porque são conhecidas as iniciais dos nomes dos artistas, que entrelaçadas dão a forma de monograma e são usadas na assinatura.
(7.p.49)
CILHAS DE MÓVEIS
O mesmo que “cintas”, “ligas” ou “precintas”: tiras de lona destinadas a formar o fundo do estofado dum assento, ou o estrado de um leito, pregadas nas madeiras em duas direcções ortogonais e entrelaçando-se. (40.p.254)
CIMALHA
Moldura decorativa saliente, que pode ser colocada verticalmente para rematar a zona superior do móvel. (3.p.93)
Moldura em ressalto que remata a cornija da frontaria de uma construção. (5.p.119)
CIMENTO
Substância em pó composta por silicato de alumínio e cálcio que, quando misturada com água, forma uma argamassa que seca com rapidez. (8.p.116)
CINÁBRIO
É a forma mineral do pigmento vermelhão. Obtido por moagem do mineral (cinábrio) ou, por síntese através da mistura de enxofre com azougue (vermelhão). (1.p.78)
CINERÁRIO
Vaso ou urna onde se colocavam as cinzas do morto. Foi muito utilizado pelos Etruscos. (7.p.50)
CINQUECENTO
Pretende designar o que está relacionado com o século XVI. Em relação à arte refere-se normalmente ao Renascimento na Itália, sendo o período compreendido entre 1500 e 1600. (7.p.50)
CINTURA
Moldura formada por elementos que unem, na altura do assento, as prumadas. Serve ainda para nela se fixar uma guarnição, uma armação, grade, ou uma placa. Ao elemento anterior é chamado frente ou aba da frente (quando prolongada para baixo). (3.p.60)
Parte da mesa ou das cadeiras na qual se fixam as pernas. Nas mesas a cintura suporta o tampo e pode possuir ou não gavetas. Nas cadeiras suporta o coxim. (38.p.230)
Charneira que separa a coroa do pavilhão numa pedra facetada. (5.p.131)
Ver Aro.
CINZEIRO
Recipiente para colocar as cinzas do tabaco, com o bordo com reentrâncias para apoio dos produtos do tabaco. (2.p.69)
CINZEL
Ferramenta com lâmina de ferro ou de aço, cuja secção (a prancha) é geralmente rectangular (punho), tendo na ponta um trinchante que pode ser plano, curvado, em ângulo (V), ser constituído por dentes múltiplos, etc. Alguns cinzéis são usados no talhe da pedra, outros no talhe da madeira. O escultor bate normalmente sobre este objecto com um martelo, um maço ou um macete, mas também pode servir-se de um cinzel pneumático cujo movimento é assegurado por ar comprimido. (8.p.116)O cinzel poderá definir-se como um dos numerosos utensílios não cortantes, aptos para criar, a golpes de martelo, um desenho com fins decorativos sobre chapas e peças de metal. A sua variedade formal permite ao cinzelador a obtenção de efeitos distintos sobre a superfície metálica. Este mesmo nome serve para caracterizar o trabalho efectuado pelo cinzelador, isto é, a deformação plástica obtida por intermédio do cinzel. Sob os golpes do martelo, produz-se um deslocamento plástico do metal, com uma série de relevos e reentrâncias sobre planos diferentes. (5.p.132)
CINZELADO
O cinzelado é uma forma de decoração em ourivesaria, sendo das únicas em que o toque pessoal permanece até ao fim da peça: enquanto a operação de lixar, elimina o trabalho da lima e o polimento os efeitos da lixa, ficando a soldadura disfarçada pelas referidas operações, no trabalho de cinzel, é precisamente o efeito obtido pela conjugação entre o gesto e a utilização intencional dos cinzéis, que possibilita uma expressão plástica individual, havendo a preocupação da sua preservação no objecto final, sendo, por este motivo, uma mais-valia na elaboração e concretização de peças de ourivesaria. Esta técnica ultrapassa a sua utilização decorativa, pelas suas ligações à escultura e à modelação de superfícies, tendo o seu ponto forte na tridimensionalidade. (5.p.133)
CINZELADOR
Designação do artífice que maneja o trabalho de cinzel. O cinzelador bate com um martelo sobre o cinzel, de forma a lavrar ou esculpir o metal. (5.p.132)
CINZELAGEM
Acção de conferir, com um cinzel, forma a um bloco ou superfície de metal, esculpindo-o ou moldando-o, respectivamente. Enquanto no primeiro caso, existe extracção de porções de metal, no segundo, usufruindo das propriedades plásticas do metal, permite desenvolver gradualmente uma forma a partir de uma superfície contínua, com uma espessura relativamente regular e sem desperdício, facultando também ao artífice a obtenção de produtos de características escultóricas. O procedimento técnico inerente ao cinzelado pode-se dividir, de uma forma generalista, em três operações base: Contorna-se o desenho com cinzéis, que também deixam a sua impressão no reverso; Depois de contornado, trabalha-se na face posterior da chapa, relevando os motivos previamente delimitados; De seguida, trabalha-se novamente na face anterior, modelando e apurando o relevo conseguido, podendo esta alternância suceder--se várias vezes numa mesma peça e, por vezes, utilizando os mesmos ferros ou cinzéis. A chapa fixa-se sobre um plano de trabalho contendo breu, que poderá ser um cepo de madeira, uma meia esfera de granito, cimento ou ferro. (5.p.132)
CINZEL BAIXO
Expressão que define um tipo de lavrado, em relevo pouco pronunciado. (40.p.254)
CIRIAL
Castiçal de grandes dimensões para ser transportado, possuindo uma haste comprida, sendo levado pelos acólitos, um de cada lado na cruz,
durante as procissões. (29.p.510)
CISALHA
Tesoura mecânica de grandes dimensões, própria para cortar papel ou cartão. (10)
CISTA
Nome dado entre os etruscos a pequenos cofres de bronze. Eram usados nas necrópoles. Sepultura individual utilizada desde a pré-história. (7.p.50)
CITRINO
Variedade macrocristalina amarela de quartzo. Até a meados do século XIX a sua presença na ourivesaria foi escassa, tornando-se muito comum depois, no século XX, em virtude da sua obtenção massiva por tratamento térmico de ametista. (5.p.133)
CLARO-ESCURO
Dá-se esta designação ao contraste dos tons claros com os tons escuros na pintura. (7.p.51)
CLOISONNÉ
Ver ESMALTE.
COADOR
Recipiente perfurado, destinado à separação de elementos suspensos num líquido. (12.p.70)
COADOR PARA CHÁ
Receptáculo para retenção das folhas de chá. É constituído por uma cavidade circular transfurada, munida de um pequeno cabo lateral para preensão, de duas plataformas horizontais para apoio ou de uma asa articulada com duas hastes levemente curvadas. Estas destinam-se a ser inseridas no bico do bule, particularmente nos de formato curvo ou rectilíneo. (5.p.78)
COBERTAL
O mesmo que cobertor. (40.p.254)
COBERTOR
Peça encorpada de algodão ou lã que se estende sobre os lençóis da cama. (40.p.254)
COBERTOR DE COELHO
Eram frequentes cobertores de pele de coelho, forrados de pano. (40.p.254)
COBERTURA
O invólucro exterior do livro. (10)
COBERTURA DE CUSTÓDIA / VÉU
Formada por duas peças de tecido, unidas pelos lados superiores, ou apresentando-se com outras variações formais. Normalmente em seda branca, pode apresentar monograma cristológico bordado. (8)
COBRE
É um dos primeiros metais trabalhados pelo homem. Em liga com o estanho dá o bronze; em liga com o zinco forma o latão. (53.p.22)
Metal. Material amarelado ou avermelhado que habitualmente se usa para executar obras de pequenas dimensões. Em escultura, é trabalhado com a técnica de martelagem e de repuxagem. No seu estado puro, é muito maleável e apresenta boas qualidades de resistência mecânica. Quando exposto à humidade forma-se na sua superfície uma camada de carbonato hidratado, de cor verde, denominado verdete. É um importante componente de várias ligas metálicas. (8.p.116)
A pintura sobre suportes de cobre desenvolveu-se sobretudo depois de meados do século XVI, altura em que foi possível obter pranchas finas e homogéneas de alguma dimensão, embora antes fosse já utilizado em pequenos retratos, miniaturas e como base de esmaltes. Apesar de poder oxidar, o cobre é um suporte com alguma resistência a variações de temperatura e humidade e fácil de transportar, mas a dimensão possível de obter e trabalhar foi sempre uma limitação que afastou os maiores mestres deste material e, pelo contrário, fez a preferência de um mercado de cópias, réplicas e imagens devocionais de pequenas dimensões. O seu uso no paisagismo nórdico merece no entanto ser realçado. Caiu francamente em desuso ao longo do século XVIII. (1.p.78)
COBRICAMA
O mesmo que “colcha” ou “sobrecama”. (40.p.254)
COCEDRA
Colchão. Vem do latino culcitra, que não significa colcha, mas tão-somente colchão. (45.p.111)
COCHONILHA
Corante natural, de cor carmim, extraído dos ovos do insecto Coccus Lacca da figueira da terra que se desenvolve na América central e do Sul.
Ver CORANTE, LACA.
CÓDICE
Livro manuscrito, constituído por conjuntos de folhas dobradas em cadernos unidos entre si, por argolas ou tiras de couro, e protegido por uma capa. Sucedeu ao livro em forma de rolo (volumen), c. Século IV d. C. (10)
Manuscrito antigo constituído por folhas separadas. Nele domina muito a pintura desse o século V ao VII. Foi um processo usado desde o século I. (7.p.53)
Manuscrito em forma de livro (o que foi possível desde que se usou o pergaminho em vez do papiro). Durante os séculos I a IV substituiu gradualmente o rolo, usado anteriormente para documentos escritos.
COFRE
Móvel utilizado para guardar objectos de valor afectivo, simbólico ou material. Possui, em regra, fechadura. Tanto pode designar um móvel de grandes dimensões com a tampa acuminada, como um móvel de pequenas dimensões portátil, executado geralmente em materiais ricos. Designa-se por cofre-forte ou burra quando se destina a guardar ouro, prata ou objectos de grande valor, sendo executado muitas vezes em madeira coberta de placas de metal no interior e no exterior ou só em ferro. Comporta geralmente uma ou mais fechaduras ligadas a um mecanismo complexo incorporado no reverso da tampa. (3.p.82)
Designação atribuída ente nós, indiferentemente, a dois tipos de móvel completamente diferentes e que por isso os franceses distinguem com os nomes de cofre e cofret: o 1º assemelhava-se à arca, não possuindo, como ela, a tampa plana nem abaulada (“baú”, então), mas sim acuminada. Pelas grandes dimensões destinava-se a guardar e transportar objectos domésticos dos mais variados; o 2º, de pequeno tamanho, tendo materiais e decoração geralmente ricos, era portátil e usado para guardar e transportar jóias, dinheiro e outros valorespessoais, podendo ter a tampa plana, abaulada, acuminada, canelada, etc. (40.p.254)
Do francês coffre. Designação genérica para um objecto de conter, habitualmente de forma rectangular ou oval e provido de tampa articulada. O seu tamanho é variável, assentando geralmente sobre pés. (5.p.79)
COFRE DAS RESERVAS DOS SANTOS ÓLEOS
Cofre ou caixa para guardar as reservas dos Santos Óleos. (4.p.88)
COFRE DE CIDADANIA
Cofre de forma habitualmente rectangular, executado em prata ou, ocasionalmente, em ouro, ofertado pela corporação de uma cidade, ou outro tipo de instituição a eminentes concidadãos ou ilustres visitantes. No seu interior guarda um pergaminho com um texto alusivo à ocasião. O receptor de uma taloferta era aceite como membro integrante da instituição ofertante, passando a usufruir de todos os direitos e deveres dos seus pares. Foi uma tipologia de muito em voga na segunda metade do século XIX e inícios do século XX (Newman, 1987). (5.p.79)
COFRE DE GAVETAS
Designações que aparecem indiscriminadamente na documentação antiga e que se referem certamente ao mesmo tipo de móvel portátil. É formado por gavetinhas à vista e de frentes iguais. Pode apresentar no topo uma argola para facilidade de transporte. (3.p.85)
COFRE EUCARÍSTICO
Mobiliário religioso. Móvel para reserva das hóstias consagradas (também ditas partículas, espécies consagradas ou simplesmente Santíssimo Sacramento), sempre com fechadura e chave. Alguns exemplares são forrados de couro ou de tecido; no interior, forrado de seda, habitualmente carmesim, poderá ter um pequeno coxim. (3.p.108)
Alfaia do culto denominada de urna da quinta-feira santa, já que se destinava a conter a hóstia consagrada na missa de quinta-feira santa. Simbolicamente, este tipo de caixa aludia à desaparecida Arca da Aliança, que se encontrava exposta no Templo de Jerusalém e na qual se guardava, numa urna de ouro, o Maná divino. (5.p.79)
COFRE GUARDA-JÓIAS
Cofre destinado a guardar jóias. (5.p.79)
COFRE RELICÁRIO
Mobiliário religioso. Receptáculo que pode assumir diversas formas e ser executado em variados materiais para guarda de relíquias, podendo comportar uma inscrição ou representação iconográfica que identifica as relíquias depositadas no interior. (3.p.113)
Receptáculo para relíquias, de dimensões variadas, em forma de caixa de secção, em geral, rectangular e com tampo chanfrado ou semicilíndrico. (4.p.96)
COFRE-FORTE
Ver COFRE.
COGULHO
Elemento decorativo composto por folhagem em forma de repolho, usado na decoração de cornijas, arcos, coruchéus, pináculos, etc. Pode ser, igualmente, designado por cogoilo. (5.p.119)
COIFA
O espaço da cobertura nas extremidades do lombo. Encadernação. (10)
COLA
Refere-se geralmente ao adesivo de origem animal, constituída por colagénio, obtido por cocção de pele de animais, tendo sido utilizada desde a pré-história como aglutinante. Filipe Nunes refere-se a esta cola como de Baldreu. (1.p.78)
COLA DE FARINHA
Goma mais vulgar feita de farinha, água e o respectivo antiséptico. Encadernação. (10)
COLAGEM
União dos fragmentos com uma substância com propriedades adesivas, para a reconstituição da forma do objecto. Quando inadequadamente realizada poderá conduzir à deterioração parcial ou total da peça. Pode ser caracterizada por: antiga ou recente; com ou sem qualidade; tipo de adesivo. (2.p.121)
Técnica de conformação que consiste na união com lambugem dos componentes de uma peça, por exemplo, um pé, um bico ou uma asas, quando o barro já apresenta alguma dureza. Usado também para a conformação de um objecto por rolos de argila. (2.pp.101-102)
COLAR DE LANTEJOULAS
Tipo de fio comprido composto por pequenas argolas de ouro semelhantes a lantejoulas engatadas umas nas outras de forma algo irregular, o que lhe dá uma textura interessante e única. (11.p.61)
COLAR DE MOEDAS
Aparatoso e raro colar constituído pela união de moedas de ouro. (11.p.61)
COLATORIO
Certo vaso furado no fundo, pelo qual antigamente se coava o vinho, que havia de servir na Missa. (20.p.246)
COLCHA
He cobertor da cama, sem lã lavrado, e pespontado, com embutidos de algodão; também há colchas de Olanda fina, de tafetá, e outras sedas. (18.p.367)
Peça de remate do arranjo das roupas da cama, geralmente decorativa. O mesmo que “cobricama” ou “sobrecama”. (40.p.254)
Superfície têxtil tecida ou obtida por outro tipo de entrelaçamento (rede, renda). A superfície tecida pode ser posteriormente bordada ou estampada e pintada. Normalmente de forma rectangular servia para cobrir camas. (44.p.63)
COLCHA DE MONTARIA
Colcha cuja decoração se baseia na representação de cenas venatórias ou figuração de caçadores a pé ou a cavalo, animais selvagens e, por vezes, domésticos. (40.p.267)
COLCHÃO DE PLUMA
Colchão cheio de plumas que, nas casas abastadas da Idade Média, se colocava sobre a cocedra (colchão de lã ou algodão) e o almadraque (enxergão de palha, ou feno). Nas casas mais pobres usar-se-iam só a cocedra e o almadraque, ou mesmo este exclusivamente. (40.p.254)
COLCHEIRO
Oficial que tecia colchas. (45.p.113)
COLHELHA
Colcha. (40.p.254)
COLHER
Do francês cuillere. Utensílio destinado a servir, mexer e levar os alimentos à boca. É constituída por um receptáculo côncavo, a concha, habitualmente de forma circular ou oval e um cabo. A forma e dimensões variam consoante a função, individual ou de serviço. Pode integrar um talher de uso individual, quando associada a um garfo e a uma faca, ou fazer parte de um faqueiro no qual pode ocorrer em inúmeras tipologias. Com fim litúrgico
surge uma pequena colher ou concha, associada ao cálice e à patena. Na cerimónia da missa, a colher serve para dosear a quantidade de água que é misturada com o vinho consagrado. Uma pequena colher também é usada associada com a naveta. Esta serve para colocar incenso no turíbulo. (5.pp.79-80)
Utensílio que se destina a mexer, servir e comer os alimentos. Tem uma parte côncava e um cabo e, geralmente, faz conjunto com um garfo e uma faca. A forma e dimensões variam consoante a função.
Em cerâmica têm funções complementares de serviço não individual. (2.p.69)
COLHER DE INCENSO
Colher metálica utilizada para levar o incenso da naveta para o turíbulo. A colher de incenso pode apresentar a forma de pá ou de concha de pequena dimensão. Está, geralmente, ligada à naveta por uma cadeia. (4.p.145)
COLHER POLVILHADORA
Utensílio em prata ou prata dourada, destinado a polvilhar o açúcar. A concha, de forma habitualmente circular, apresenta-se inteiramente transfurada de forma a deixar passar o pó do açúcar que se esboroa dos torrões. (5.p.80)
COLHERIM
O mesmo que espátula. Para além do seu uso na pintura usava-se na aplicação da camada de preparação sobre a tela. (1.p.78)
COLO (RECIPIENTE)
Parte do recipiente entre o ombro e o bordo. Caracteriza-se por ser a zona de grande constricção em relação ao diâmetro máximo do corpo. (12.p.136)
A secção mais estreita de um recipiente, situada entre o bojo e o bocal. (5.p.119)
Secção do recipiente que articula o bojo com o bocal. (2.p.69)
COLOFÃO
Dístico final, em manuscritos medievais, relativo ao autor ou escriba, ao lugar onde se escreveu a obra e à data dela. (10)
COLPORTAGE
Venda ambulante de impressos “em papel”, não encadernados, que continham normalmente textos de literatura popular ou de circulação clandestina. (10)
COLUNA
Superfície de apoio geralmente elevada e de secção circular. Serve para expor um número restrito de objectos, tais como uma escultura, um jarrão, etc. (3.p.74)
Elemento de arquitectura. Suporte de secção geralmente circular, formado por um embasamento, uma base, um fuste e um capitel. Quando apresenta um diâmetro mais estreito e menor altura, pode denominar-se colunelo. Encontra-se adossada a uma parede ou muro, exenta, isolada, ou parcialmente embebida na parede ou num pilar. (8.p.116)
COLUNELO
Do latim columnella. Coluna de fuste alargado, normalmente de pequena escala, frequentemente com uma função puramente ornamental. Também pode ser designado por coluneta. (5.p.119)
CÓMODA
Artigo de mobiliário cujo antepassado remoto é a arca, que no século XVIII deixou de ter tampa e passou a incluir gavetas. (25.p.349)
CÓMODA DE CANTO
Cómoda executada propositadamente para preencher o canto de uma divisão. São frequentemente executadas aos pares para a sala de jantar. (3.p.88)
CÓMODA DUPLA
Cómoda comprida com gavetas separadas por montante intermédio (modelo muito usado nas cómodas de sacristia ou arcazes). (3.p.88)
CÓMODA EM MEIA-LUA
Com a frente e ilhargas desenhando um semicírculo. (3.p.88)
CÓMODA OVAL
Com a frente plana e lados arredondados. (3.p.88)
CÓMODA TRÊS QUARTOS
Cómoda que varia entre 0,95 e 1,20 m de altura (Reyniés, 1987) (3.p.88)
CÓMODA-TOMBEAU
Designação que deriva do termo francês, usado para denominar a forma inspirada nos sarcófagos clássicos. (3.p.88)
COMPASSO DE PONTAS
Compasso que serve para as marcações. (10)
COMPONEDOR
Peça de madeira ou metal de diversas dimensões que tem um bloco fixo para colocação de letras formando letras de uma determinada largura.
(10)
COMPOSIÇÃO
Organização dos elementos visuais num plano, num volume ou num espaço. (2.p.89)
Organização das formas numa obra de arte. Em escultura, refere-se ao equilíbrio e relação entre a massa, o volume as formas e o espaço. (8.p.116)
COMPOTEIRA
Recipiente destinado a guardar e servir compota. Apresenta forma habitualmente circular, com tampa amovível, pode ser, ou não, provido de duas asas simétricas e é sustentado por um pé central com base circular. O próprio recipiente ou a estrutura da base podem ser providos de aros circulares no interior dos quais se dispõem verticalmente as respectivas colheres para servir a compota. Um modelo distinto do anterior apresenta forma de pequeno recipiente coberto, assente sobre fundo plano e, ocasionalmente, acompanhado de um prato. A tampa apresenta geralmente recorte para acomodação da colher. Pode ocorrer em vidro e prata. (5.p.80)
CONCELA
Caixa destinada a conter as sagradas partículas. (29.p.511)
CONCHA
Um dos “Oito Emblemas Budistas” de bom augúrio. Símbolo de boa sorte. Quando se sopra, é suposto ouvir-se a voz de Buda chamando para a oração. (14.p.274)
Substância orgânica essencialmente constituída por aragonite e que constitui o exoesqueleto de certos moluscos, podendo ser nacarada (madrepérola) ou alaranjada a rosa e branca. (5.p.133)
CONCHA BAPTISMAL
Pequeno utensílio com a forma de concha que serve para verter a água-benta na cerimónia do sacramento do Baptismo. (5.p.80)
CONCHA DE OLHA
Do latim tardio conchula, diminutivo de concha. Utensílio destinado a acompanhar a olha e a servir a iguaria espanhola conhecida pelo mesmo nome, olla. É constituído por um receptáculo côncavo em forma de calote, a concha, munido de um cabo comprido. (5.pp.80-81)
CONCHA DE TERRINA
Colher de grande dimensão destinada a servir a sopa e outros alimentos líquidos. Tem a parte côncava em calote esférica e um cabo de grandes dimensões.
Num serviço de mesa é complemento da terrina. (2.p.69)
Utensílio destinado a acompanhar a terrina e a servir a sopa. É constituído por um receptáculo côncavo e ovalado, a concha, munido de um cabo comprido. (5.p.81)
CONCHEADO
Ornamento feito por um conjunto de elementos que imita conchas. (2.p.89)
CONCREÇÃO
Massa, com alguma dureza, formada pela sedimentação de partículas sobre a superfície do objecto, como por exemplo, depósitos de calcário. (2.p.122)
CONFERIR
Verificar pelo número da assinatura se a ordem dos cadernos esta certa; passar. (10)
CONFESSIONÁRIO
Mobiliário religioso. Durante a Idade Média constava de uma simples abertura na parede, com um crivo, ou uma espécie de janela no coro, que permitia a comunicação entre o penitente e o sacerdote. Após o Concílio de Trento introduziu-se o uso de móveis de madeira, então recomendados para a confissão dos homens e obrigatórios na das mulheres. De uma estrutura simplificada, constituída por uma tábua com um ralo que separava o confessor do penitente, com um assento de um lado, e do outro um degrau, até aos cubículos fechados com genuflexórios laterais, estrutura ainda hoje usada, este móvel conheceu inúmeras formas. Podem ainda surgir integrados na estrutura da grade, apoiados no corrimão, ou ainda recolhidos numa pilastra da grade. (3.p.108-109)
Cubículo contruído no interior da igreja ou um móvel autónomo, compartimentado para a confissão. O compartimento destinado ao confessor integra um assento com apoio para os braços e, geralmente, uma imagem religiosa. Para os penitentes, apresenta um ou dois vãos, cada um dos quais com genuflexório e uma representação de Cristo crucificado. Os dois espaços estão separados por uma grade ou uma janela com cortina. Quando o compartimento do confessor for ladeado de dois vãos, as janelas têm postigo interior. Pode ser apenas um painel móvel com pés, fazendo a separação entre uma cadeira e um genuflexório vulgar, utilizados, respectivamente, pelo presbítero e pelo penitente, durante a confissão (confessionário móvel) (4.p.55)
CONFESSIONÁRIO MÓVEL
Ver CONFESSIONÁRIO.
CONOPEU
Tecido que reveste o sacrário onde se guarda a reserva eucarística. Geralmente, reduz-se a uma cortina a cobrir a face frontal. É de cor branca, em tecido com trama dourada ou prateada, ou seguindo as cores do tempo litúrgico, excepto o preto, substituído por roxo ou vermelho. (4.p.73)
CONSOLA
Termo arquitectónico, significando um perfil em voluta. Em mobiliário, designa geralmente um móvel de apoio, não decorado na face posterior, com as duas pernas dianteiras em forma de voluta, necessitando de ser apoiado ou fixo à parede. Pode igualmente designar uma prateleira com a mesma forma e fixa à parede, usada com grande frequência, no final do século XVIII, para apoio de relógios. (3.p.74)
Estrutura em forma de voluta para sustentar um tampo ou servir de apoio a uma cornija utilizada em arquitectura e em todos os campos das artes decorativas. Enquanto peça de mobiliário é uma pequena mesa em forma de S, autónoma ou adossada a uma parede, daí os nomes mesa-consola, consola-de-parede, mesa de apoio. (25.p.349)
CONSTRUÇÃO
Escultura produzida através da ensamblagem ou junção de várias partes separadas, e não executada através dos processos escultóricos tradicionais, como a modelação, a fundição ou a talha. (8.p.116)
CONTA
Forma, geralmente esférica, cilíndrica, oblonga, poligonal ou irregular, que é polida, furada, e que pode, eventualmente, apresentar facetas. (5.p.133)
CONTADOR
Armário de gavetas. (9.p.317)
CONTADOR DE ESTRADO
Contador baixo, de formato variável, que se usava colocado sobre os estrados. (40.p.255)
CONTADOR DE POUSAR
Designações que aparecem indiscriminadamente na documentação antiga e que se referem certamente ao mesmo tipo de móvel portátil. É formado por gavetinhas à vista e de frentes iguais. Pode apresentar no topo uma argola para facilidade de transporte. (3.p.85)
CONTADOR PARA OS AMITOS
V. armário dos amitos ou amituário. Na documentação antiga o armário dos amitos ou amituário recebe esta designação. (3.p.103)
CONTAS
Ornato composto de pequenas esferas ou pérolas justapostas. (2.p.89)
Ornatos redondos, ou ovais, feitos em ouro. São produzidas quase exclusivamente nas oficinas de Travassos, Oliveira e Sobradelo da Goma, na Póvoa do Lanhoso. Em Portugal as contas são mais usadas no Minho, sendo também vistas em Castelo Branco, Niza e Lisboa, e um pouco por todo o País, sem, no entanto, terem a importância que assumem naquela região. (11.p.62)
Ornato em forma de pequenas pérolas. (5.p.119)
CONTAS “RETROSSIDAS”
Designação popular dada às contas de pipo, ou estriadas, em algumas regiões do Minho. (11.p.63)
CONTAS BAGOS DE ARROZ
Contas de forma ovalada, mais esguias do que as contas de Viana e, também, com aplicações de filigrana. (11.p.62)
CONTAS BRASILEIRAS
Contas ovais constituídas por duas calotas estriadas longitudinalmente e com um fio de filigrana que lhes dá consistência e efeito estético. Eram as preferidas pelos Portugueses emigrados no Brasil quando regressavam à terra, daí a sua denominação. (11.p.62)
CONTAS COBERTAS
O mesmo que contas olho-de-perdiz. (11.p.62)
CONTAS CONFEITADAS
Contas de uso no Brasil, fabricadas por negros sudaneses radicados na Baía e semelhantes aos colares do mesmo género usados em Portugal na região do Douro. (11.p.62)
CONTAS DE AÇAFATE
Contas executadas com fio enrolado, com um formato e uma inclinação que lembra os cestos de vime. (11.p.62)
CONTAS DE PIPO
Contas com forma ovalada e com estrias helicoidais. (11.p.62)
CONTAS DE VIANA
O mesmo que contas de olho-de-perdiz e assim designadas em Viana do Castelo. (11.p.62)
CONTAS FILIGRANADAS
O mesmo que contas olho-de-perdiz. (11.p.63)
CONTAS OLHO-DE-PERDIZ
Contas constituídas por duas calotas circulares de chapa fina – os “cascos” – soldadas, de diâmetros variados, sobre as quais se aplicam círculos concêntricos de filigrana e, no centro destes, os olhetes. Em Travassos são conhecidas como contas cobertas, em Viana do Castelo como contas de Viana. (11.p.63)
CONTORNO (RECIPIENTE)
A configuração da linha exterior de um objecto ou de uma forma, quer plana quer tridimensional, e que estabelece a separação entre o objecto e o fundo. (2.p.70)
CONTRACANTO
Termo geralmente utilizado para as barras em que designa, na transição da horizontal para a vertical, o azulejo que pelo interior da barra estabelece esta passagem. (2.p.70)
V. BARRA.
CONTRACAPA (superior ou inferior)
Face interior dos planos. Encadernação. (10)
CONTRAFACÇÃO
Ver FALSO.
CONTRAFORTE
Suporte adossado a uma parede exterior ou interior, com a função de lhe aumentar a resistência e estabilidade às pressões exercidas por vários elementos arquitectónicos. (5.p.119)
CONTRA-GUARDA
A parte da guarda de cor que se cola à guarda branca. (10)
Material que cobre a face interior da pasta e a folha de guarda. Em alguns casos, a contra-guarda é também a folha de guarda. (23)
CONTRALUZ
Luz oposta ao espectador de determinado objecto, prejudicando a sua apreensão. Representação da figura ou objecto a essa luz evidenciando o contorno. (1.p.79)
CONTRAPOSTO
Do italiano contrapposto, que significa “oposto a”. Técnica de composição desenvolvida na escultura Grega para representar o movimento de uma figura, resultante do equilíbrio obtido entre duas partes colocadas assimetricamente, uma em oposição à outra, em torno de um eixo central. (8.p.116)
CONTRAPROVA
Método de reprodução que consiste em obter um desenho fazendo pressionar numa prensa um papel húmido sobre outro desenho ou uma gravura recém-impressa. (1.p.79)
Impressão obtida em papel humedecido por pressão sobre o verso de um desenho a sanguínea de modo a permitir a criação de uma cópia da imagem invertida. (25.p.349)
CONTRASTAR
Ver CONTRASTE.
CONTRASTARIA
Criada em 1886, após a extinção das Corporações de Ofícios em 1834, por D. Pedro IV. Tem como principais funções a de atestar a qualidade dos metais das peças. O primeiro contraste foi o Javali (1887-1937), Águia (1938-1984) e pós-1985 É também aqui que os ourives vão registar as suas marcas. (19)
CONTRASTE
O mesmo que contrapor. Respeita à diversidade procurada quer na composição, quer no colorido. Oposição das formas de objectos ou figuras e diversidade de emoções transmitidas pelas várias figuras de uma composição. Variedade do colorido ou oposição de luz e sombra no claro-escuro. Tradicionalmente era considerado um valor da pintura. (1.p.79)
CONTRASTE
Designação das marcas de garantia das Contrastarias da Casa da Moeda. Até 1881 Contrastes era o nome dado aos avaliadores, que não podiam apor qualquer marca nas peças por si avaliadas. (19)
Ourives da prata nomeado pelo Senado da Câmara, onde prestava juramento, sendo encarregue da avaliação dos objectos de prata, indicando o seu peso e o valor da peça. (29.p.511)
CONTRASTE DE OURO
Personagem que avaliava as peças de ouro e de prata (deste último metal apenas quando relacionado com jóias e objectos afins), levando uma percentagem pela tarefa, que variava conforme o valor do rol. Existe uma grande confusão entre este termo e o de “Ensaiador” e estamos em crer que a própria documentação coeva é confusa, sobretudo no século XIX. Os ofícios de Contraste e Ensaiador podiam coincidir na mesma pessoa, como sucedeu no Porto com Manuel Fernandes Lopes. (39.p.224)
CONVERSADEIRA
Móvel de assento com dois lugares justapostos em sentido inverso, as costas desenham em geral um “S”. Pode ter três lugares, designando-se no mobiliário francês por indiscret. (3.p.59)
COPA
Vaso pouco fundo e de bordo esvasado, normalmente sem estrangulamentos, com duas asas. (12.p.70)
Móvel de uso semelhante ao do aparador. (40.p.255)
Da palavra latina cuppa – antiga designação para cálice ou taça, alterada posteriormente para denominar exclusivamente a parte mais larga e funda de receptáculo do cálice. Designa, igualmente, uma peça de grande aparato reservada aos rituais de comensalidade da corte, caracterizada por apresentar formas imponentes e uma grande riqueza no trabalho da prata. É constituída por um recipiente em forma de taça ou copo, geralmente com tampa e sustentado por um pé provido de base. Pode assumir outras formas tais como humana, animal ou vegetal, mas sempre de grande monumentalidade e virtuosismo no trabalho do cinzel. (5.p.81)
COPEIRA
Móvel de uso semelhante ao do aparador. (40.p.255)
COPELAÇÃO
Operação com que se separa a prata de outros metais, pela acção do fogo na copela. Consiste na recolha de uma pequena porção de prata do objecto cuja liga se pretende ensaiar (vd. Burilada). Esta porção de prata é pesada e de seguida misturada com uma pequena quantidade de chumbo numa copela, procedendo-se ao seu aquecimento até ao estado líquido. O cobre presente na liga oxida-se, permanecendo na copela o resíduo de prata pura. O seu peso é então comparado com o da porção inicial retirada do objecto, avaliando-se assim a qualidade da liga. A marca resultante da recolha desta porção de prata, constituída por uma linha incisa em forma de ziguezague, é vulgarmente conhecida por “bicha”. (5.p.133)
CÓPIA
Versão de uma pintura original feita para ser aceite como tal e não como se da obra original se tratasse, diferenciando-se desta forma da contrafacção (ou falso) em que há uma intenção de prejudicar deliberadamente o receptor. Distingue-se também da réplica, que é uma versão de determinada obra executada pelo mesmo artista que criou o original, ou pela sua oficina. Uma cópia é normalmente motivada por factores didácticos, copiar era a base do ensino tradicional das artes, ou pela vontade de alguém possuir uma imagem cujo original é inacessível. Em ambos os casos pressupõe a admiração do original, mas se no primeiro responde à Academia, no segundo é motivada pelo coleccionismo. A cópia por vezes era ainda utilizada parcialmente, dentro de uma normal forma de compor utilizando modelos e figuras conhecidas popularizadas pela fama e pelas gravuras. (1.p.79)
Imitação ou reprodução fiel, executada em escultura, de uma obra acabada esculpida anteriormente. A cópia pode ser feita num material e/ou escala diferentes da obra que lhe serve de modelo, mas respeita as proporções, a composição e a expressão: neste caso denomina-se réplica. A réplica pode ser reduzida, quando executada numa escala menor do que a da obra que reproduz, ou executada em grande formato, isto é, numa dimensão superior à da obra que é replicada. As réplicas são executadas pelos autores dos originais, por outros sob as suas orientações, pelas suas oficinas ou por outros artistas que se inspiram na obra original e copiam-na interpretando-a (cópias de interpretação e cópias de estudo). As cópias podem também ser contrafeitas, ou seja, ilícitas, dando origem a esculturas falsas e a pastiches. (8.p.117)
COPISTA
Pessoa encarregada da escrita e cópia de manuscritos nos mosteiros e catedrais durante a Idade Média. (10)
COPO
Recipiente destinado a conter e ingerir líquidos, sendo frequente que em cerâmica a sua forma seja uma secção de cone ou cilindro. (2.p.70)
Vaso de beber normalmente de forma troncocónica ou cilíndrica, de paredes finas. (12.p.70)
Com a mesma origem latina da palavra copa (‘cuppa’) – recipiente de forma cónica ou cilíndrica, de fundo plano ou arredondado, provido, ou não, de pequena base. Raramente apresenta tampa. (5.p.81)
CORAÇÃO
Ornamento em forma de coração estilizado que pode variar quanto ao tamanho, técnica e morfologia.
A simbologia desta peça, dentro da ourivesaria popular, alterou-se com o tempo. Inicialmente, no século XIX, seria conotado com o amor divino pela sua ligação ao culto do Sagrado Coração de jesus e ao Sagrado Coração de Maria. Posteriormente, foi relacionado com o amor profano, simbolizando a ligação entre um homem e uma mulher. (11.p.63)
CORAÇÃO BARROCO
Igualmente conhecido por coração estampado. Ocos e lavrados, são peças bojudas, produzidas em chapa muito fina. Geralmente decorados por toda a superfície, podem exibir, ao centro, uma cartela lisa, igualmente em forma de coração. Os motivos decorativos que o ornamentam são essencialmente vegetalistas, assemelhando-se aos brincos e arrecadas da mesma família. Podem apresentar os dois lados iguais ou cada chapa de metal que os forma pode ser trabalhada com matrizes distintas, o que proporciona uma peça diferente dependendo do lado que é exposto. O seu tamanho varia entre os três e os doze centímetros de altura. São os modelos mais prezados pelas vianesas. (11.p.64)
CORAÇÃO DE ALGIBEIRA
O mesmo que coração de chapa. (11.p.65)
CORAÇÃO DE CHAPA
Coração em chapa fina e plana, ornamentado com decorações incisas, semelhante às “borboletas” e análogo, na sua forma, às algibeiras dos trajes regionais. (11.p.65)
CORAÇÃO DE FILIGRANA
Coração opado e flamejante realizado em filigrana de integração. O esqueleto inicial é preenchido por motivos em filigrana. Por vezes, estas peças apresentam decorações sobrepostas a esta última, como pequenas flores colocadas ao centro. Estas decorações podem ainda, ser esmaltadas. Estes ornatos foram muito usados no Minho e Douro, tendo sido amplamente apresentados em fotografias e postais representando mulheres dessas zonas através do século XX. (11.p.65)
CORAÇÃO FLAMEJANTE
Coração que apresenta, no topo, a estilização das chamas típicas dos corações ardentes do sagrado Coração de jesus e Sagrado Coração de Maria. Estes corações podem, por vezes, ser designados corações duplos por se confundir a estilização das chamas sagradas com um segundo coração. Os corações flamejantes, nas suas várias tipologias, são os mais usados pelas mulheres de Viana do Castelo. (11.p.65)
CORAÇÃO OPADO
Coração bojudo. São, geralmente, corações ocos formados por duas chapas mais ou menos bojudas e soldadas nas extremidades. Semelhantes aos barrocos, por serem ocos e bojudos, o tipo de decoração que apresentam é, no entanto, muito diferente, sendo estes decorados com finos fios de filigrana ou um granulado com motivos florais de amor, religiosos ou com o escudo português. Podem, ainda, apresentar um pouco de esmalte ou pequenas pérolas que completam os desenhos florais, livres e assimétricos, típicos de peças mais recentes. Ostentam como que um duplo coração, por cima do maior, mais não sendo que a estilização de chamas – daí a designação de flamejantes. (11.p.66)
CORAL
Termo genérico dado a um elevado número de animais marinhos pertencentes ao filo Cnidaria que desenvolvem, por vezes, endoesqueletos córneos ou exoesqueletos carbonatados, sendo estes os mais utilizados como “corais” nas artes decorativas. O coral é conhecido desde a Idade do Ferro, sendo as espécies mais utilizadas as pertencentes ao género Corallium, em especial o coral nobre do Mediterrâneo (Corallium rubrum) e, mais recentemente, no século XIX, espécies do Havai e Japão. (5.p.134)
CORANTE
Substância orgânica que se solubiliza no aglutinante, formando camadas transparentes quando secas. (1.p.79)
CORAR
Uma das últimas operações no fabrico de uma peça. Para corar prepara-se uma mistura de água, salitre, sal marinho e amoníaco, que se leva ao lume até ferver. Mergulham-se então as peças, acrescenta-se aço clorídrico, deixando-se ferver o tempo necessário para que estas clareiem e atinjam um tom amarelo envelhecido. Lavam-se depois em água e deixam-se a secar. (11.p.24)
CORCOZES
Motivos do lavrado de prata não consignados nos dicionários de antiguidades. (40.p.255)
COREIXADO
Termo que não consta dos dicionários de antiguidades, talvez pano bordado ou enfeitado de qualquer forma, por ser “correiado” ou “corregido”, no sentido de trabalhado. De “corriar”, corrigiare ou corregere. Neste caso debruado, acairelado ou agaloado. (40.p.255)
CORDA
Ornato com a forma de filamentos têxteis agrupados e em torção. (2.p.89)
CORDA SECA (TÉCNICA)
Técnica de decoração que consiste na inscrição dos motivos ornamentais marcados com uma mistura de óleo de linho com óxido de manganês sobre o azulejo já cozido. Estas linhas separam as diferentes cores, evitando a sua mistura durante a fusão dos vidrados. (2.p.102)
CORDA SECA FENDIDA (TÉCNICA)
Técnica de decoração hispano-mourisca que consiste na gravação dos motivos decorativos através de cordas pressionadas nas placas de barro húmido, criando fendas. Depois da primeira cozedura, estas são preenchidas com óleo de linho e óxido de manganês para separarem as diferentes cores, evitando a sua mistura durante a fusão dos vidrados. (2.p.102)
CORDAS
Bocados de fio grosso onde é montada a costura. Encadernação. (10)
CORDIFORME
Elemento decorativo em forma de coração. (5.p.119)
CORDOVÃO
Couro fino lavrado onde foi aplicada folha de prata ou de ouro, pintura e verniz. (3.p.42)
CORES DE ALTO FOGO
Designação comercial dada aos óxidos coloridos, utilizados na pintura de objectos cobertos com vidrado cru. As temperaturas de fusão destas tintas vão de 980º a 1020º C. (2.p.102)
CORES DE BAIXO FOGO
Designação comercial dada aos óxidos coloridos utilizados na pintura de objectos com vidrado cozido. As temperaturas de fusão das cores vão de 730º a 750º C. (2.p.103)
CORES DE GRANDE FOGO
O azul de óxido de cobalto e o vermelho de óxido de cobre. (14.p.274)
CORES DE PEQUENO FOGO
Os esmaltes violeta, amarelo e cor-de-rosa à base de óxido de manganésio, de antimónio e cloreto de ouro, respectivamente. (14.p.274)
CORES FIGUTIVAS
Pigmentos e corantes com propensão para o desvanecimento, ou perda de tom, por deterioração foto-oxidativa. (1.p.80)
CORNALINA
Variedade translúcida a semitransparente, de cor vermelha uniforme, de calcedónia conhecida deste a Antiguidade. (5.p.134)
CORNIJA
Termo que designa o remate decorativo em moldura horizontal e saliente, que termina o entablamento. (3.p.93)
Conjunto de molduras sobrepostas em pedra, madeira ou gesso, que adornam uma porta, um móvel ou uma parede. Podem apresentar uma superfície lisa ou curva, podem ser simples ou trabalhadas com ornamentos geométricos ou naturalistas. Quando usada na arquitectura clássica, as suas proporções são sujeitas às diferentes ordens (dórica, jónica, coríntia e compósita). (25.p.349)
Do francês cornice. Parte superior de um entablamento, formando uma moldura ressaltada que corre ao longo de um edifício, com a função de proteger as paredes das águas pluviais. (5.p.119)
CORNO DE CHAMAMENTO
Instrumento musical, do grupo dos aerofones, particularmente raro, utiizado outrora, antes das cerimónias religiosas para chamar os fiéis. Era feito de corno de animal, oco, geralmente decorado com motivos relevados e montado numa estrutura de metal precioso. Era utilizado também como relicário ou recipiente para os Santos Óleos ou tinteiro. (4.p.182)
CORNO DE VINHO
Vasilha desta matéria que leva, mais ou menos, quantidade de vinho. Nas terras do Preste João, tanto no seu palácio, como nas casas dos grandes senhores, as garrafas do vinho são cornos de bois, e destes, há corno que leva cinco ou seis canadas. (45.p.134)
CORNOS DE RINOCERONTE
Um dos “Oito Objectos Preciosos” símbolo de felicidade. (14.p.274)
CORNUCÓPIA
Chifre de cabra retorcido de cujo interior transbordam flores e frutos, etc. Utilizado desde a Antiguidade como atributo de muitos deuses. Elemento decorativo associado à fertilidade, prosperidade e abundância. (25.p.349)
COROA
Porção superior de uma pedra facetada separada do pavilhão pela cintura onde, caso exista, se encontra a mesa. (5.p.134)
Do latim coro na. Adorno de cabeça amovível, geralmente símbolo de dignidade e de prestígio, que coroa as cabeças reais ede outros dignitários da nobreza, bem como certas esculturas santificadas, com especial destaque para a imagem da Virgem Maria, coroada Rainha dos Céus. Também se constitui como símbolo heráldico, acompanhando um escudo brasonado. Tendo por base um aro circular, a coroa adopta diversas formas, podendo o seu coroamento ser aberto ou fechado por hastes. (5.pp.81-82)
COROA DE ESTÁTUA
Coroa de imagem sacra esculpida, com forma análoga à de uma coroa real ou nobiliária; pode, também, apresentar uma forma com simbologia religiosa (coroa de espinhos). (4.p.97)
COROA DE IMAGEM SAGRADA
Coroa ornamental colocada sobre a cabeça de uma imagem sagrada de particular devoção, em geral, a Virgem com o Menino. Pode tratar-se de uma coroa de estátua ou de uma coroa de quadro pintado; neste último caso, trata-se, com frequência, de uma secção de coroa. (4.p.97)
COROA DE LUZES
Suporte com vários lumes, dispostos simetricamente num ou mais aros concêntricos, sobre os quais se fixam velas, lamparinas de azeite ou outras luminárias. É frequentemente decorada com motivos religiosos. (4.p.34)
COROA DE PINTURA
Coroa de imagem sacra pintada, geralmente em forma de semicírculo ou diadema. (4.p.97)
COROA SUSPENSA
Coroa suspensa sobre o altar ou num intercolúnio no interior da igreja. No centro da coroa encontra-se, em geral, uma cruz igualmente suspensa. (4.p.97)
CORPO
Parte principal de um objecto que caracteriza a sua forma e função. (5.p.119)
CORPO CERÂMICO
Designação comum da estrutura essencial de um objecto construída com pastas argilosas. (2.p.103)
Parte de um recipiente entre a abertura e a base. (12.p.136).
CORPO INTERMÉDIO
Nem sempre existente, é um elemento que faz a junção (geralmente por encaixe) entre a caixa e a trempe. Prolongando visualmente o corpo superior, pode ser independente, fazer parte da trempe ou mais raramente da caixa. (2.p.86)
CORPORAL
Pano sagrado, de cânhamo ou linho branco, quadrado, o qual se estende sobre o altar para pousar a hóstia ou os vasos eucarísticos que contenham o Sacramento. Não deve apresentar qualquer decoração, embora possa ter a orla com renda; apenas uma pequena cruz, bordada ou impressa, geralmente vermelha, assinala a frente do pano, onde se coloca o Santíssimo. O corporal para a adoração do Santíssimo é maior e mais ricamente decorado com bordados ou rendas. (4.p.74)
CORRECÇÃO ÓPTICA
Alteração das massas com variações volumétricas que anula ou compensa as deformações naturais, fisiológicas, da visão humana. Em escultura corresponde à perspectiva e ao equilíbrio que tem de ser criado entre a visão do observador e a localização da representação esculpida, nomeadamente através do aumento de dimensão de uma escultura que vais ser vista de longe, da simplificação dos detalhes em pontos das imagens que fiquem mais distantes do olhar, da alteração das proporções na composição ou da colocação das esculturas em suportes mais altos, um pouco inclinadas para a frente. (8.p.117)
CORREDIÇAS
Par de réguas com puxadores na extremidade, inseridas sob o batente, que nelas se apoia quando aberto. (3.p.97)
Par de réguascom puxadores no topo, alojadas em caixas apropriadas existentes dentro de certos móveis que possuem tampa de baixar (escritórios e papeleiras), e se puxam para o exterior a fim de nelas pousarem, directa ou indirectamente, as ditas tampas quando usadas, por ex., para escrever. (40.p.255)
CORRENTES
Cortinados de correr dos dosséis dos leitos. (40.p.255)
CORTADOR DE HÓSTIAS
Tesoura com lâmina circular para recortar as hóstias na massa previamente cozida. (4.p.126)
CORTE
Procedimento antigo que consistia no seccionamento recto de um recipiente cerâmico quando fragmentado, mais frequentemente, em jarras e canudos, deixando a chacota à vista, podendo ou não receber um acabamento metálico. (2.p.126)
CORTE DIANTEIRO
Lado oposto à lombada de um livro. (23)
CORTE ESTRATIGRÁFICO
Micro-amostra extraída de uma pintura colocada numa resina transparente e polida de forma a obter uma secção transversal que, observada ao microscópio permite observar a sobreposição das diversas camadas que constituem uma pintura, desde a preparação até ao verniz de superfície. (1.p.80)
CORTES
Superfícies exteriores uniformes formadas pela reunião das folhas do livro fechado, após terem sido aparadas de forma regular e simultânea. Existem três tipos de cortes: da cabeça, do pé e da goteira. (10)
CORTES DOURADOS (sur témoins)
Douração apenas aplicada às folhas de maior dimensão dos cadernos que testemunham o tamanho original do papel dobrado. Estilo popular em França, no século XIX. (10)
CORTINA
Panno suspenso, que cobre alguma cousa, e que se corre, para ser vista. (18.p.579)
Panno que cobre, e tapa g. o leito em redor; que tapa a porta, a janella, o andor, a cadeira de braços de arruar, e de ordinário se corre por huma vara onde está enfiada para se abrir, e fechar. (9.p.339)
CORTINA DE ALTAR
Cortina suspensa do cibório ou de um varão delimitando um espaço em torno do altar. Geralmente posta a correr à frente e nos lados do altar, pode também ser-lhe colocada atrás. (4.p.79)
CORTINA DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO
Tecido, em forma de pequeno estandarte, suspenso do suporte da cortina do Santíssimo Sacramento, colocado frente ao ostensório, nos degraus do altar ou sobre o altar, quando o Santíssimo Sacramento está exposto durante a liturgia da palavra. É de seda branca, ou segue as cores do tempo litúrgico, excepto o preto. (4.p.74)
CORTINADO
Armação de cortinas. (18.p.579)
O apparelho, a armação de cortinas para huma cama, para as portas de alguma casa. (9.p.339)
CORUCHÉU
Remate piramidal ou cónico que coroa uma torre, um telhado ou uma colunata. (5.p.120)
COSTAS
Superfície vertical ou oblíqua que serve para se apoiar as costas e excepcionalmente o peito). As costas podem ter as seguintes características:
Móveis – quando comportam um sistema ou mecanismo destinado a alterar a posição;
Cheias (sem qualquer abertura) – as costas cheias podem ainda ser constituídas por uma armação móvel (falsas costas), com guarnição de mudar mantida num encaixe (caixilho ou aro de recosto), por meio de parafusos, ou de pequena lingueta giratória;
Abertas ou vazadas – com aberturas executadas mediante diversos desenhos e processos. Quando constituídas por travessas verticais, a travessa do meio designa-se por tabela, sendo geralmente mais decorada e que pode, por sua vez, ser cheia ou vazada. (3.pp.60-61)
O mesmo que “encosto”, “espaldar”, espaldas, “recosto”: parte do móvel situado acima do assento, que serve para o utente se encostar. (40.p.256)
Lado oposto à parte principal, frontal, denominada face. Reverso de uma imagem, de uma estátua ou de um relevo. (8.p.117)
Lado em que o livro termina. (10)
COTA
Sobrepeliz estreita e curta, sem ultrapassar a cintura. (4.p.173)
COUÇOEIRA
Copo pequeno de vidro. (18.p.593)
COURO DE MOSCÓVIA
Couro de Rena, oriundo da Rússia e caracterizado quer pelo padrão tipo ponta de diamante, quer pela maleabilidade das peles, conferidos pelo método de prensagem final usado. (37.p.130)
Um dos diversos tipos de couro utilizado em Portugal, sobretudo nos séculos XVII e no século XVIII, revestindo assentos, costas de móveis de assento e alguns móveis de conter como arcas e baús, e assim designado por ser importado da Rússia sobretudo através do porto de S. Petersburgo. Segundo Franklim Pereira a sua particularidade devia-se ao processo de prensagem que os curtidores russos utilizavam, conferindo-lhe “um toque maleável e um padrão adiamantino”. Segundo o autor “havia imitações do padrão adiamantino do “couro de Moscóvia”, deste modo “As citações nod Regimentos dos Sécs. XVII e XVIII não devem forçosamente ser entendidos como usos de couro vindo da Rússia”. (38.p.230)
COURO DE SINDE
Couro decorativo – provavelmente trabalhado, dourado e policromado à maneira dos guadamecins – proveniente da região de Sinde, na Índia, e usado como colcha e para outros fins. (40.p.256)
COURO INCISADO
Decoração do couro de revestimento de móveis (arcas, cadeiras, etc.), obtido pela sua incisão com ferramentas cortantes apropriadas, abrindo em sulco motivos previamente desenhados no couro. (40.p.256)
COURO LAVRADO DE SEDA
Couro de revestimento de cadeiras, com decoração bordada a fio de seda. (40.p.256)
CÔVADO
Antiga medida de comprimento equivalente a 3 palmos (3 x 0,22 = 0,66 m. (40.p.256)
COVILHETE
Vaso pequeno de barro de figura concava. Difere da tigella na forma. Em covilhetes costumão pôr doces. (18.p.594)
Prato ou travessa de pequenas dimensões para servir alimentos. (2.p.70)
Pratinho ou pequena tigela de formato alongado. (5.p.82)
COVO (RECIPIENTE)
Superfície côncava de um recipiente baixo como por exemplo um prato ou uma travessa. (5.p.120)
COXIM
Almofada em tecido, couro ou palhinha, fixa numa armação, grade ou caixilho móvel, que se coloca na moldura das costas ou do assento. Pode designar também uma almofada solta. (3.p.61)
Leito de sestear á moda da Asia, canapé, ou sofa sem encosto, com colxão.
Almofada de assentar-se em estrado. (9.p.344)
Almofada; designa igualmente o assento de um móvel de assento. (37.p.130)
Tábua almofadada e forrada de pele com o avesso para fora, que serve para colocar e cortar o ouro (termo de encadernador). (10)
COXIM DE DOURADOR
He a modo de huma almofadinha, em que estendem com huma faca os paens de ouro, para assentá-los no.mordente. (18.p.598)
COZEDURA
Processo essencial de transformação física e química dos materiais cerâmicos, pastas argilosas, vidrados e esmaltes, sujeitando-os à acção de altas temperaturas, dando-lhes dureza e coesão física. (2.p.103)
Transformação da argila maleável/plástica em cerâmica dura e durável através do seu aquecimento a alta temperatura. É necessário uma temperatura de cerca de 600º C, ou mais elevada, para se obter uma cozedura eficiente. (12.p.136)
COZEDURA DE SAL (TÉCNICA)
Técnica geralmente aplicada nas peças de grés, revestimento transparente e incolor, muito fino, produzido num forno em cujo interior se colocou sal, cloreto de sódio, que se volatiliza entre 900º e 1300º C, depositando-se sobre a superfície dos objectos em chacota. (2.p.103)
COZEDURA EM OXIDAÇÃO
Processo de cozedura que deixa entrar o ar livremente no forno. A argila torna-se vermelha quando contém óxido de ferro. (14.p.274)
COZEDURA EM REDUÇÃO
Processo de cozedura que limita a entrada do ar no forno, produzindo combustões fumosas. O forno enche-se de monóxido de carbono, que se apodera do oxigénio contido na pasta dos corpos e nos corantes das cerâmicas. O corpo das cerâmicas torna-se cinzento. (14.p.274)
COZEDURA OXIDANTE
Cozedura numa atmosfera rica de oxigénio no interior do forno, que irá permitir a combustão completa dos metais contidos na argila e nos vidrados, sem alteração da cor natural do óxido. (2.p.103)
Cozedura num forno, caracterizada por abundância de oxigénio. Os óxidos de ferro tendem a formar hematite (de cor vermelha); o carbono tende também a ser queimado completamente no corpo cerâmico, aumentando o tom vermelho. A cozedura oxidante tende a produzir recipientes avermelhados, mas pode actuar diferentemente na superfície e no núcleo da peça. (12.p.136)
COZEDURA REDUTORA
Cozedura numa atmosfera rica em dióxido de carbono logo pobre em oxigénio. Esta combustão incompleta reduz os óxidos aos seus componentes metálicos. Ocorrem alterações de cor e textura das pastas e vidrados. As cores obtidas pela redução são densas, subtis e suaves. (2.p.103)
Cozedura em forno, numa atmosfera com falta de oxigénio. O excesso de combustível e o fumo criam condições redutoras. Num ambiente de temperatura elevada, os óxidos de ferro podem converter-se em magnetite negra; num ambiente de cozedura a baixas temperaturas o carbono das argilas não é queimado completamente. A cerâmica produzida é geralmente de cor negra ou cinzenta. (12.p.136-137)
CRAQUELÉ
Fenómeno relacionado com tensões geradas entre o corpo cerâmico e o vidrado durante o processo de arrefecimento após a cozedura. Tem a aparência de pequenos sulcos e crateras superficiais originados pela libertação de gases durante o arrefecimento. (2.p.104)
Aparece como uma rede de linhas finas sobre a superfície de um vidrado, devido aos discordantes coeficientes de dilatação e contracção do vidrado e do corpo. No decorrer da cozedura, o corpo ao contrair-se faz estalar o vidrado. (14.p.274)
Linhas de fissura no vidrado, que aparecem depois do arrefecimento da peça, e que se tornam mais visíveis ao longo do tempo, com a penetração de sujidades.
Esta ocorrência está associada às diferenças entre os coeficientes de dilatação do vidrado e da chacota.
O craquelê pode ser provocado, constituindo valorização estética do objecto cerâmico.
Pode surgir, igualmente, como consequência de processos de degradação. (2.p.125)
CRAQUELURES
Ver ESTALADO.
CRASTA
O mesmo que “Claustro”. Motivo muito usado na decoração da ourivesaria quinhentista, porventura representando uma estrutura aberta em colunelos e arcos fechando numa área poligonal, como um claustro. (40.p.256)
CRATERA
Nome que os Antigos davam a vasos ou taças. Tinham duas asas e boca larga e eram destinados a serem colocados nos santuários para as libações. Também podiam ser para servir para o vinho que era normalmente misturado com água. Eram de barro, bronze ou pedra. (7.p.58)
Existiam nos santuários gregos para as libações.
CRAVAÇÃO
Última fase do fabrico, que consiste na fixação das pedras. Depois da cravação, a peça é apenas polida, para que fique mais brilhante. A cravação pode ser feita através de garras, canibões ou perfurações na chapa. As pedras são escolhidas pelo tamanho do espaço que vão ocupar, e apenas no sistema de cravação da chapa se abre um orifício do tamanho da pedra a usar. O ajuste desta faz-se através do uso de buris adequados. (11.p.24)
Acto de encastoar as gemas em estruturas de prata ou ouro; era um ofício exercido pelos chamados “cravadores de pedraria”, que podiam, ou não, ser igualmente ourives do ouro. Um desses exemplos é o ourives da Corte, João Paulo da Silva, que aparece no seu processo de Familiar do Santo Ofício como ourives do ouro, mas posteriormente, é designado como cravador do Príncipe Regente. (39.p.224)
Forma como os materiais gemológicos estão cravados, engastados ou encastoados no metal das jóias. Sinónimo de engaste. (5.p.134)
CRAVAÇÃO A JOUR
Tipo de cravação aberta em que o pavilhão da pedra se encontra descoberto, comum a partir de meados do século XIX. (5.p.134)
CRAVAÇÃO COM GARRAS
Tipo de cravação em que a pedra está apenas segura por garras de metal. (5.p.134)
CRAVAÇÃO DE ARCA
O mesmo que “cravadura”: conjunto de cravos de cabeça calotada ou cinzelada, dourados ou prateados, pregados sobre o revestimento de tecido, formando desenhos. (40.p.256)
CRAVAÇÃO DE CAIXA
Ver CRAVAÇÃO DE ARCA.
CRAVAÇÃO DE VIROLA
Tipo de cravação em que a pedra assenta numa caixa de metal, sendo segura por metal a toda a volta na cintura. (5.p.134)
CRAVAÇÃO FECHADA
Tipo de cravação em que o metal cobre a parte inferior da pedra. (5.p.134)
CRAVAÇÃO INGLESA
Tipo de cravação em que a cintura da pedra está totalmente envolvida por uma virola de metal. (5.p.134)
CRAVADURA DE ARCA
Ver CRAVAÇÃO DE ARCA.
CRAVADURA DE CAIXA
Ver CRAVAÇÃO DE ARCA.
CRAVIORGÃO
O mesmo que “cravo-órgão”, “cravo-organizado”, actual: cravo tendo adicionados registos flautados do órgão vulgar. (40.p.257)
CRÉ
Carga inerte de carbonato de cálcio que misturado com aglutinante, constitui um tipo de preparo da pintura, sobretudo associado ao norte da Europa, uniformizando as telas ou as tábuas e permitindo uma maior impermeabilização destes suportes. (1.p.80)
CREDÊNCIA
Termo de origem italiana “credenza”. Designa a mesa de apoio geralmente sem gavetas, onde se colocavam iguarias e bebidas para serem provadas pelo “oficial de boca em presença do Rei”, antes de serem servidas à mesa. Podem apresentar portas e, neste caso, a decoração é de feição arquitectural. São estas mesas igualmente usadas na Igreja junto ao altar-mor, para os fâmulos provarem o vinho, a água e o pão que o prelado devia consagrar. Nelas se colocavam igualmente as alfaias litúrgicas necessárias para celebrar a missa.
Mobiliário religioso. Mesa de encostar que se colocava junto do altar do lado da Epístola, destinada primariamente a receber os objectos necessários à celebração da eucaristia. Substituiu um pequeno nicho colocado perto do altar, ganhando grande projecção no período barroco com a execução de pares de credências idênticas, cuja decoração corresponde, em muitos casos, à do retábulo do altar-mor, distribuindo-se pelas três faces do móvel. Poderá comportar uma gaveta na frente ou na ilharga. (3.p.74 e 108)
Ábaco de grandes dimensões e com decoração elaborada onde se expõe o serviço de alfaias ou de aparato. (4.p.21)
Banca ao pé do altar para nella estarem galhetas, etc. (9.p.346)
CREMEIRA
Pequeno recipiente destinado a conter e servir natas. O modelo mais divulgado é, porventura, o figurativo representando uma vaca ou elefante em vulto, com a cauda enrolada sobre o dorso formando asa e a boca levemente aberta para servir o seu conteúdo. Sobre o dorso tem uma abertura, com pequena tampa articulada, através da qual se introduzem as natas. Um outro modelo, radicalmente diferente, assemelha-se a uma pequena leiteira. Pode apresentar várias formas, sendo provido de um pequeno bico adossado ou fazendo parte integrante da secção superior do seu corpo e, do lado oposto, uma asa. Assenta sobre uma base alteada, fundo plano ou pequenos pés. (5.p.82)
CREPE
Panno mui leve, mais transparente, que filele, feito de feda crua, e engomado. Droguete preto, ou abatina feita delle. (9.p.346)
CRESCENTE
Ornato com a forma de uma meia-lua. (5.p.120)
CRESPIR
Utilização de salpicos de tinta para obter o efeito de reprodução de certas pedras de várias cores. (1.p.80)
CRIADO-MUDO
Designação derivada do termo inglês dumb waiter, dada a uma mesa de apoio, ligeira, criada por volta de 1750, usada para dar apoio ao serviço de mesa, na ausência dos empregados. Apresenta prateleiras geralmente circulares, dispostas em ordem decrescente de dimensões. (3.pp.74-75)
CRISÂNTEMO
Emblema do Outono e símbolo de jovialidade. (14.p.274)
CRISELEFANTINA
Este termo aplica-se às estátuas compostas de ouro e marfim; geralmente, a cabeça, as mãos e os pés são de marfim e o corpo em madeira revestido de folhas de ouro ou de prata dourada. (8.p.117)
CRISMAL DO BAPTISMO
Banda de linho branco que, após a unção com o Crisma, é colocada sobre a cabeça do neófito, ficando depois na sua posse ou na de sua família. Pode ser substituída por uma touca de baptismo. (4.p.84)
CRISMON
Deriva do termo grego crismón. Monograma de Cristo, formado pelas duas primeiras letras (XP) do Seu nome sobrepostas. Por vezes é acompanhado pelo A (alfa) e Ω (ómega), que são a primeira e a última letras do alfabeto grego referenciando o periarcon e o escaton (princípio e fim). (8.p.117)
CRISOBERILO
Mineral de tom amarelado, apenas chamado pela documentação coeva como “crisólita”, e que, face aos exemplares setecentistas, se pensa serem originários do Brasil. É muito comum na joalharia setecentista portuguesa, sobretudo da sua segunda metade. (39.p.225)
Mineral cuja variedade gemológica amarelo-esverdeada de elevado brilho e transparência teve grande presença na ourivesaria portuguesa dos séculos XVIII e XIX, sendo nessa altura conhecida como crisolita, procedendo fundamentalmente do Brasil. (5.p.134)
CRISÓLITA
Designação comercial antiga dada em Portugal e no Brasil ao crisoberilo amarelo-esverdeado. (5.p.135)
CRISTAL
Além do significado cristalográfico do termo, é uma designação antiga do quartzo hialino, por se pensar que este resultaria do gelo intensamente congelado, tendo sido também utilizado para referir outras pedras incolores. Cristal é também o nome comercial actual do vidro rico em chumbo, com elevado brilho e dispersão de luz. (5.p.135)
Tipo de vidro que se obtém substituindo pelo carbonato de sódio o carbonato potássico na massa vítrea. (…) (53.p.23)
Do grego krystallos, que deriva de kryos, frio. Porção homogénea de matéria cristalina limitada ou não por faces planas, sendo, portanto, uma entidade sólida cujas partículas constituintes (átomos, iões ou moléculas) se encontram organizadas de uma forma geométrica, regular e tridimensional, relacionadas umas com as outras através de operações de simetria. Expressão genérica popular para designar um sólido natural com forma exterior geométrica poligonal bem definida. Designação antiga do quartzo hialino, por se pensar que este resultaria do ngelo intensamente congelado. Termo comercial antigo que aludia a gemas incolores de baixo custo, em regra engastadas em joalharia de prata com forro reflector. Vidro artificial rico em chumbo muito usado hoje em dia em baixelas e lustres na chamada indústria de cristalaria.
CRISTAL DE ROCHA
É o verdadeiro cristal do qual se fazem muitos objectos artísticos. O cristal de rocha é uma variedade de quartzo transparente e incolor. Pela sua estrutura, este cristal presta-se ao corte, ao trabalho de incisão. (5.p.23)
Nome dado aos quartzos hialinos, que foram muito utilizados na joalharia portuguesa da segunda metade do século XVIII e inícios do XIX. Rocha Peixoto fala na utilização, talvez no Norte (Porto, Guimarães, Braga), de cristais extraídos de minas na região de Marco da Continha e Venda Nova. (39.p.225)
Variedade incolor e transparente de quartzo, isto é, do quartzo hialino. Antigamente chamado apenas de cristal, foi-lhe acrescentado “de-rocha” para o distinguir do actual cristal (vidro de elevado brilho rico em chumbo). ct – Símbolo internacional de quilate. (5.p.135)
CRISTALIZAÇÃO
Cristais que se formam na superfície de alguns vidrados com composições específicas e sujeitos a arrefecimentos lentos após a cozedura, funcionando muitas vezes como revestimento decorativo da superfície cerâmica. (2.p.104)
CROMATISMO
Diz-se da dispersão da luz. (7.p.58)
CROMOLITOGRAFIA (TÉCNICA)
Técnica de decoração industrial que consiste na impressão litográfica dos motivos decorativos sobre papel de decalque. São estes motivos decalcados em papel que se aplicam depois na superfície a decorar, fixando-.se com a fusão dos vidrados. (2.p.104)
CROSSA
Parte da terminação superior da vara do báculo. Inicialmente em forma de tau, a crossa evolui para um modelo semelhante ao desenho de uma voluta. (5.p.82)
CRÚ
O mesmo que duro ou áspero. Diz-se do tom que não se harmoniza com o tom próximo. Uma cor crua é uma cor muito viva e sem mistura de outros pigmentos (inteira). Diz-se da luz em que a não separação entre as zonas claras e escuras não é feita por uma transição de meios-tons. Diz-se ainda do excessivo contorno no desenho. (4.p.80)
CRUCIFIXO
Cruz com a figura de Cristo crucificado em escultura de pleno vulto. (4.p.98)
Representação de Jesus Cristo na cruz.
CRUCIFIXO MONUMENTAL
Cruz com a figura de Cristo crucificado em escultura de pleno vulto, colocada sobre um pedestal no exterior de uma igreja para indicar um lugar de particular devoção. (4.p.58)
CRUZ
Cruz, geralmente com a representação de Cristo. Na Igreja pode ser colocada sobre o altar (cruz de altar), à entrada do coro (cruz de trave triunfal, crucifixo de trave triunfal, calvário de trave triunfal, cruz de jubéu, crucifixo de jubéu, calvário de jubéu), na face dianteira do púlpito (cruz de púlpito), no vão do confessionário reservado ao penitente (cruz de confessionário), na sacristia (cruz de sacristia), etc. apresenta, na maioria das vezes, a forma de cruz latina. Pode ser utilizada na devoção pública ou privada, como a cruz-relicário, a cruz processional, a cruz de baptismo, a cruz emoldurada, a cruz da temperança, etc., ou como insíognia de dignidade (cruz peitoral), cruz pastoral). Quando, sobre a cruz, é fixada a figura de Cristo crucificado em figura de pleo vulto, diz-se crucifixo. (4.p.98)
Objecto, elemento decorativo ou simbólico que representa a haste vertical pregada a uma haste transversal, em que Jesus Cristo foi supliciado. A cruz grega é aquela em que os quatro braços são iguais; na cruz latina, a haste vertical tem uma dimensão superior à haste horizontal. (8.p.118)
Do latim crux ou crucis. Peça formada por dois elementos –haste e braços– colocadas uma sobre a outra, de forma transversal, e utilizada para prender ou pregar os condenados à morte. Instrumento de suplício em madeira onde Jesus Cristo foi pregado e que se tornou o símbolo do Cristianismo. (5.p.82)
CRUZ DA PAIXÃO
Cruz ornada com os símbolos da Paixão, utilizada por uma confraria de penitentes para abrir a procissão da Semana Santa. Em Portugal, a cruz que abre a procissão da Semana Santa é ornada apenas por uma faixa de tecido branco, em memória do sudário de Cristo. (4.p.135)
CRUZ DE ALTAR
Cruz, geralmente com a imagem de Cristo, colocada ao centro da mesa de altar da banqueta ou do sacrário. Costuma fazer conjunto com os castiçais de altar. (4.p.141)
CRUZ DE ASSENTO
Tal como a sua denominação menciona, trata-se de uma cruz que assenta sobre a mesa de altar. Esta prática generalizou-se ao longo do século XIII, sendo que a haste inferior podia finalizar num espigão, o que possibilitava assentar a cruz ao próprio altar, ou numa base concebida especialmente para essa finalidade. (5.p.82)
CRUZ PEITORAL
Peça de dignidade eclesiástica que os bispos e outros dignitários da Igreja trazem ao peito. (5.p.83)
CRUZ PROCESSIONAL
Cruz que abre um cortejo processional ou fúnebre. Apresenta, geralmente, a figura de Cristo, no anverso, e a da Virgem ou outro santo, no reverso; eventualmente, apresenta as imagens da Virgem e de São João Evangelista sobre um suporte próprio adjacente, um nó junto à base e tintinábulos. Pode ser montada sobre uma haste ou apresentar um prolongamento sob o braço inferior (cruz portátil). Pode ser colocada no altar
sobre a base da cruz de altar. (4.p.136)
Cruz usual no serviço litúrgico das procissões solenes, erguida na vertical por uma comprida haste. (5.p.83)
CRUZ-RELICÁRIO
Cruz de assento com receptáculos para relíquias ou relicário em forma de cruz. Quando contém uma relíquia da Vera Cruz, diz-se estauroteca. (4.p.99)
CUBA
Vaso, onde se recolhe o vinho, que cai do fuso do lagar. (9.p.352)
CÚFICO
Nome pelo qual é conhecida uma antiga escrita árabe de forma quadrada, usada na decoração de edifícios e objectos. (7.p.60)
CULATRA
Ponta, vértice ou extremidade de uma pedra lapidada localizada no pavilhão, que pode constituir ou não uma faceta polida. (5.p.135)
CUL-DE-LAMPE (ou fundo de lâmpada)
Ornamento gravado ou tipográfico, frequentemente de forma triangular, colocado na parte final de um caderno, capítulo ou livro. (10)
CULCITRA
O mesmo “almadraque”. (40.p.257)
CULCITRO
Ver CULCITRA.
CUNEIFORME
Nome dado à escrita em que os sinais são gravados na argila com um estilete em forma de cunha (Suméria). (7.p.60)
CUNHA
Pequena madeira geralmente de forma cónica, usada em marcenaria para juntar duas peças de madeira. (5.p.23)
CUNHAGEM
Método de produção de uma liga metálica – medalha ou moeda –, colocando o objecto metálico aquecido entre dois cunhos gravados, com relevo negativo, comprimindo-os. (5.p.135)
CUNHO
Objecto de bronze e, sobretudo, de ferro e aço, que apresenta, em médio relevo, o modelo da peça pretendida. (11.p.22)
CUPIDO
Criança nua representada com asas. (p.120)
CURVILÍNEO
Diz-se de figuras formadas por linhas curvas. (7.p.61)
CUSPIDEIRA
Vaso onde se cospe. (9.p.357)
Recipiente em forma de taça habitualmente circular ou oval, provido de tampa transfurada, destinado a recolher as secreções orais. O fundo pode apresentar o centro alteado e a tampa, afunilada, tem um orifício central através do qual aquele emerge. É geralmente provido de duas asas simétricas. (5.p.83)
CUSTÓDIA
Do latim Custodia. Alfaia litúrgica utilizada para expor aos fiéis a Hóstia Consagrada, prática que apareceu apenas depois do século XIII. Com efeito, a festa do Corpus Christi foi decretada no ano de 1264, existindo a necessidade de conceber uma peça devocional diferente, com a intenção de se ostentar de forma solene o Corpo do Senhor à adoração dos fiéis e de o transportar em procissão pelos espaços públicos. Este objecto devocional é constituído por uma base, haste, nó e hostiário – receptáculo, geralmente de forma circular, onde é colocado em exposição o Santíssimo Sacramento, por vezes rodeado por um resplendor de raios solares e protegido por vidro. (5.pp.83-84)
Peça de ourivesaria religiosa destinada a expor o Santíssimo Sacramento aos fiéis. Desde o século XVI até ao século XIII a Eucaristia nunca foi exposta.
CUTELA
Faca de meio palmo de larga, e grossura á proporção, sem ponta, de cabo curto, serve de cortar carne, e peixe em açougues, e cozinhas, etc. (9.p.358)