Glossário de Artes Decorativas
EBANISTA
Pessoa especializada na execução de móveis de luxo. (25.p.349)
Artesão especializado em trabalhar a madeira preciosa, para a feitura de móveis de luxo, em geral construídos usando o ébano. (53.p.27)
ÉBANO
Madeira mui negra, rija, e compacta, que, polida toma bom lustre: o que tem veias de outra cor é menos 'perfeito. (9.p.460)
Deriva-se do Hebraico Eben que vale o mesmo, que Pedra, porque ébano he hum pao taõ duro, como pedra; ou (segundo a opinião de alguns) ébano he palavra originária da Índia, donde se cria. Tira-se o ébano de huma arvore grande, de casca grossa, que dá humas folhas, como de loureiro e um fruto semelhante ao do carvalho. O bom ébano he hum pau duro, compacto, mociço, limpo, sem veas, liso e brando ao tacto, como marfim, muyto negro, e tão solido, que lançado na agoa se vay logo ao fundo, como ferro. Há outras duas castas de Ebano; hum vermelho, a que os Mercadores chamam de Granadilha, e outro verde. (24.p.4)
Madeira preciosa, dura, de grão fino, cor negra e brilhante. Usada para o fabrico de móveis de luxo e para trabalhos de talha. (53.p.27)
ÉBÉNISTERIE
Ramo da marcenaria que aplica, nas estruturas de madeira maciça, as técnicas do folheado, dos embutidos e dos marchetados, utilizando madeiras com tonalidades e veios muito decorativos (ou recorrendo a outros materiais nobres e semi-preciosos inseridos em sulcos escavados na superfície das peças). Os móveis de ébénisterie por recorrerem a estes processos de revestimento, distinguem-se dos de marcenaria propriamente dita, executados em madeira maciça. (38.p.230)
E-BOOK
Termo inglês que significa “eletronic book” ou livro electrónico (e-livro). (10)
EBULIÇÃO DO VIDRADO
Vulgarmente designada por refervido, caracteriza-se pela formação de ampolas, normalmente abertas e com contorno limítrofe em aresta viva, resultante de uma incorrecta cozedura. (2.p.126)
EDIÇÃO
Aplica-se o termo em escultura quando se retira um certo número de peças do mesmo molde, como acontece por exemplo nos bronzes. (8.p.119)
EFEITO
Diz-se geralmente da primeira impressão que uma obra causa: “belo efeito”, ou “grande efeito” designa o assombro dessa primeira impressão. (1.p.83)
EFÍGIE
Retrato humano, seccionado pelo pescoço ou pelo peito, de frente ou de perfil. (2.p.90)
Representação ou imagem de uma pessoa. Também pode ser uma imagem estampada numa moeda. (7.p.67)
Verdadeira imagem de uma pessoa. O seu uso é mais restrito que o “retrato”, dado que se aplica apenas ao retrato que pretende documentar com exactidão o aspecto do retratado. É mais corrente aplicar-se o termo à medalhística ou à escultura em baixo relevo e ao retrato de perfil. (1.p.83)
Representação em relevo ou em vulto de uma pessoa viva ou morta (efígie funerária, efígie de um santo), em particular do rosto ou cara. (8.p.119)
EFLORESCÊNCIA DE SAIS
Depósitos de filamentos cristalinos, normalmente de coloração branca, na superfície da peça. Em painéis de azulejo in situ, tendem a surgir em
linhas de fractura ou nas juntas entre os azulejos. (2.p.122)
EIXO
O centro a partir do qual se produz a ordenação simétrica de um grupo ou da composição escultórica; pode ser horizontal ou vertical. (8.p.119)
E-LIVRO
É a versão digital de um livro impresso em papel. O mesmo que livro electrónico. (10)
ELMETE
Pequeno elmo. (9.p.466)
ELMO
Antiga armadura para a cabeça.
Armadura antiga da cabeça usada na guerra, com cristas, penachos, e outros ornatos, tinha viseira, que cobria o rosto. (9.p.466)
ELO
Medida de linho que representa metade de um afusal, ou seja, 12 estrigas. (22.p.137)
EMALHETAR
União, geralmente em ângulo recto, entre duas madeiras, obtida por meio de encaixes de recortes de tipo macho/fêmea, positivo/negativo (malhetes).Designam-se por malhetes rectos quando o seu recorte é direito e por malhetes em cauda de andorinha quando o seu recorte é oblíquo. (3.p.39)
EMBLEMA
Figura simbólica ou atributo que serve para caracterizar figuras alegóricas ou instituições sociais. (2.p.90)
É um motivo central que tem como intenção representar qualquer coisa com determinado significado. Palavra também utilizada como referência aos pavimentos romanos, em que o chão era decorado. (7.p.69)
Do latim emblema. Figura metafórica, em geral associada a um lema ou divisa. Na antiguidade, o termo indicava um ornamento metálico de tipo simbólico; posteriormente, passou a ser utilizado também como sinónimo, atributo ou insígnia. (5.p.84)
EMBOJAR
Ver EMBORRAR.
EMBORRADAR
Ver EMBORRAR.
EMBORRALHAR
Ver EMBORRAR.
EMBORRAR
Colocar as meadas numa calda espessa feita de cinza e água, sujeitando-as a um movimento rotativo para que todos os fios fiquem bem empapados. (22.p.143)
EMBOSTEAR
Colocar o tecido, intercalado com ramos de flor de giesta, numa mistura pastosa de água com bosta de vaca, água e ramos de flor de giesta amarela, com vista à lavagem (Ilha da Madeira). (22.p.143)
EMBRETIDO
O mesmo que “embutido”. (40.p.258)
EMBUTIDEIRA
Peça de aço que apresenta nas superfícies cavidades de diferentes tamanhos e que se destinam a dar forma côncava a chapas metálicas. (5.p.138)
EMBUTIDORES
Pequenos utensílios de aço, de corpo cilíndrico e extremidade esférica, de diferentes dimensões, ajustáveis às superfícies côncavas presentes na embutideira. (5.p.138)
EMBUTIR
Técnica que consiste em aplicar pedaços de madeira ou de outros materiais, recortados segundo desenho prévio, e inseri-los na espessura da madeira do móvel em aberturas correspondentes, de modo a produzir um efeito decorativo. Esta técnica só se aplica nos móveis maciços. (3.p.40)
Técnica que consiste em aplicar materiais – madeira, marfim, osso, etc. – em superfícies de madeira sólida; ao contrário do marchetado e do folheado, não cobre toda a superfície visível. (37.p.130)
EMPARAMENTO DE LEITO
O mesmo que “armação” ou “armadura”. (40.p.258)
EMPASTAR
Passar as cordas da costura pelas pastas, de forma a prendê-las. (10)
EMPASTE
Aplicação generosa de tintas de forma a notar-se a sua densidade, a sua aplicação e o trabalho do pincel (brushwork). (1.p.83)
EMPENO
Deformação sofrida por um objecto com forma regrada, seja no sentido horizontal seja vertical. (2.p.126)
EMPOLAMENTO DO VIDRADO
Desprendimento do vidrado, da chacota, deixando um espaço oco entre os dois, em forma de bolsa. (2.p.122)
ENCABEÇADO
Diz-se de um painel tendo os extremos perpendiculares às fibras munidos de pinázios ensamblados a “macho e fêmea” nos topos e nos
extremos serrados a meia-esquadria. (40.p.258)
ENCADERNAÇÃO
Consiste em coser as folhas (manual ou mecanicamente), reuni-las e cobri-las com uma capa consistente; operação destinada a conservar e proteger os livros. (10)
ENCADERNAÇÃO À LA BRADEL (CAPA FORA OU CAPA SOLTA)
Tipo de encadernação simplificada em que o miolo do livro é preparado separadamente da capa, a que se liga pela colagem das guardas ao interior dos planos. Esta designação deriva do nome do artista que concebeu este processo. (10)
ENCADERNAÇÃO EM MOSAICO
Tipo de encadernação ornamentada com a aplicação de pequenos pedaços de pele policroma, muito fina, embutida no revestimento dos planos do livro e delimitada a ouro ou a seco. (10)
ENCAIXE
Cavidade ao longo do lombo, na qual se aloja a espessura dos cartões da pasta. (10)
ENCARNAÇÃO
Acto de encarnar, isto é, aplicar as cores de forma a imitar a carne ou, mais propriamente, a pele humana. O termo usa-se mais vulgarmente para a pintura das carnações nas esculturas de barro ou madeira. (1.p.83)
ENCARNAR
Nome da operação que consiste em dar cor às partes de uma obra que representam a figura humana e que não estão cobertas pelas vestes: a figura ganha “carnação”. Na escultura em madeira significa a aplicação preparatória de gesso para aplicação posterior da policromia nas carnes. (8.p.119)
ENCÁUSTICA
Pintura em que o aglutinante dos pigmentos é cera derretida. Foi usada na Grécia antiga e em Roma, sendo famosos os conjuntos de retratos executados com esta técnica descobertos em Fayum, no Egipto. O método foi redescoberto em meados do século XVIII pelo pintor Bachelier e pelo arqueólogo Caylus, sendo depois dessa altura usada por vezes em composições murais. (1.p.83)
ENCEIBAR
Cobrir as meadas com cinza e colocá-las no forno do pão com a porta barrada com bosta de boi (Beira Baixa). (22.p.143)
ENCHACOTAR
(Termo de Oleyro) Hir a louça, que houver de ser vidrada a primeyra vez ao forno. (24.p.89)
ENCOIRADO
Forrado exteriormente de couro. Diz-se, correntemente, de cofres e arcas destinados a viagem e, como tal, assim protegidos. (40.p.258)
ENCOLAGEM
Ver ENCOLAR.
ENCOLAR
Dar uma ou mais demãos de cola para isolar a tela ou a madeira de modo a que este não absorva o aglutinante da preparação. Ajuda a promover a adesão entre a preparação e o suporte. (1.p.84)
Dar ao papel o preparado que perde com os banhos (Termo de encadernador). (10)
Encolar o panno (Termo de Pintor). Dar huma mão de cola, para tapar os fios do panno, e para que receba melhor a tinta. (24.p.91)
Embeber com cola para evitar que uma superfície absorva os pigmentos da coloração. (8.p.120)
ENCÓLPIO
Relicário de pequena dimensão, portátil, podendo ser suspenso ao pescoço. O recipiente da relíquia pode ser constituído por dois elementos que se encaixam um no outro ou inserir-se em moldura. O encólpio pode ser em forma de cruz (encólpio cruciforme), de medalhão (medalhão-relicário) ou de pendente (pendente-relicário). (4.p.100)
ENCORDOAMENTO
Motivo decorativo em forma de corda. (5.p.120)
ENCOSTO
Superfície vertical ou oblíqua que serve para se apoiar as costas e excepcionalmente o peito). As costas podem ter as seguintes características:
Móveis – quando comportam um sistema ou mecanismo destinado a alterar a posição;
Cheias (sem qualquer abertura) – as costas cheias podem ainda ser constituídas por uma armação móvel (falsas costas), com guarnição de mudar mantida num encaixe (caixilho ou aro de recosto), por meio de parafusos, ou de pequena lingueta giratória;
Abertas ou vazadas – com aberturas executadas mediante diversos desenhos e processos. Quando constituídas por travessas verticais, a travessa do meio designa-se por tabela, sendo geralmente mais decorada e que pode, por sua vez, ser cheia ou vazada. (3.pp.60-61)
ENCOURAR
Forrar exteriormente a couro arcas, cofres, caixas, canastras, etc., de viagem. (40.p.258)
ENFORNA
Acto de dispor as peças no interior do forno para a cozedura. É feita de duas maneiras diferentes, em função das duas fases essenciais de cozedura da produção cerâmica: a primeira, com as peças em pasta argilosa crua e seca empilhadas apenas umas sobre as outras; a segunda, com as peças em chacota e já com revestimento de vidro e decoração, arrumadas sobre placas refractárias, trempes, cantoneiras e gazetes, evitando-se o contacto físico entre elas durante a cozedura. (2.p.105)
ENGASTAR
Encastoar pedraria em ouro, ou prata. (9.p.500)
O trabalho de engastar. A peça em que se engasta, e embebe a pedra. (9.p.500)
Fixar as gemas num suporte metálico chamado “castão”. (53.p.27)
ENGASTE
Ver ENGASTAR.
ENGESSAR
Operação que consiste em aplicar gesso sobre a superfície das esculturas para as estofar e policromar. (8.p.120)
ENGOBE
Também conhecido como “leite de argila”. Camada de argila fina, depurada, aplicada sobre a superfície dos recipientes. O engobe é obtido pela suspensão, em água, das partículas mais finas de argila. Os engobes podem ser feitos decantando a solução depois de as partículas mais pesadas terem assentado (Ver DECANTAÇÂO). Podem ser aplicados por imersão dos objectos na solução ou por pincelagem. (12.p.137)
Argila diluída, que pode ter diferentes colorações, utilizada para constituir a decoração ou o fundo desta. Também serve para disfarçar as imperfeições do corpo de uma peça. (14.p.275)
Técnica de pintura com argila líquida, corada com óxidos ou pigmentos, aplicada sobre o corpo cerâmico ainda cru. As peças podem ser apenas submetidas a uma única cozedura, mono cozedura, ou ser ainda cobertas com um vidrado fino e transparente e ser cozidas segunda vez. (2.p.105)
Técnica de revestimento terroso, constituído por argila fluida aplicada sobre uma peça em barro antes da cozedura. (8.p.120)
ENGOBO
Ver ENGOBE
ENGONÇOS
Ver GONZOS.
ENROLAMENTO
Ornamento em geral vegetalista constituído pelo movimento repetitivo em espiral de folhagens, podendo associar-se a flores, frutos ou fitas. (2.p.90)
Ornamento composto por linhas curvas adornadas a com formas naturalistas, sobretudo folhas. (25.p.349)
ENROLAMENTO DO VIDRADO
Área de formato irregular com área sem vidrado, deixando a chacota à vista, e que podem surgir em qualquer parte da peça. Quando a retracção do vidrado é grande e a chacota surge sem vidrado, o fenómeno pode estar associado com a presença de matérias gordas na superfície da chacota.
Pode estar associado também ao escorrimento de excesso de vidrado sobre a chacota, sendo então visível nas arestas ou nas reentrâncias das peças. O enrolamento do vidrado ocorre também na área circundante a uma fissura estrutural da chacota. (2.p.126)
ENSAIADOR
Oficial na casa da moeda, que examina os quilates do ouro, e os dinheiros da prata. (24.p.131)
Aquele que pratica o ensaio. Ofício municipal ou da Casa da Moeda cuja função consiste em averiguar a legalidade do metal precioso empregue na liga. Em caso afirmativo colocava uma marca própria. 5.p.138)
ENSAIO
Prova, que o Ourives, ou Químico faz dos metaes para examinar os seus quilates. (9.p.501)
Análise feita à prata ou ao ouro (ou a outros metais) para determinar a sua identificação e o teor das suas ligas. Pode ser praticado através da pedra de toque ou da copelação. (5.p.138)
ENSAMBLAR
Técnica de união de peças de madeira utilizada na construção de obras de carpintaria ou de marcenaria. (3.p.38)
O mesmo que “samblagem” ou “samblage”: ligação de peças de madeira obtida pela interpenetração, ou encaixe, adequados, de elementos salientes duma delas em rebaixos ou vazios da outra, reforçada geralmente por colagem e, às vezes, com pinos de madeira dura. (40.p.258)
Juntar, unir, partes, elementos ou peças que constituem uma obra esculpida. Termo usado na retabulística para designar a actividade de montagem do conjunto. (8.p.120)
ENSAMBRADO
O mesmo que “ensemblado”; com samblagens. (40.p.258)
ENTABLAMENTO
Termo arquitectónico que designa a estrutura que remata superiormente as colunas adossadas dispostas no armário. (3.p.93)
ENTALHADOR
Oficial de obra de talha, que representa em madeira laçarias flores, folhagens, brutescos, etc. de meio relevo. (9.p.508)
Oficial de obra de talha com flores de madeira, e folhagens, com cabeças de anjos, cometas, brutescos, e outras figuras de meyo relevo reveste obras lizas de semblagem. (24.p.138)
ENTALHAR
Técnica que consiste em esculpir volumes e cavidades na madeira maciça, formando composições decorativas. (3.p.41)
Lavrar madeira de obra de talha, como o faz o entalhador. Cortar, abrir, exarar em pedra, ou metal. (9.p.508)
O trabalho do entalhador; ou de entalhar. (9.p.508)
É um dos mais antigos processos usados para esculpir. Consiste num processo subtractivo executado sobre uma massa sólida de material resistente (suporte) através do corte, cinzelagem ou abrasão de modo a criar uma forma determinada. (8.p.120)
ENTALHE
Obra de gravura ou de cinzeladura, resultante de abertura ou corte em madeira ou metal. Também é conhecido como a pedra dura gravada em oco. Houve pouca produção de entalhes na Idade Média, mas foi muito comum durante o Renascimento. Pode ser entendido como o contrário de camafeu. (7.p.70)
Gravação de pedras, geralmente translúcidas a opacas, que difere do camafeu por este último ser em relevo, e que é utilizado, por exemplo, na manufactura de selos ou sinetes com motivos heráldicos ou outros. (5.p.138)
ENTALHO
Ver ENTALHAR.
ENTAPIZAR
Ornar, de tapeçarias. (9.p.508)
ENTRANÇADO
Motivo decorativo que se dispõe em forma de trança. (5.p.120)
ENTRELAÇADO
Ornato composto por curvas e contracurvas que se cruzam entre si. (2.p.90)
Ornato feito de molduras ou letras entremeadas umas com as outras. É conhecido como o principal elemento da ornamentação árabe. (7.p.71)
ENTRENERVO (ou casa)
Espaço na lombada, compreendido entre dois nervos consecutivos. (10)
ENTREPANOS
Septos horizontais e verticais que definem o espaço onde correm as gavetas. (3.p.89)
Septo ou painel, vertical ou horizontal, que divide interiormente o móvel. (3.p.93)
Parte estrutural de um móvel que possibilita a separação entre gavetas. Rapidamente desapareceu nos móveis franceses, de modo a permitir
uma grande unidade decorativa da frente do móvel, sobretudo quando o marchetado era a técnica empregue na sua decoração. (37.p.130)
ENTRE-PORTA
Peça alta e estreita, normalmente com a mesma bordadura dos outros panos. (44.p.64)
ENVERNIZAR
Dar uma camada de verniz especial como preparado final do livro. (10)
Aplicar um verniz. (8.p.120)
ENXAMBRAR
Técnica de união de peças de madeira utilizada na construção de obras de carpintaria ou de marcenaria. (3.p.38)
ENXAQUETADO (TÉCNICA)
Composição decorativa obtida por um esquema de aplicação de azulejos, em meia esquadria, com formas geométricas e dimensões variáveis, separados por faixas rectangulares, em geral de cores lisas. Este tipo de composições utilizou-se em revestimentos parietais desde a segunda metade do século XVI até meados do século XVII. (2.p.106)
ENXERGÃO
Saco grande de palha, que se põe nas camas por baixo do colchão. (9.p.520)
EPERGNE
Tipologia de centro de mesa constituído por cestos ou taças, que podem ser de vidro, dispostos em vários níveis. São sustentados por braços curvos, habitualmente amovíveis, que partem de uma estrutura central. Esta assenta sobre pés ou sobre uma base em forma de tabuleiro e é encimada por um cesto ou taça de maior dimensão. Eram sobretudo utilizados para apresentar fruta e doçarias. (5.p.84)
EPIGRAFIA
Etimologicamente, designa o que é escrito sobre, não especificando a natureza do suporte. Enquanto disciplina científica que estuda a escrita, ocupa-se do estudo das epígrafes, isto é, dos documentos escritos sobre suportes rígidos (pétreos, lígneos, metálicos ou cerâmicos) através das técnicas da gravação e da escultura tendo como finalidade a publicitação dos seus conteúdos e a sua durabilidade. (8.p.120)
EPITÁFIO
Inscrição gravada directamente num monumento funerário ou numa placa separada, adossada ou não ao túmulo. (8.p.120)
EROSÃO (DESGASTE POR)
Desgaste contínuo da superfície da cerâmica, provocada pelos agentes atmosféricos. (2.p.122)
ERVAS DA ÍNDIA (PANO DE)
Tecido indiano que se executava com a seda do casulo do insecto selvagem. Por este ser colhido entre as herbáceas espontâneas, os portugueses julgavam que o fio era também uma erva. (40.p.258)
ESBAGANHAR
Ver RIPAGEM.
ESBEIÇADELA
Falha de pasta cerâmica geralmente nos pontos mais frágeis dos objectos, como os bordos e bases, geralmente por consequência de um choque físico violento. (2.p.122)
ESBOÇO
É o nome dado ao traço geral e inicial de um desenho ou pintura. É também o nome dado a um primeiro estudo de um projecto de arquitectura. (7.p.71)
Projeto inicial de qualquer obra artística em que, normalmente, estão ausentes os pormenores.
Desenho preparatório de uma obra de arte. Fase da produção de uma escultura na qual as formas principais já foram dadas à matéria dessa obra (pedra, madeira, marfim, barro…), enquanto os pormenores e o acabamento ainda não foram executados. Bozzetto, em italiano. (8.p.120)
ESCABELO
Banco comprido e largo, de assento móvel. Constitui ao mesmo tempo uma caixa, cujo assento serve de tampa. (7.p.71)
Móvel de assento de um lugar sem costas e de madeira. Assenta sobre pernas e pés ou painéis verticais, geralmente unidos por travessas. Pode assumir formas diversas. (3.p.57)
Assento pequeno de madeira sem braços, nem espaldares. (24.p.200)
Assento de baixo custo, geralmente raso e todo de madeira, com estrutura de suporte de vários tipos, de uso caseiro e popular. (40.p.259)
ESCACILHAR
Fazer lascas com um pequeno martelo nos bordos do tardoz de um azulejo de modo a criar arestas irregulares na chacota que facilitam a
justaposição e a aplicação dos azulejos à parede. (2.p.106)
ESCALFADOR DE MESA
Acessório destinado a aquecer líquidos ou a manter os alimentos quentes, à mesa. É constituído por uma trempe, geralmente circular ou oval, com ou sem cabo e uma lamparina para o combustível. Alguns modelos mais recentes, providos de um aro oval, um outro circular e uma lamparina basculante, podem ser utilizados de forma reversível. Uma tipologia menos corrente é constituída por quatro braços horizontais extensíveis e dispostos em cruz interceptados, ao centro, pela lamparina. Os braços assentam sobre igual número de pés e, na direcção destes, elevam-se pequenos suportes para apoio do recipiente que se coloca sobre o mesmo. A sua versatilidade reside no facto de se adaptar às dimensões dos vários recipientes. (5.pp.84-85)
ESCALFADOR PARA ÁGUA
Recipiente vertical constituído por um bojo circular acentuadamente convexo e um colo cilíndrico, provido de uma tampa amovível e de uma asa articulada, destinado a conter água quente. (5.p.85)
ESCALFA-MÃOS
Objecto utilizado antigamente pelo clero para manter as mãos quentes durante os ofícios. Feito em metal perfurado é, geralmente, em forma de esfera aberta em duas metades que encaixam uma na outra, contendo um pequeno receptáculo onde se colocavam brasas, ou um pedaço de metal incandescente ou uma pequena lâmpada de óleo mantida no horizontal por um sistema de suspensão. Distingue-se do escalfa-mãos de uso civil, pela decoração com iconografia religiosa. (4.p.100)
ESCALFETA DE LEITO
Acessório destinado a aquecer o leito, constituído por um recipiente baixo de forma circular, provido de tampa articulada e de um longo cabo horizontal de madeira. O fundo é geralmente liso e a tampa transfurada para permitir a saída do calor das brasas. (5.p.85)
ESCAMAS
Ornato feito por um conjunto de elementos que tem a forma e disposição das escamas de peixe. (2.p.90)
Qualquer ornato que tem a forma de escama. Quando as escamas estão sobrepostas têm o nome de lamelas, como se fossem as telhas de um telhado. (7.p.71)
Ornamento obtido pela justaposição de círculos, imitando as escamas de um peixe. (5.p.120)
ESCANINHO
Compartimento existente no interior de um móvel para guardar, preservar ou ocultar objectos de menores dimensões. (3.p.83)
Repartimento, ou gavetinha secreta dentro de caixa, cofre, papeleira. (9.p.530)
ESCANO
Do latim scamnum: banco com caixa, de função secundária, guarnecendo as entradas e átrios, patamares e corredores das residências portuguesas dos sécs. XVII e XVIII, sobretudo. Usado frente às lareiras nas cozinhas da Beira e Trás-os-Montes, geralmente com mesa rebatível. (40.p.259)
ESCAPARATE
Manga de vidro, ou coisa semelhante, que dá vista dos objectos que tem dentro, livrando-os de que os toquem com as mãos. (9.p.530)
Ver PRATELEIRA.
ESCAPULÁRIO
Objecto de devoção, benzido, que se destina a marcar uma devoção pessoal e a colocar-se sob a protecção de Cristo, da Virgem ou de um santo. O escapulário é, geralmente, composto por dois pequenos bocados de tecido, decorados com imagens piedosas e ligados por cordões. É colocado por baixo da roupa, sobre as costas e o peito. A sua iconografia e cor variam de acordo com a ordem religiosa (grande escapulário) ou a confraria (pequeno escapulário) de que provêm. O pequeno escapulário usado como objecto de devoção privada, geralmente à Virgem do Carmo, não ligado a uma confraria, diz-se bentinho. (4.p.66)
ESCAQUES
Quadrados como os do tabuleiro do xadrez, com cores alternadas. (9.p.530)
ESCARLATA
Panno de lã carmesim fino, mas não tanto como a grãa. (9.p.531)
ESCARRADEIRA
Recipiente para recolher secreções orais. Sendo, em geral, de forma cilíndrica, tem tampa afunilada furada no centro e asa lateral. Pode ter uma configuração decorativa e mesmo zoomórfica. (2.p.70)
ESCARRADOR
Ver ESCARRADEIRA.
ESCAVADO
Trata-se de um rebaixo na obra de madeira entalhada, proporcionado pelo retirar de material. Obtém-se assim profundidade para a composição e valorizam-se os elementos entalhados. (38.p.231) Moldura escavada, côncava, de secção circular ou elíptica, que separa dois toros (v. toro) de uma base de coluna ou pilastra. (8.p.121)
ESCÓCIA
Moldura escavada, côncava, de secção circular ou elíptica, que separa dois toros (v. toro) de uma base de coluna ou pilastra. (8.p.121)
ESCODAR
Surrador; metter o carnás da pelle para dentro, e alizar a parte de fora, ou flor para a tingir. (9.p.533)
ESCOLA
Conjunto de características técnicas comuns a obras produzidas por seguidores de um determinado mestre. Utiliza-se também a designação para referir as obras produzidas numa determinada região (país) com características comuns. (17)
ESCOPRO
Ferramenta que se utiliza para o trabalho da madeira. É composto por um punho de madeira e uma faca com lâmina de corte em bisel. (8.p.121)
ESCORÇO
Representação perspectivada de um corpo de forma a que este apareça numa imagem mais curta do que a sua representação frontal. Assim, a cabeça, ou os pés, são o elemento que aprece em primeiro plano. Francisco de Holanda chama-lhe “recorsado”, que deve ter sido a designação tradicional em português, embora presentemente se use mais a forma derivada do italiano scorzio. (1.p.86)
ESCRAVA
Pulseira de vários modelos caracterizada por apresentar um aro rígido. Estas peças podem ser constituídas por um fio maciço, sem abertura, e usadas em número de sete; podem, ainda, ser produzidas numa chapa estreita, decoradas com desenhos incisos e usadas igualmente em número de sete, num travessão de ouro que as transforma num só ornato.
O modelo mais associado à designação de escrava é aquele conhecido, nalguns círculos, por escravas de amêndoa, ou seja, feitas em meia cana, fechadas e ocas. Abrem e cerram através de um pequeno fecho suportado por uma fina corrente fixa, evitando, assim, que a pulseira se perca ou caia no caso de abrir, ou quando está a ser colocada. Por serem ocas, danificavam-se com facilidade, e repará-las era difícil por serem feitas em canevão. Por estes motivos, começaram a ser executadas com o aspecto de meia cana, mas aberta, permitindo a sua reparação no caso de se encontrarem amassadas. Geralmente, têm um centímetro de largura, mas podem ser bastante mais largas. Os modelos mais encorpados são, por vezes, ornamentados com ricas decorações incisas de motivos retirados da flora. Contudo, nos anos 40 do século XX, foram comercializadas escravas largas com motivos geométricos às quais se chamava “estilo mourisco”. Em casos mais raros, estas pulseiras apresentam flores e outros motivos decorativos tridimensionais, formados por flores, ramagens e arabescos soldados à pulseira. (11.p.78)
ESCRITÓRIO
Serviço formado por um suporte, geralmente uma bandeja, que contem o tinteiro, areeiro, porta-penas ou porta-canetas e, por vezes, uma espécie de caixa com gaveta e um castiçal. (2.p.70)
Móvel composto por um corpo ou caixa contendo gavetas agrupadas em torno de um escaninho, ou gaveta, ocultas por meio de um batente, articulado inferiormente. Este, quando aberto, serve geralmente como superfície horizontal de apoio para a escrita. (…)
No final da Idade Média, a palavra escritório, designava, conforme as ocasiões, seja a divisão da casa que servia de biblioteca ou de gabinete de trabalho, seja um pequeno móvel portátil em forma de necessaire, seja o simples tinteiro portátil dentro de uma bolsa ou escrivaninha. O escritório em forma de necessaire, no século XVI, continha os utensílios para escrever: o recipiente para a tinta, as penas de ganso, o canivete para as afiar, uma faca e as folhas de pergaminho. Sobretudo na segunda metade do século XVI divulga-se como móvel de execução cuidada e portanto, dispendioso. (3.pp.95-96)
ESCRITÓRIO DE BANCA
Designação atribuída a um escritório de menor dimensão. Ver ESCRITÓRIO.
ESCRITÓRIO DE ESTRADO
Designação atribuída a um escritório de menor dimensão. Ver ESCRITÓRIO.
ESCRITÓRIO DE POUSAR
Designação atribuída a um escritório de menor dimensão. Ver ESCRITÓRIO.
ESCRIVANINHA
Caixa, em que se traz o necessário, para escrever, como pennas, tinta, canivete, etc. (24.p.228)
Pequeno móvel de tampo inclinado, próprio para nele se escrever, colocado sobre a mesa, banca, etc. (40.p.259)
Recipiente que contém ou suporta os acessórios destinados à escrita. Os modelos de conter apresentam forma de caixa com tampa. Os modelos de suporte são constituídos por uma bandeja assente sobre pequenos pés, que sustenta um número variável de acessórios de escrita. Para além do tinteiro e do areeiro, poderá apresentar um depósito ou uma cavidade longitudinal para poisar as penas, uma caixa para obreias, uma campainha, um ou dois pequenos castiçais e, ocasionalmente, um apagador de velas. (5.pp.85-86)
ESCUDELA
Recipiente usado para a apresentação e consumo de alimentos. De forma geralmente semiesférica tem duas asas e por vezes tampa. (2.p.71)
Recipiente semiesférico usado para a confecção, conservação e consumo de alimentos. (2.p.86)
Pequenas taças baixas de forma bastante robusta, com base sólida e carena, côncava no interior e de paredes bastante espessas. O termo reserva-se normalmente para produções medievais e posteriores. (12.p.70)
Espécie de tigela. (9.p.537)
Era um vaso a modo de tigela. (24.p.233)
Do latim scutella. Recipiente covo, de secção circular e geralmente coberto, destinado a alimentos quentes. Tem duas asas horizontais e simétricas junto ao bordo, também designadas por “orelhas”. Poderá estar associada a um prato, sobre o qual é colocada. Ocasionalmente a tampa é reversível permitindo a sua utilização também como recipiente. (5.p.86)
ESCUDETE
Escudo pequeno de ferro, ou outro metal onde estão gravadas as armas de alguma família, e servem de ornar grades, capas de livros, etc. (9.p.537)
Espelho de entrada de fechadura. Pequeno escudo em metal ou em madeira, neste último caso, o escudete é embutido numa madeira de tonalidade diferente (geralmente mais clara) da frente da gaveta ou do gavetão onde foi aplicado. (38.p.231)
ESCUDO
Motivo ornamental que representa uma arma defensiva de configuração circular ou oblonga. (2.p.90)
Peça de armadura antiga, de forma quadrangular, triangular ou outra, que resguardava o guerreiro. Na sua superfície são gravadas as peças e figuras heráldicas. (7.p.72)
Emblema onde são representadas as armas de uma família, de uma corporação, de uma nação, etc. Designa-se por escudete quando as suas dimensões são reduzidas. (5.p.120)
ESCULPIR
Processo de concepção de uma obra de arte a partir do qual se cria uma escultura. Refere-se ao talhe de uma figura, de um ornamento ou de qualquer outra forma na pedra, no mármore, no marfim, na madeira ou num material duro, criando um relevo ou uma escultura de vulto. Por extensão, designa a execução de formas em vulto ou em relevo através de diversas técnicas (modelagem, moldagem, talha, fundição, repuxagem, colagem etc). Para esculpir em cera utilizam-se espátulas, facas, limas, lixas. Esculpir em madeira tem o mesmo significado de entalhar ou talhar. Os instrumentos utilizados variam nas fases de corte e desbaste para a do entalhe. Para o corte e desbaste usam-se serras, machados de corte, enxós, rebotes, plainas e graminhos. Para o entalhe são usados os formões, as goivas de diversos tamanhos e feitios, os cinzéis, os buris e os furadores, com o auxílio dos maços de madeira de carvalho ou de sobreiro. Para o polimento são utilizados abrasivos como as lixas, as raspas ou a pedra pomes. Na escultura em metal temos quase sempre peças fundidas (v. fundição, cera perdida). Esculpir em pedra significa entalhar ou talhar. Os instrumentos utilizados podem ser réguas, esquadros, compassos, fios de prumo, ponteiros, para marcação de pontos, eixos ou ângulos. Utilizam-se ferramentas de percussão (martelo, bojarda, picão, picareta, maço, marreta, cunha), ferramentas cortantes (trépano, badames, escopros lisos e dentados também denominados gradins, cinzel, goivas para pedras brandas, brocas de vários tamanhos) e as ferramentas de abrasão como a serra, lima, raspa, grosa e pedras abrasivas. (8.p.121)
ESCULTURA
A arte de plasmar a matéria. Conforme o material utilizado, a escultura divide-se em seis tipos: de madeira, de pedra, de marfim, de barro, de metal (ourivesaria) e de bronze (fusão). (13)
ESCULTURA ARQUITECTÓNICA
É assim chamada uma obra plástica incluída no interior ou no exterior (por exemplo num tímpano ou nos arcos suspensos das fachadas românicas) de um edifício a cuja estrutura está fortemente ligada. Este tipo de escultura é popular no período clássico, no tardo-românico, no gótico e no barroco, enquanto que no neoclassicismo é substituída pela escultura livre. Na escultura arquitectónica são frequentes algumas formas figurativas como o acrotério, o atlante ou telamão, a cariátide, o amorzinho e os cupidos. (13)
ESCULTURA CERÂMICA
Técnica que conjuga o ofício de ceramista com a actividade do escultor, dando à cerâmica o volume ou formas próprias do objecto escultórico. (8.p.121)
ESCULTURA DE JARDIM
Escultura que se integra no programa decorativo de um jardim ou de um ambiente exterior. (8.p.122)
ESCULTURA DECORATIVA
Obra esculpida concebida para se integrar num edifício, num monumento, num móvel ou num objecto e que se relaciona nas suas linhas e nos seus efeitos com a parte do edifício, monumento ou móvel que decora. (8.p.122)
ESCULTURA EXENTA
Ver ESCULTURA ISENTA.
ESCULTURA INDEPENDENTE
Obra esculpida que não foi concebida para se integrar em nenhum edifício, monumento, móvel, ou para decorar um objecto. (8.p.122)
ESCULTURA INDUSTRIAL
Termo genérico que designa as figurinhas (em porcelana, terracota, faiança, gesso, zinco, alumínio, etc.), os relevos de aplicação em metal, assim como muitas outras esculturas que decoram diferentes objectos e utensílios reproduzidos industrialmente em grande número. (8.p.122)
ESCULTURA ISENTA
Escultura de vulto concebida para se situar num conjunto arquitectónico (jardim, praça pública) ou num espaço destacado (centro de uma sala, por exemplo) mas que não entra necessariamente na decoração de um edifício, de um monumento ou de um móvel. Está normalmente colocada sobre uma base ou um pedestal. (8.p.122)
ESCULTURA MONUMENTAL
É uma escultura de vulto, um relevo ou uma escultura funerária que está integrada e subordinada a um edifício ou a um monumento, destinada a celebrar a memória de uma pessoa, de um acontecimento, de uma ideia. Na análise plástica, o termo também se aplica na descrição de uma obra de grandes dimensões. (8.p.122)
ESCULTURA POLÍPTICO
Escultura ou grupo escultórico, geralmente representando a Virgem com o Menino (Virgem abrideira), que se abre ao centro ou lateralmente para constituir um díptico ou um tríptico. No interior, as representações religiosas podem ser pintadas ou em relevo. (4.p.22)
ESCULTURA PÚBLICA
Designa as obras escultóricas instaladas em espaços públicos e por isso acessíveis e visíveis a todos os públicos. (8.p.123)
ESCULTURA-MONUMENTO
É uma escultura de vulto isolada, de grandes dimensões, colocado na maior parte das vezes sobre um pedestal ou qualquer outro suporte. A estátua equestre é uma escultura-monumento. (8.p.122)
ESCUMADEIRA
Espécie de colher, toda em buraquinhos, para escumar a Panela, etc. (24.p.235)
Colher redonda quase chata, cheia de buraquinhos. (9.p.538)
ESFERA ARMILAR
Globo vazado formado por círculos (armilas) que figuram o Equador, os Paralelos, os Meridianos e o Zodíaco. Emblema de D. Manuel I. (2.p.90)
ESFINGE
É uma escultura que representa um enorme monstro com cabeça humana e corpo de leão. Encontram-se no Egipto e tinham como finalidade representar o Sol. (7.p.72)
Monstro alado com cabeça de mulher e corpo de leão (Grécia) ou com corpo de leão e cabeça de outro animal (Egipto), que integra frequentemente os grotescos. (25.p.349)
ESFOLADO
Modelo utilizado para a aprendizagem da anatomia, que representa o corpo humano sem a pele, vendo-se directamente os músculos. Também se designa por esfolado o desenho académico feito sobre esses modelos. (1.p.86)
Derivado do termo francês écorchée, identifica uma representação artística em que se mostra uma figura sem pele. (8.p.123)
ESFUMADO
Manchas e traços de tonalidades negro-acinzentadas observados na decoração marchetada ou embutida, contribuindo para um melhor realce de certos traços e contornos. Estes efeitos obtêm-se pela imersão de madeiras de tonalidades claras em areias (as preferidas são as de origem vulcânica por atingirem temperaturas mais elevadas) ou através de ácidos. A madeira é seguidamente desgastada com um buril, obtendo-se diferentes manchas e traços mais ou menos acentuados. (38.p.231)
ESGRAFIADO
(Termo de Pintor) Pintura esgrafiada. (24.p.245)
ESGRAFITADO (TÉCNICA)
Técnica de decoração em que se retira com o auxílio de um estilete a camada vidrada do corpo cerâmico, deixando visível a chacota, assim configurando os motivos decorativos. (2.p.106)
ESGRAFITO
É uma incisão muito fina que se aplica sobre uma superfície de pedra, metal ou madeira. É um género de pintura que aplica em fundo negro uma camada branca, que depois se levanta com um estilete para formar as sombras. (7.p.72)
Técnica de decoração que consiste em cobrir um fundo, pintado ou dourado, por uma camada de tinta negra, que o artista raspa desenhando uma composição, a qual aparece com a cor do fundo, sobre o negro. (40.p.260)
Termo derivado do italiano “graffito”. Técnica de decoração ou de desenho na qual se risca, com pouca profundidade, sobre uma superfície superior para revelar a superfície inferior (exemplo: estofado esgrafitado). Esgrafito é a marca e a forma que a ferramenta imprimiu sobre a superfície. (8.p.123)
ESGUIÃO
Lençaria fina para camisas, etc. (9.p.542)
ESMALTAGEM
Técnica decorativa para colorir a superfície do metal. Os esmaltes são compostos de potássio e sílica e coloridos com óxidos metálicos aplicados sobre o metal, fundindo a altas temperaturas. Antigamente, era utilizada a técnica de “cloisonné”, onde espaços limitados por tiras de metal eram preenchidos por esmaltes, sendo hoje possível encontrar diversas técnicas de aplicação, incluindo a esmaltagem a frio. Nas peças barrocas, o esmalte é aplicado na jóia com um estilete de aço, usualmente nos cunhos e sobre os motivos que melhor se adaptem a esse efeito. Folhas e pétalas de flores, como apresentam um interior côncavo e não convexo, facilitam a sua aplicação. Após a aplicação do esmalte, a peça é colocada numa piúca, onde, sob a acção do fogo conduzido pelo maçarico de sopro, o esmalte é vitrificado. (11.p.24)
Técnica de decoração que consiste na cobertura directa do corpo cerâmico com esmaltes. Pode ser executada através de pêra, pincel, trincha, banho ou aerografia. (2.p.106)
Técnica decorativa aplicada à estrutura de uma peça, cobrindo-a parcial ou na totalidade com uma pasta vítrea translúcida ou opaca, procurando, desta forma, enriquecê-la. São quatro as técnicas principais de esmalte: Esmalte cloisonné – esta técnica é executada a partir da aplicação de diminutas tiras de metal fixadas sobre uma base metálica. Nela era riscado o desenho pretendido, sendo o seu interior preenchido por um pó de vidro. Em seguida, levava-se ao fogo e fundia-se o pó em pasta vítrea. Finalmente, com a repetição deste processo de fusão, obtinha-se uma aparência colorida, suave e brilhante.
Esmaltagem champlevé – neste processo procede-se ao delinear de um conjunto de linhas escavadas na superfície da liga metálica que eram preenchidas por um pó de vidro. Submetido a temperaturas elevadas, esse pó fundia-se em pasta vítrea que, após o seu arrefecimento, endurecia e nivelava a superfície, para, posteriormente, ser polida.
Esmaltagem basse-taille – técnica de esmalte mais aperfeiçoada e que procurava obter efeitos graduais de claro-escuro. Depois de gravado o desenho na superfície metálica, este era cheio por um esmalte translúcido. As áreas mais próximas da superfície tornam--se mais luminosas, enquanto as que se depositaram nas áreas escavadas aparecem mais escuras.
Esmaltagem ronde-bosse – técnica que surge apenas no século XV. Neste processo pretende-se aplicar esmaltes por camadas com diferentes tonalidades. Dado que as cores tinham diferentes pontos de fusão, aquelas que obtinham o ponto de fusão mais elevado eram colocadas primeiro e submetidas gradualmente ao fogo, de modo a impedir que as restantes se misturassem. (5.p.138)
ESMALTE
Vidrado opaco, corado com óxidos metálicos, adquirindo a cor dos respectivos óxidos. (2.p.106)
Matérias vitrificadas, coloridas por um óxido metálico, aplicadas em estado cremoso sobre o vidrado das porcelanas ou sobre biscuit já cozido. Revelam-se após cozedura em pequeno fogo ou “fogo de mufla” a cerca de 750-800º. (14.p.275)
É o revestimento vítreo opaco das cerâmicas e objectos metálicos. Compõe-se geralmente de areia siliciosa, mistura de óxido de potássio e de sódio e de óxidos metálicos. É de realçar os esmaltes de Limoges. (7.p.73)
Substância vítrea colorida, opaca ou translúcida, aplicada em pó numa superfície metálica e que se solidifica depois fundida a alta temperatura, ficando inalterável
ESMERALDA
Gema de tonalidade verde, que constitui uma variante do berilo, e que não foi muito utilizada na joalharia portuguesa da segunda metade do século XVIII. Proveniente de várias regiões, é através do chamado “jardim” da esmeralda, ou serja, através das inclusões que possui, que se pode determinar a origem geográfica. Antigamente, era dado o nome de esmeralda do Brasil à turmalina verde. (39.p.225)
Variedade verde de berilo, particularmente comum na ourivesaria ocidental a partir do século XVI em virtude da produção colombiana de onde procediam pedras de elevada qualidade e dimensão considerável. Até esse período, as esmeraldas, de mais fraca qualidade, vinham do Egipto e da Áustria, admitindo-se hoje a existência de exemplares medievais do actual Paquistão e Afeganistão, assim como da China (Davdar). Não é rara a aplicação de uma folheta verde para melhorar a cor aparente da pedra. (5.p.139)
ESMERALDA DO PERÚ
Nome por que eram designadas as esmeraldas do Novo Mundo no virar do século XV para o XVI. Antes da localização das minas colombianas as esmeraldas procediam de artefactos em tesouros e túmulos de civilizações autóctones, numa área geográfica que ia desde o México até ao Norte do Chile e Peru. (5.pp.139-140)
ESPAGNOLETTES
Motivo ornamental surgido em França na época da Regência, introduzido por Watteau (1684-1721), e constituído por uma cabeça de mulher com um ar sorridente, voltando-se de uma maneira graciosa. A figura apresenta-se penteada com um diadema e uma palmeta ou plumas, de onde pende motivo de folhagem com voluta, concheado e com gola de renda relevada e engomada, segundo a moda espanhola. Este motivo surgia, quer esculpido na pedra das fachadas, quer pintado nos madeiramentos. Aplicado ao mobiliário surge-nos, quer entalhado em cadeiras e consolas, quer sobretudo executado em bronze ou latão e colocado nos ângulos superiores de cómodas e secretárias. (38.p.231)
ESPALDAR
Superfície vertical ou oblíqua que serve para se apoiar as costas e excepcionalmente o peito. As costas podem ter as seguintes características:
Móveis – quando comportam um sistema ou mecanismo destinado a alterar a posição;
Cheias (sem qualquer abertura) – as costas cheias podem ainda ser constituídas por uma armação móvel (falsas costas), com guarnição de mudar mantida num encaixe (caixilho ou aro de recosto), por meio de parafusos, ou de pequena lingueta giratória;
Abertas ou vazadas – com aberturas executadas mediante diversos desenhos e processos. Quando constituídas por travessas verticais, a travessa do meio designa-se por tabela, sendo geralmente mais decorada e que pode, por sua vez, ser cheia ou vazada. (3.pp.60-61)
Costas ou recosto de um móvel de assento ou de uma cama. (37.p.130)
ESPALDAR DE CADEIRAL
Alizar de madeira revestindo a zona da parede que se eleva por detrás do cadeiral, geralmente trabalhado e decorado com colunas, nichos, painéis pintados ou esculpidos, etc. encostando à fiada superior de cadeiras e rematando superiormente pelo “guarda-pó”. Como este destinava-se a isolar a parede, dando certo aconchego aos utentes do cadeiral. (40.p.260)
ESPARGIR
Espalhar pequenas gotas de tinta na superfície a ornamentar. (10)
ESPÁTULA
Faca em forma de paleta. O pintor utiliza-a para aplicar a cor diretamente sobre a superfície do quadro, substituindo o pincel. (17)
ESPELHO
Vidro, ou lamina de Cristal, muito lisa, com azougue, aplicado ou estendido por detraz, para reverberar as espécies, ou imagens dos objectos que se lhe põem diante. Antes da invenção dos espelhos via o homem todas as criaturas visíveis, mas não se podia ver a si proprio, formoso epilogo, e admirável compêndio de todas. No pulido dos mármores, na cristalina superfície das agoas, nos escuros reflexos das sombras foi a natureza toscamente formando e alisando espelhos, até que finalmente aprendeu a arte de fazer o homem presente a si mesmo. (24.p.266)
ESPELHO DE FECHADURA
Chapa de metal (geralmente latão, ferro ou bronze e mais raramente prata) que protege a entrada da fechadura ou serve de base de apoio à fixação dos puxadores de gavetas, gavetões e portas de uma peça de mobiliário. Escudete. (38.p.231)
ESPELHO DE PUXADOR
Ver ESPELHO DE FECHADURA.
ESPEQUE
Peça de madeira destinada a amparar um tecto, uma parede, uma casa ou qualquer outra coisa. (7.p.73)
ESPESSARTITE
Granada rica em manganês, geralmente de cor alaranjada, tendo conquistado um lugar de relevo na ourivesaria apenas no século XX, conhecendo-se, porém, a sua rara utilização na Idade Média. (5.p.140)
ESPEVITADOR
Instrumento utilizado (…) para limpar a cera derretida acumulada junto ao morrão. Pode apresentar a forma de pinça ou haste com ponta aguçada. Pode estar ligado ao castiçal. (4.p.135)
ESPIGUILHA
Renda com pontinhas, de linho, ou seda, ou fio de oiro, e prata. Também dão este nome ao galãzinho mui estreito. (9.p.551)
ESPINETA
Cravo pequeno com pennas agudas a modo de espinhos, que ferem as cordas. (24.p.278)
ESPINHADO
Termo que designa um dos motivos das molduras de “tremidos”, característicos da ornamentação portuguesa do século XVII, e que consistia em dois sulcos oblíquos paralelos, mas em sentido divergente, criando um esquema semelhante à espinha de peixe.
O termo designa igualmente o mesmo esquema, mas realizado com a técnica do folheado, em que os veios de duas tiras ou faixas de madeira (cortadas seguindo o veio da madeira) ficam dispostos em diagonal, como os filamentos de uma pena ou as espinhas de um peixe. Criava-se, deste modo, um efeito decorativo de grande impacto visual, geralmente empregue para delimitar superfícies ou enquadrar fundos com outros esquemas ornamentais. (38.p.231)
ESPILHEIRA
Talvez um tipo de tapeçaria. (40.p.260)
ESPINELA
Mineral com inúmeras variedades gemológicas de quase todas as cores, incluindo a violeta, rosa, laranja e vermelha. Os exemplares vermelhos foram, em tempos, conhecidos como rubibalas, rubi-espinela ou simplesmente balas e, pela sua cor e brilho, eram substitutos de excelência do rubi, em particular os exemplares procedentes das minas de Kuh-i-Lal (Badaquistão), no actual Tadjiquistão. (5.p.140)
ESPINETA
Cravo pequeno com pennas agudas a modo de espinhos, que ferem as cordas. (24.p.278)
ESPINHADO
Termo que designa um dos motivos das molduras de “tremidos”, característicos da ornamentação portuguesa do século XVII, e que consistia em dois sulcos oblíquos paralelos, mas em sentido divergente, criando um esquema semelhante à espinha de peixe.
O termo designa igualmente o mesmo esquema, mas realizado com a técnica do folheado, em que os veios de duas tiras ou faixas de madeira (cortadas seguindo o veio da madeira) ficam dispostos em diagonal, como os filamentos de uma pena ou as espinhas de um peixe. Criava-se, deste modo, um efeito decorativo de grande impacto visual, geralmente empregue para delimitar superfícies ou enquadrar fundos com outros esquemas ornamentais. (38.p.231)
ESPIRALADO
Ornamento helicoidal que se compõe de uma sucessão de curvas convexas. Estes enrolamentos são normalmente encontrados em superfícies também curvas e em mais do que um plano. (5.p.120)
ESPONJADO
Técnica de aplicação das cores com uma esponja ou um trapo embebidos em pigmentos sobre o corpo cerâmico vidrado, de modo a obter uma decoração com aparência de pedra. Usados num único azulejo constituem com frequência faixas de rodapé. (2.p.106)Técnica de acabamento que consiste na aplicação de cor com uma esponja, de modo a obter uma ornamentação fingida semelhante à cantaria. Encontra-se vulgarmente em acabamentos policrómicos de retábulos de madeira. (8.p.123)
ESPONJEIRA
Objecto de toilette em forma de pequena caixa, habitualmente circular, com tampa transfurada e articulada, destinada a guardar uma esponja húmida. Pode também assumir a forma de uma taça com uma grelha côncava transfurada ou forma esférica. Este último modelo, seccionado a meio, é habitualmente francês e característico dos séculos XVII e XVIII. (5.p.86)
ESPREGUIÇADEIRA
Ver CANAPÉ.
ESQUENTADOR
Bacia com tampo crivado, e cabo, nella se mettem brazas, e com ella se aquece a cama, de Inverno. (9.p.556)
Vaso com brazas, ou agoa quente, com que se corre a cama para a aquentar. (24.p.294)
ESQUIFE
Mobiliário religioso. Peça habitualmente de forma rectangular, semelhante a um leito e por vezes com cabeceira. Tem varas (ou varais) para transporte e pés para deposição no solo. Usado para a condução dos defuntos ou para a colocação de imagens jacentes, o esquife poderá ser coberto por uma estrutura semicircular, em regra uma armação de madeira engradada. (3.p.109)
ESQUISSO
Desenho ou esboço pintado, com pouca definição, que serve de estudo de composição ou de pormenor para uma obra. (1.p.86)
Obra normalmente de pequenas dimensões, modelada em terra ou em cera, dando uma primeira ideia de uma obra futura. Sinónimo de esboço. (8.p.123)
Primeiros traços de uma obra. Pequeno desenho ou modelo imperfeito que exprime a ideia ou o projecto de uma obra de arte.
Pequeno esboço simples.
ESTACIONÁRIO
Depositário, alugador ou até fabricante e recopiador-vendedor do exemplar (manuscrito modelo), disponível em peciae (peças). (10)
ESTADELA
Cadeira de cerimonial, alta e de braços. Nos exemplares mais recuados é por vezes munida de dossel em madeira, apresentando geralmente um cofre sob o assento. Para uso cerimonial, paramentava-se com ricos têxteis. A designação de “cadeira de estado”, pode abranger ainda outros assentos que pela sua forma, decoração e localização numa sala, se adequam ao prestígio de quem neles se senta. (3.p.55)
ESTALA DE CELEBRANTE
Assento de celebrante em forma de estala. (4.p.27)
ESTALADO
O mesmo que craquelé ou craquelure. Designa a rede de pequenas fissuras que cobrem uma pintura em consequência do seu envelhecimento, derivado da forma diferente como as diversas camadas picturais e o suporte se vão movimentando com as variações das condições do ambiente, ou da utilização de certos materiais ou imperfeições técnicas, tratando-se então de um estalado prematuro. A análise do estalado é muito utilizada na peritagem da autenticidade de obras antigas e na detecção de repintes. (1.p.87)
ESTAMPA
Figura impressa em papel por meio da Imprensa. (9.p.559)
ESTAMPAGEM
Impressão de um desenho feita na capa de um livro por meio de uma chapa. (10)
Processo industrial que consiste em imprimir desenhos em tecidos, cerâmicas, metais, etc. (7.p.73)
Técnica de decoração industrial que consiste na aplicação dos motivos decorativos directamente na chacota simples ou já com vidrado, através de papéis endurecidos ou placas metálicas que transportam directamente as tintas para a superfície cerâmica a decorar. (2.p.106)
ESTAMPILHA
Marcas impressas com cunho de ferro pelos marceneiros franceses que permitem identificar o seu autor. O seu uso é tornado obrigatório em 1741 com a revisão dos estatutos das corporações. (38.p.231)
ESTAMPILHAGEM (TÉCNICA)
Técnica de decoração semi industrial que consiste na aplicação sobre o vidrado cru de estampilhas, papéis encerados ou acetatos com os motivos decorativos recortados. Encostada a estampilha à chacota, o desenho é transferido pela passagem de uma trincha embebida em tinta, ficando assim transposto o desenho aberto na estampilha. Para cada cor usa-se uma estampilha diferente, consoante o número de cores necessárias. (2.p.107)
ESTANHAR
Aplicar huma folha, ou lâmina de estanho de ordinário nos vasos de cozinha de cobre. (9.p.560)
Cobrir algum vaso de metal com estanho. (18.p.309)
ESTANHO
Metal branco mui leve, o qual range, ou estala quando o dobram. (9.p.560)
Metal branco, molle, maleavel, sulphureo, luzidio, fácil de fundir, mais duro que chumbo, menos duro que prata; achate nas minas de um e de outro metal, e por isso participa da natureza de ambos: misturado com antimónio, e cobre que são firmes, e tesos, se faz sonoro; e ainda que inimigo da prata e do ouro, em se misturando com elles, não se pode apartar. (18.p.309)
ESTANTE
Móvel para apoio de um ou mais livros. (3.p.109)
ESTANTE DE ALTAR
Mobiliário religioso. Estante de pequenas dimensões, usada nos altares para apoio do livro litúrgico. (3.p.109)
Pequeno móvel portátil destinado a colocar o missal sobre o altar, fundamentalmente constituído por umtampoinclinado com batente inferior, e ilhargas pseudotriangulares. (40.p.260)
ESTANTE DE CANTOCHÃO
Atril ou estante de coro, de grandes dimensões e geralmente com o tampo quádruplo rotativo, para suporte dos livros de cantochão. (4.p.52)
ESTANTE DE CORO
Mobiliário religioso. Móvel com dois ou mais planos inclinados para apoio de livros, fixos ou rotativos, com travão ou cerra-livros no rebordo inferior; assenta num suporte central com base, a qual pode ter a forma de um armário com portas; móvel de grandes dimensões, dificilmente removível, destinava-se a ser colocado no coro das igrejas, recebendo o nome de “estante do meio do coro” na documentação. (3.pp.109-110)
ESTANTE DE MISSAL
Suporte inclinado, em madeira ou metal, eventualmente com dobradiças, utilizado para colocar um livro litúrgico sobre o altar. (4.p.141)
ESTANTE DE MÚSICA
Móvel que tem uma tábua inclinada onde se coloca a música que deverá ser tocada. (7.p.73)
ESTANTE DE PÉ
Ver ATRIL.
ESTANTE DE PÉ ALTO
Mobiliário religioso. Móvel portátil, comportando apenas um plano inclinado com travão para apoio do livro. Possui um suporte alto, formado por um fuste, e uma base triangular, quadrada ou circular. (3.p.110)
ESTANTE DE POUSAR
Móvel geralmente de pequenas dimensões que dispõe de um plano inclinado, fixo ou articulado usado para apoio de livros. Apresenta, em alguns casos, um corpo triangular fechado contendo na base uma gaveta, ou uma abertura para guardar os documentos. Por vezes, a inclinação pretendida para a leitura é regulável, até rebater por completo, facilitando o transporte e a arrumação. Coloca-se sobre as mesas ou sobre o altar. (3.p.96)
ESTANTE DE PRATELEIRAS
Constituída por um corpo aberto, contendo prateleiras sobrepostas. Pode ser fixa à parede, assentar no chão, ou sobre outro móvel dressoir. Apresenta eventualmente costas e lados fechados. (3.p.75)
ESTANTE DE PÚLPITO
Mobiliário religioso. Pequena estante de ferro ou madeira que apoia ou encaixa no balcão do púlpito. (3.p.110)
ESTANTE DE TESOURA
Mobiliário religioso. Móvel articulado, cuja estrutura, habitualmente em ferro ou em madeira, poderá ser integralmente revestida de tecido. Apresenta um plano inclinado para apoio do livro – em couro ou tecido, de modo a permitir a sua articulação – e respectivo travão. A articulação é feita através de dois eixos que permitem a rotação das pernas, unindo as pernas traseiras e as dianteiras. (3.p.110)
ESTANTE DO MEIO DO CORO
Designação, na documentação antiga, para estante de coro. Ver estante de coro. (3.p.110)
ESTANTE-BIBLIOTECA
Móvel dispondo de várias prateleiras sobrepostas, com a função específica de conter livros. Pode ter lados e costas, um ou mais corpos, estar suspensa (ou encastrada) na parede, encostada, ou colocar-se no centro de uma divisão. Neste caso, é geralmente rotativa. (3.p.96)
ESTÁTUA
Figura de vulto que representa um homem, uma mulher, um animal ou uma divindade. (7.p.73) Representação em vulto do corpo íntegro de uma figura ou um grupo de figuras humanas, animais ou híbridas. É frequente o seu uso em jardins ou nas balaustradas das fachadas dos prédios. (2.p.71)
ESTÁTUA EQUESTRE
Escultura ou grupo escultórico em que se representa uma personagem montada a cavalo. (8.p.123)
ESTÁTUA-COLUNA
Identifica uma imagem ou uma estátua que substitui o fuste de uma coluna. (8.p.123)
ESTATUÁRIA
A arte de fazer estátuas. (24.p.314)
Arte de executar estátuas, utilizando os processos e técnicas da escultura. Qualificativo aplicado àquilo que tem relação com as estátuas, ou seja, a representação tridimensional da forma humana, animal ou fantástica. (8.p.123)
ESTATUÁRIA DE JARDIM
Ver ESCULTURA DE JARDIM.
ESTATUARIO
Aquelle, que faz estátuas. (24.p.314)
ESTATUETA DE PEREGRINAÇÃO
Estatueta cuja iconografia se refere a um sítio de peregrinação, eventualmente decorada com ervas e flores desse lugar, que é conservada como lembrança de peregrinação. (4.p.113)
ESTAUETA
Estátua de pequenas dimensões representando uma figura ou um grupo de figuras humanas, animais ou híbridas. (2.p.71)
ESTEIO DE LEITO
O mesmo que balaústre. (40.p.260)
ESTEIRA
Tecido de junco ou palha, feito de hastes entrelaçadas e usado para cobrir o chão como se fosse um tapete. (7.p.73)
Tecido de junco, tabúa, e doutras palhas para cobrir o pavimento, e muitos usos. (9.p.561)
ESTILETE
Instrumento de metal delgado e pontiagudo utilizado na técnica de esgrafitado. (2.p.107)
Ferramenta de extremidade muita aguçada e usada para obter traços bem definidos. (5.p.140)
Pequena vareta de metal aguçada utilizada quer para repassar os calcos quer para desenhar por incisão no preparo das pinturas. (1.p.87)
ESTILHEIRA
Objecto de madeira em forma de cunha que serve de suporte para várias actividades, entre as quais se destaca o acto de limar. (11.p.22)
ESTILO
Tem como primeiro significado um estilete utilizado pelos romanos para escrever. Hoje é entendido como a maneira própria de “fazer” ou “realizar” alguma coisa, em qualquer campo da actividade humana. É também entendido como o modo especial dos trabalhos de um artista, de um género, de uma época. (7.p.74)
ESTÍPITE
Elemento de suporte de escultura. Pilastra ou pedestal com a forma de pirâmide invertida. (8.p.124)
ESTIRADOR
Prancheta apinazada corrediça, com puxadores na frente, inserida em caixa apropriada dentro de certos móveis (armários-oratórios e papeleiras e cómodas com alçados de oratório). Puxada para fora constitui uma pequena mesa em consola, servindo de altar ou para colocação de jarras e castiçais. (40.p.261)
ESTOFAR
Encher de lã / algodão. Estofar figuras, ou roupas; he sobre ouro burnido, cobrir de cor, e depois riscar com a ponta de hum estilo de pao, ou de prata, ficando a flor, folhagem, ou outro lavor que fez de ouro, à vista. (24.p.325)
Acção de branquear uma figura talhada ou entalhada para a dourar e aplicar sobre ela os pães de ouro. Significa também a ornamentação das vestes das imagens trabalhada de modo a imitar tecidos. (8.p.124)
Pintura ornamental polícroma que consiste em revestir a superfície de madeira (com um preparo prévio) a folha de ouro, após o que se pinta toda a folha com as tonalidades desejadas. Seguidamente retira-se o cromatismo do desenho pretendido, deixando a descoberto a camada subjacente dourada, obtendo-se decorações diversas, sobretudo imitando tecidos, nomeadamente com composições de pendor floral e de enrolamentos vegetalistas. Técnica decorativa característica da imaginária portuguesa e espanhola de finais do século XVII e do século XVIII, aplicada igualmente em certos interiores de peças de mobiliário. (38.p.231)
ESTOFO
Segundo Duarte Nunes de Leão os pintores dividiam-se em três categorias, os de imaginária de óleo, os de fresco e têmpera e os de dourado e estofado. Estes trabalhavam no douramento e na decoração de retábulos e móveis e, sobretudo, na pintura de imagens esculpidas. Estofar implica as técnicas de douramento, esgrafitado ou de pintura a ponta de pincel de modo a imitar tecidos brocados. (1.pp.87-88)
Qualquer panno, cheio de lã, algodão, ou coisa semelhante. Estofo de lã. Estofo (termo de pintor), figura, roupa, ou outra cousa estofada. O estofo de figuras, ou de roupas não se faz, te não sobre ouro burnido. (24.p.325)
ESTOJO
De forma distinta em relação aos outros móveis de conter onde se guardam objectos de formas diversas, os estojos são geralmente executados a partir da forma do objecto que guardam. (3.p.82)
Caixinha de coiro, ou papelão com repartimentos para navalhas, tesouras, facas, canivetes, etc. (9.p.565)
ESTOJO DE CÁLICE
Caixa ou estojo para guardar o cálice e, frequentemente, a patena. Deve ter o interior forrado e moldado para encaixe das peças; o exterior pode ser pintado ou revestido a couro ou tecido. (4.p.88)
ESTOJO DE CRUZ
Caixa ou estojo para guardar uma cruz, cuja forma pode reproduzir. (4.p.88)
ESTOJO DE FÍSTULA
Caixa para guardar a fístula eucarística. O interior é moldado para encaixe da peça. (4.p.88)
ESTOJO DE OSTENSÓRIO
Caixa ou estojo para guardar um ostensório. Deve ter o interior forrado e moldado para encaixe da peça; o exterior pode ser pintado ou revestido a pele ou tecido. (4.p.88)
ESTOJO DE PATENA
Caixa ou estojo para guardar uma patena. Deve ter o interior forrado e moldado para encaixe da peça; o exterior pode ser pintado ou revestido a couro ou tecido. (4.p.89)
ESTOJO DE PÍXIDE
Caixa ou estojo para guardar uma píxide. Deve ter o interior forrado e moldado para encaixe da peça; o exterior pode ser pintado ou revestido a couro ou tecido. (4.p.89)
ESTOJO DE RELICÁRIO
Caixa ou estojo para guardar um relicário. (4.p.89)
ESTOJO DE TERÇO
Bolsa de couro ou tecido ou pequena caixa de secção rectangular ou de forma esférica, ovóide ou cilíndrica na qual se guarda o terço. (4.p.89)
ESTOLA
Longa tira de tecido, geralmente seda ou com trama dourada ou prateada, com forro, e ornado com uma cruz grega ao centro e duas nas extremidades, mais largas e franjadas; mede cerca de 2,5 m. É usada à volta do pescoço por toda a hierarquia eclesiástica, incluindo o diaconato, na celebração da missa, administração de sacramentos, exposição do Santíssimo e noutras cerimónias. Quando usada com casula, a estola é do mesmo tecido, fazendo um conjunto, no qual se pode integrar o manípulo; o manípulo e a estola, idênticos também do ponto de vista formal, diferenciam-se por esta ser mais longa do que aquele e por, em geral, não apresentar cordão. A estola pastoral, usada sem casula é mais ornamentada, por ser mais visível, e distingue-se da estola por apresentar, no terço superior da sua altura dobrada ao meio, uma presilha de tecido, um cordão ou fita com borlas nas extremidades, a unir os dois lados; é usada pelo Papa, cardeais, bispos e presbíteros, fora da missa, na pregação e na administração dos sacramentos. (4.p.157)
ESTOLÃO
Estola larga usada pelo diácono nas missas do tempo de luto ou penitência, em alternativa à casula plicada. É de seda roxa, sem cruzes nem franjas e apresenta uma largura constante de 25 cm. (4.p.157)
ESTOPA
Fibra vegetal colocada para reforço da ligação entre as várias pranchas que compõe um suporte de madeira. Por vezes encontra-se no reverso, outras na face antes da camada de preparo. É muito comum na pintura espanhola. (1.p.88)
Designação pela qual são conhecidas as fibras mais curtas e grosseiras do linho; tecido de linho grosseiro. (22.p.138)
A parte mais grossa do linho, que fica no sedeiro, quando o assedão. (9.p.566)
ESTOPA BOUCEIRA
Talvez assim designada por ser curada em bouças. (40.p.261)
ESTRADINHO
Em que se põem os pés. (24.p.330)
ESTRADO
Degrau alto e largo que serve simultaneamente de assento e de pavimento, podendo também servir de leito ou ainda para nele se colocar o trono ou o altar. Servia ainda o estrado, para nele se colocar o móvel de assento de personalidades importantes. Essa importância era realçada, consoante o número de degraus. (3.p.54)
ESTRADO PARA COLCHÃO
Quando guarnecido apoia directamente o corpo (leito de dia). Pode ser extensível, articulado ou desmontável por meio de mecanismos, ferragens, encaixes ou parafusos. (3.p.68)
ESTREGIR
Ver ESTREZIR.
ESTRESIDO
Papel com o desenho de uma imagem que se deseja transferir para a superfície vidrada do objecto cerâmico. O desenho deve ser picotado com um picador e é através desses pequenos orifícios que, com uma boneca de pano cheia de carvão, os motivos são passados para a superfície com o vidrado cru.
Este desenho com pontos a carvão serve depois como referência para a pintura. (2.p.107)
ESTREZIR
Acto de transferir o desenho para o corpo cerâmico com o auxílio do estresido. (2.p.108)
O mesmo que poncif. Método de passagem de um desenho em papel para uma superfície a pintar, picando-o com uma agulha a intervalos regulares e aplicando-lhe por cima pó de carvão, com a ajuda de uma boneca. No desenho subjacente torna-se visível a utilização deste método pelas sequências de pequenos pontos formando a linha do desenho. (1.p.88)
ESTRIA
Sinónimo de canelura. Conjunto de linhas paralelas, rectas ou em forma de S, utilizado na decoração das colunas. (8.p.124)
ESTRIGA
Quantidade de linho que se coloca no espadeladouro para ser espadelado. (22.p.137)
Huma porção de linho assedado, que por huma vez se põe na roca para se fiar. (9.p.571)
ESTRIGADELA
Outra denominação para a operação de espadelada. (22.p.137)
ESTRIGIL
Objecto em forma de pincel metálico com estrias em forma de S. (8.p.124)
ESTRIGILADO
É a decoração à base de caneluras em forma de S. (8.p.124)
ESTRUTURA
Os elementos ou as partes de um objecto ou arquitectura ou as relações entre as partes que os constituem, normalmente tomando como referência o modo como se organizam ou constroem. (8.p.124)
ESTUDO
O mesmo que esquisso. Desenho ou pintura de desenvolvimento de uma ideia gráfica para a execução de uma pintura ou outra obra de arte. (1.p.88)
Trabalho preliminar de uma escultura que procura captar a sua composição, disposição geral, e os seus detalhes, como por exemplo os panejamentos, as folhagens ou partes do corpo, como referência para a passagem a uma composição de maiores dimensões numa fase posterior do processo escultórico. (8.p.124)
EXENTA
Adjectiva uma escultura quando esta se encontra isolada, sem ligação com nenhuma estrutura arquitectónica de enquadramento. (8.p.124)
EXTRADORSO
Superfície externa, de forma geralmente convexa, de um arco ou de uma abóbada. (8.p.124)
EX-VOTO
Objecto de vários tipos oferecido por uma graça pedida ou recebida. Pode consistir num objecto de uso comum (muleta, ramo de noiva, roca, grilhetas, chapéu, etc.), ou feito expressamente (ex-voto antropomórfico, placa ex-voto, quadro ex-voto, barco ex-voto, etc.). apresenta, geralmente, uma data e uma inscrição relativa ao acontecimento e ao doador. (4.p.101)
Dádiva devocional em agradecimento de uma graça, pagamento de promessa ou legada na esperança de intercessão divina. Algumas destas peças são acompanhadas por inscrições de agradecimento e que descrevem a graça concedida ou o milagre realizado (5.p.86)
Quadro pintado oferecido a uma igreja, como ex-voto, e cuja iconografia e inscrição evocam um acontecimento infeliz (doença, acidente, etc.), para o qual foi pedida a obtenção de uma graça. Em Portugal, a inscrição começa geralmente pela expressão MILAGRE QUE FEZ. (4.p.108)
Qualquer objecto exposto numa igreja (quadros com cenas de milagres, placas gravadas ou reproduções de partes do corpo – mãos, pés, pernas, etc. – feitas de cera) alusivo a uma graça recebida (cura de doença, salvação de um perigo), em sinal de agradecimento ou para cumprir uma promessa.