Glossário de Artes Decorativas
GABELA
Ver ESTRIGA.
GABLETE
Remate superior de um arco quebrado ou de uma arcaria, apresentando uma moldura triangular que pode enquadrar representações esculpidas ou conjuntos de nichos que albergam imagens. (8.p.127)
Terminação de portais e janelas, retábulos e nichos de estruturas arquitectónicas góticas, em forma de frontão triangular. (5.p.121)
GADAMECIM
Ver GUADAMECIM.
GADAMECIS
Ver GADAMECINS.
GAFANHOTO
Emblema de abundância, progenitura masculina e felicidade. (14.p.275)
GAIOLA
Elemento formado por pequenas barras verticais lembrando uma gaiola, colocada no centro do reverso do tampo. Contém o dispositivo que possibilita ao tampo passar da posição vertical para a horizontal e vice-versa. (3.p.78)
GALA
Hum estofo de lã, fino, e lustroso quando lhe cai a felpa. (9.p.648)
GALÃO
Cairel de fio de linho, seda, ou de prata, ou oiro, ou lã. (9.p.649)
GALÃO DE MADEIRA
O mesmo que “moldura”. (40.p.262)
GALBO
Curva mais ou menos acentuada da perna de um móvel. O mesmo que joelheira. Joelho. (38.p.231)
GALERIA
Ver GRADINHA.
GALHETA
Recipiente para servir azeite ou vinagre, no uso doméstico, ou a água e o vinho, na liturgia católica. Tem forma de jarro pequeno com bojo amplo e gargalo estreito, em geral com tampa e asa lateral. (2.p.73)
Vaso de vidro, ou metal em que se traz vinho, para o serviço das missas, ou azeite, e vinagre para o das mezas. (9.p.650)
Pequeno vaso de vidro, ou metal, com que se dá o vinho, e a agoa para o sacrifício da missa, ou em que se põem o azeite, e vinagre nas mesas. (26.p.16) Do castelhano galleta. Cada um dos recipientes com rolha ou tampa, destinado a conter e servir o azeite e o vinagre no uso doméstico. Poderá ser integralmente em vidro, cristal, ou prata ou apresentar apenas montagem de aro e tampa de prata. Tem geralmente a forma de pequena garrafa ou jarro com bojo amplo e colo estreito podendo ser provido de pequeno bico e asa lateral. Esta tipologia é comum à ourivesaria religiosa; neste caso, os recipientes associam-se a uma bandeja e destinam-se a conter a água e o vinho para a Eucaristia. (5.p.88)
GALHETEIRO
Utensílio de mesa composto por um suporte com ou sem asas onde pousam duas galhetas, a de azeite e a de vinagre e, em alguns casos, o saleiro, o pimenteiro e a mostardeira. (2.p.73) Utensílio constituído por um receptáculo duplo ou uma estrutura de suporte mais ampla, de formato circular, oval ou rectangular, entre outros, comportando um número variável de recipientes. Para além das galhetas para o azeite e o vinagre, poderá apresentar um ou dois polvilhadores para pimenta e especiarias moídas, um ou mais recipientes para mostarda e outros condimentos, eventualmente com colheres associadas. O suporte é geralmente provido de receptáculos ou aros circulares no interior dos quais se colocam os recipientes. Ocasionalmente compreende também aros de menor diâmetro destinados a sustentar as tampas das galhetas quando em uso. De acordo com o formato, pode ser provido de duas asas laterais ou de uma haste central rematada por pega. No século XVIII, o termo “talher” era sinónimo de galheteiro. (5.pp.88-89)
GALO
Animal de bom augúrio, visto ser homónimo de ji “boa sorte. O galo vermelho protege do incêndio e o branco é um emblema de pureza, sendo capaz de afastar os maus espíritos, quando colocado sobre um caixão. (14.pp.275-276)
GALO DAS TREVAS
Bocal do topo do candelabro de trevas. Por extensão, na linguagem popular, pode designar o candelabro de trevas. (4.p.35)
GALOCHAS
Pele de peixe (tubarão ou raia) com grão redondo e muito duro, utilizada na decoração de encadernações, sobretudo no início do século XX; a designação deriva do parisiense Jean-Claude Galluchat, que, pela primeira vez, a usou no século XVIII. (10)
GALVANOPLASTIA
Processo inventado na primeira metade do século XIX, que permite obter um depósito de metal sobre o objecto condutor banhado numa solução que contém um sal desse metal e fazendo passar aqui uma corrente eléctrica. A galvanoplastia é utilizada como tratamento de superfície para a douragem, o revestimento a prata ou o revestimento a cobre. Serve também para reproduzir obras em relevo, através da formação de um depósito metálico no interior de um molde em matéria condutora ou transformada em condutora por um matéria como a grafite. (8.p.127) Processo de reprodução de objectos em metal por depósito electrolítico, recorrendo à electrólise para revestir uma base metálica, geralmente níquel com uma fina camada de prata, técnica que foi registada, em 1840, por G. R. Elkington (1801-1865). Pressupõe a existência de um banho condutor e do molde da peça que se pretende reproduzir, cuja superfície é revestida de uma matéria condutora (geralmente plumbagina). O molde constitui o cátodo (pólo negativo) e o metal a depositar nesse molde, o ânodo (pólo positivo). A camada de metal que forma o objecto assim reproduzido é seguramente uniforme em toda a superfície, sendo a sua espessura proporcional ao tempo de passagem da corrente eléctrica. A reprodução de objectos galvânicos pode ser feita com diversos metais, sendo os mais frequentes as ligas de metal branco e o cobre. Posteriormente, aqueles podem ser dourados ou prateados através do mesmo processo. (5.p.144)
GAMELA
Vaso de páo como alguidar, ou concavo por igual em redondo para banhos, ou lavar o corpo ; para dar de beber ás bestas, etc. (9.p.651)
GAMELLA
Ver GAMELA.
GAMO
Emblema de longevidade. Diz-se que é o único animal capaz de encontrar o cogumelo sagrado da imortalidade, o lingzhi, símbolo de prosperidade. (14.p.276)
GANAPÉ
Móvel de assento colectivo, divulgado no século XVIII, constituído por assento, com costas e apoios de braços. O número de lugares pode eventualmente ser marcado por espaldares diferenciados e unidos, ou pelos apoios intermédios dos braços. No início do século XVIII designou-se este assento colectivo por banco preguiceiro, espreguiceira, preguiçadeira, diferenciando-se depois do canapé, por apresentar o assento mais fundo. A nomenclatura só será mais clara no final de setecentos, embora [seja] confusa na documentação, a destrinça entre estes dois móveis. (3.pp.58-59)
GANSO
Emblema de felicidade conjugal. (14.p.276)
GANZEPE (EM)
União de dois painéis no mesmo plano, através de um sulco de paredes oblíquas onde entra o encaixe correspondente (verifica-se geralmente sob os tampos ou cinturas das mesas). (3.p.79)
GARÇA
É um emblema de longevidade, tal como a cegonha e o grou. Estas três aves são mensageiras dos génios, transportando as tabuinhas do destino humano no bico. (14.p.276)
GARFO
Instrumento pequeno de dous, ou mais dentes, com que se pega no comer. (26.p.31)
Utensílio destinado a servir os alimentos ou a picá-los e levá-los à boca. É constituído pela secção dos dentes e pelo cabo. A forma e dimensões variam consoante a função, individual ou de serviço. Pode integrar um talher de uso individual, quando associado a uma faca e a uma colher, ou fazer parte de um faqueiro no qual pode ocorrer em inúmeras tipologias. (5.p.89)
GARGALO (RECIPIENTE)
Remate superior protuberante de um recipiente para transporte e serviço de líquidos, bilha, garrafa ou frasco. (2.p.73)
GARGANTA
Moldura de secção côncava que apresenta um perfil de segmento de círculo ou de elipse. (8.p.127)
GARGANTILHA
He quando o fio, que se põe ao pescoço he composto de pedras preciosas; punha-se antigamente de ombro a ombro. (26.p.33)
Colar, tido geralmente como rente ao pescoço. (39.p.226)
GÁRGULA
Do latim gargula. Massa pétrea ressaltada no ângulo superior das paredes de uma edificação, com uma calha para descarregar as águas pluviais dos telhados. Regra geral, exibem representações naturalistas zoomórficas ou de animais fantásticos. (5.p.121)
GARLOPA
Termo de marceneiros, e carpinteiros. He hum instrumento, que serve de tirar as últimas aparas para ficar bem unida a madeira. (26.p.34)
GARRAFA
Recipiente destinado a conter e transportar líquidos, geralmente de bojo e gargalo em secção de cilindro ou de cone. O gargalo é estreito e pode estar fechado com tampa. (2.p.73)
Recipiente de colo alto e estreito, próprio para conter líquidos e para o seu transvaze em pequenas quantidades. (12.p.71)
Deriva-se do Italiano Caraffa, que he o mesmo, e segundo Caninio Caraffa, se deriva do Arábico Caraba, que he certa casta de vaso. Garraffa, entre nos he hum vaso de vidro de collo angusto, e bojo largo. (26.p.34)
GARRAFA DE PEREGRINAÇÃO
Garrafa para recolher um líquido considerado miraculoso, a terra de um lugar santo ou qualquer elemento que tenha tocado um corpo santo. É geralmente decorado com imagens, símbolos ou inscrições religiosas. Quando apresenta a forma de lacrimatório, diz-se fíola de peregrino. (4.p.113)
GARRAFA-CALVÁRIO
Garrafa de vidro que contém uma representação de Cristo na cruz, do Calvário ou dos instrumentos da Paixão. (4.p.102)
GATOS
Prática antiga de fixação dos fragmentos, que constituem uma peça, com o auxílio de agrafos metálicos. (2.p.123)
GAVETA
Caixa que desliza sem tampa, entrando horizontalmente no corpo de um móvel e que fecha com a sua frente a cavidade onde foi inserida. Compõe-se ainda de lados ou lenços, traseira e base ou fundo. (…) Movimenta-se por meio de um puxador ou equivalente. A sua existência é referida desde o século XVI. (3.p.78)
Espécie de caixa, corrediça, e sem tampa, que em bufetes, contadores, etc. serve de agasalhar, o que se quer ter em ordem, e à mão. (26.p.41)
GAVETA DE LAVRAR
Gaveta de lavrar, na loja do ourives he a sobre que cahe a limadura do ouro. (26.p.41)
GAVETA-ESCRIVANINHA
Móvel portátil, de formato geralmente paralelepipédico, possuindo uma gaveta única, ou apresentando um compartimento, fechado por tampa de levantar ou de deslizar, disposto sobre uma gaveta estreita destinada às folhas de papel. O compartimento tem divisórias próprias para conter os utensílios para a escrita. (3.pp.96-97)
GAZETA
Caixa de barro refractário destinada a receber uma ou várias porcelanas durante a cozedura, protegendo-as da acção directa das chamas e da queda das cinzas. (14.p.276)
Caixas de argila refractária, nas quais se condicionam no forno as peças apara as proteger do efeito directo do fogo, fumo e vapores. Podem ter vários formatos. Permitem o empilhamento das peças no interior do forno. (2.p.109)
GAZETE
Ver GAZETA.
GEMA
Substância, geralmente um mineral, que pelas suas características, tanto de raridade como de efeito estético e permanência no tempo, é utilizada na composição de peças de joalharia. A gema poderia ser talhada de várias formas, formas essas que evoluíram ao longo dos tempos. Na joalharia portuguesa da segunda metade de Setecentos e inícios de Oitocentos, e para além das pedras preciosas como o diamante, o rubi e a esmeralda, foram igualmente utilizados os crisoberilos, os cristais de rocha, os topázios de várias colorações, as granadas, as águas-marinhas, as ametistas, enfim. (39.p.226)
Termo de origem latina gemma utilizada pela primeira vez em português por Luís de Camões no século XVI definida como material natural cuja beleza, raridade e durabilidade o tornam aplicável em joalharia ou apta para uso de ornamentação. Para todos os efeitos é sinónimo de pedra preciosa. (5.p.144)
GEMINADO(A)
Adjectivo que qualifica um objecto que surge agrupado com outro. (8.p.128)
GÉNERO (GÉNEROS PICTÓRICOS)
Os géneros definiam divisões na arte da pintura segundo os temas que representavam – a pintura de História, que tinha por base um texto literário, o retrato, a paisagem, a natureza-morta, a pintura de flores e a pintura decorativa. Traduziam uma hierarquia de importância que tinha por base a valorização do carácter didáctico e moralizante da arte e até ao século XVIII reflectiam-se na importância dada aos pintores que os cultivavam e no próprio preço das obras. (1.p.91)
GÉNERO (PINTURA DE)
Pintura representando cenas comuns em interiores domésticos. (1.p.91)
GÉNIO
Figura infantil ou juvenil alada que, consoante os seus atributos, representam virtudes ou sentimentos. (1.p.91)
GENUFLEXÓRIO
Mobiliário religioso. Móvel com espaldar, aberto ou fechado, rematado por um cachaço plano e largo, muitas vezes estofado, para apoio dos braços, e uma plataforma baixa destinada à genuflexão. (3.p.110)
Móvel para oração de joelhos.
Móvel para oração de joelhos. Integra um alçado, cujo topo funciona como apoio para cotovelos ou estante para livros de orações e um estrado móvel ou articulado para os joelhos. Ambos os apoios são, em geral, almofadados. Pode ser revestido a tecido. Pode incluir, no alçado, prateleiras, armário ou gavetas. (4.p.28)
He hum encosto de madeira, com seu estradinho, em que se põem de joelhos quem quer com cómodo, e descanso. (26.p.57)
GENUFLEXÓRIO COM CADEIRA
Cadeira com genuflexório colocado atrás da espalda, cujo topo almofadado serve de apoio aos cotovelos. (4.p.28)
GENUFLEXÓRIO CONFESSIONÁRIO
Mobiliário religioso. O espaldar do genuflexório possui um confessionário incorporado, em regra com dois volantes para apoio quando armado. (3.p.110)
GENUFLEXÓRIO DE SACRISTIA
Genuflexório colocado na sacristia, no qual o celebrante faz as orações preparatórias da missa, antes de entrar na igreja. Pode apresentar um alçado em que se insere uma imagem religiosa e, frequentemente, um painel com as orações de preparação para a missa e de acções de graça após a missa. (4.p.28)
GENUFLEXÓRIO NOMINATIVO
Genuflexório pertencente a um indivíduo e reservado à sua utilização. Pode apresentar uma inscrição com o nome ou as armas daquele a quem pertence. (4.p.28)
GEOMÉTRICA (ORNAMENTAÇÃO)
Ornamentação composta de linhas rectas ou curvas regradas sem qualquer presença de elementos vegetais ou zoomórficos. Ex. gregas, xadrez, dente de serra, etc. (2.p.91)
GERMAN SILVER
Liga de metal branco constituída por cobre, níquel e zinco. As ligas Alpaca, Nickel Silver e Maillechort têm a mesma composição. (5.p.144)
GESSO
Sulfato de cálcio desidratado. É utilizado como carga na preparação de pinturas aplicado, misturado com cola animal, sobre a superfície da tela ou da tábua. Por ser mais usado no sul da Europa, e o cré no Norte, é normalmente um bom indicador sobre o local de execução de algumas pinturas. A pedra de gesso, que foi durante muito tempo a sua forma de comercialização possui no entanto uma percentagem de 6 a 12% de carbonato de cálcio misturado. (1.p.92)
O artificial se faz de certa pedra escamosa, e branca, a qual se queima, e depois de queimada, se moe, e se peneira, e ferve para engessar. O gesso natural se cava da terra, e tem semelhança com a pedra, com que se faz a cal.
Gesso mate. He gesso comum, que depois de moído, e peneirado, se bota cm huma panela, cheia de água clara, e cada dia se lhe muda, e se bate duas, ou três vezes, e aos dez dias se tira, e se seca. Usam dele os pintores, e douradores, quando para brunir o ouro, dão ao pau, depois de estar encolado, huma mão de gesso comum, e sobre ella três, ou quatro mãos de gesso mate. (26.p.67)
Material composto por sulfato de cal (sulfato de cálcio) de cor branca obtido por desidratação e pulverização. Existem diferentes variedades, entre as quais o gesso de modelador. Imerso na água, o gesso torna-se um material plástico, empregue pelas técnicas de moldagem, endurecendo quando seca. O termo designa também um modelo ou um estudo executados em gesso. (8.p.128)
GESSO CERÂMICO
Mineral composto por sulfato de cálcio. É muito utilizado nas fases que antecedem a produção cerâmica, pelas suas características de densidade e porosidade. O gesso em pasta pode ser empregue para se retirar o molde, por exemplo, as peças modeladas em barro.
Em estado líquido serve para construir o molde de uma peça que se pretende reproduzir em grande quantidade.
Seco e em placas é usado como superfície de secagem do barro húmido. O gesso cerâmico pode ser impermeabilizado com goma-laca. Aumentando assim a sua dureza. (2.p.109)
GESSOS
Cópias de estátuas famosas executadas, por molde com gesso hemi-hidratado, em tamanho natural ou à escala reduzida para a aprendizagem das Belas-Artes em escolas e academias. (1.p.92)
GIBÃO
Casaco de homem muito justo, almofadado e com cinta, usado sobre uma camisa e muito popular na Europa entre os séculos XV e XVII. (16.p.84)
GIBITEIRO
Oficial que fazia gibanetes, gibões e vestidos d’armas, saias de malha, etc. (45.p.303)
GIGOGNES
Ver MESAS DE ENCAIXAR.
GIRÂNDOLA
Modelo ornamental de jóia, que foi comum na Europa e nos Estados Unidos da América (mesmo ainda enquanto colónia inglesa), sendo formado por pingentes (três ou mais) em formato lacrimiforme, com gema central rodeada ou não de molduras de pedras de quilate inferior. Estava presente essencialmente em colares, pendentes de pescoço (nomeadamente de fita de cetim ou veludo) e brincos. (39.p.226)
GIZ PRETO
Ver PEDRA NEGRA.
GIZ VERMELHO
Ver PEDRA VERMELHA.
GLACIS
Ver VELATURA.
GLÍPTICA
Designação que se dá à arte de gravar em pedras finas. (7.p.85)
Arte de trabalhar e gravar pedras finas – preciosas ou semipreciosas - em incisão e embutido (intaglio) ou em relevo (camafeus). (8.p.128)
GLOBO
Objecto esférico elevado num pé, liso ou decorado com estrelas, florões, podendo ter um remate cónico, aplicado no remate das fachadas dos edifícios ao longo das balaustradas. (2.p.73)
GLÓRIA
Representação do Céu aberto na pintura cristã, deixando entrever a Santíssima Trindade envolta por uma circunferência de Anjos e Querubins, representação de grupos de santos no céu (Santos em Glória). Representação da Virgem rodeada de Anjos na Corte Celestial (Virgem em Glória). Representação do triângulo, com ou sem nome hebraico de IAHVE, ou com um olho no centro, rodeado de raios luminosos. (1.p.92)
Auréola em forma de círculo ou oval, que representa um halo luminoso envolvendo “Cristo em Glória”. (8.p.128)
GOBELIM
Termo que designa tapeçaria, tendo atingido o seu ponto máximo durante o reinado de Luís XIV até finais do século XVIII. Predominam os desenhos barrocos. Produzidas nas oficinas de Paris dos Gobelins. (7.p.85)
GODÉ
Recipiente usado pelos pintores onde é colocada a aquarela ou tinta da china. (17)
GODOMECIL
Couro fino lavrado onde foi aplicada folha de prata ou de ouro, pintura e verniz. (3.p.42)
GODRÃO
Padrão convexo de lóbulos paralelos ou irradiantes. (25.p.350)
Motivo decorativo em forma de lóbulo convexo. É frequentemente empregue em faixas e, por vezes, ligeiramente curvado. (5.p.121)
GOFRAGEM
Operação pela qual se marcam ornatos numa encadernação por simples pressão, sem emprego de tinta, ouro ou outro material. (10)
GOIVA
Ferramenta de trabalho com forma muito semelhante ao formão mas com a parte superior mais delgada, utilizada para talhar zonas curvas. (8.p.128)
GOLA (RECIPIENTE)
Ver Colo, Gargalo.
GOMA ARÁBICA
Polissacarídeo, ou mistura de açucares, que se dissolve em água e se aplica sobretudo como aglutinante de pigmentos na técnica de pintura a aguarela. (1.p.92)
Goma que provém de várias espécies de acácias oriundas do Egipto, Arábia, Sudão, etc. Facilmente solúvel na água, era empregada em litografia no tratamento das pedras e, ainda hoje, nas chapas. Também se emprega na gomagem de papéis e envelopes. (10)
GOMA-LACA
Resina de origem animal, segregada a partir dos insectos da Coccuc Lacca que vivem em espécies de árvores orientais. Foi muito utlizado em lacados do mobiliário indiano, no revestimento de superfícies douradas (molduras) e, também, na composição de vernizes para pintura. É muito instável à deterioração foto-oxidativa tornando-se escura e opaca. (1.p.92)
Substância resinosa de proveniência oriental, dissolvida em álcool, que entra na composição do verniz que reveste o exterior da madeira, protegendo-a ao proporcionar uma superfície dura e brilhante. (38.p.231)
GOMIL
Jarro utilizado para água ou outro líquido, de boca estreita, por vezes em bico. Durante os períodos românico e gótico foi muito utilizado, tendo formas diversas e caprichosas como animais fantásticos. (7.p.86)
Recipiente destinado para conter água em serviço de higiene. Jarro alto, com bocal estreito com asa lateral em posição oposta, pé alto e largo que estrangula junto ao arranque do bojo. Podendo surgir isolado é uma peça que normalmente faria conjunto com uma lavanda. (2.pp.73-74)
Jarro de-dar água às mãos. (9.p.662)
Espécie de jarro bojudo, de boca estreita, com asa, a modo de galheta grande; serve só com prato razo para dar agoa as mãos, como o jarro com bacia. (26.p.92)
Recipiente de dimensão e formas variadas, destinado a conter água para fins de higiene. Geralmente tem um bico largo descrevendo uma curvatura contínua, mais ou menos projectada para o exterior e, do lado oposto, uma asa vertical. Pode também apresentar um bico adossado junto ao bordo ou ainda um bico em forma de “S” destacado do corpo. O seu corpo pode apresentar formas bastante variadas, podendo, ou não, ser provido de tampa articulada. Assenta geralmente sobre uma base de centro alteado. Pode ocorrer como objecto autónomo mas encontra-se geralmente associado a uma bacia ou a um prato de água-às-mãos com a função de amparar a água por ele vertida durante o ritual de ablução das mãos, antes e após a refeição. Pode também, em conjunto com bacia, integrar um serviço de toilette. Consoante os casos o conjunto é designado por Gomil e bacia de água-às-mãos ou Gomil e prato de água-às-mãos. No contexto litúrgico pode também estar associado à Bacia de abluções ou à Bacia de lava-pés. (5.pp.89-90)
GOMIL DE ABLUÇÕES
Vaso bojudo, munido de bico e asa, utilizado para verter a água das abluções durante a missa pontifical ou pelos presbíteros nalgumas cerimónias litúrgicas (cinzas, distribuição dos ramos, lava-pés na Quinta-feira Santa, baptismo). É, geralmente, acompanhado pela bacia de abluções. Quando apresenta uma forma figurada, humana ou, com maior frequência, animal, diz-se aquamanil. (4.p.119)
GOMO
É o nome que se dá a um motivo decorativo formado por folhas e rebentos. Os gomos rematam de uma maneira geral um pináculo e têm normalmente função decorativa. (7.p.86)
GONÇALO ALVES
Árvore de grande porte proveniente de vários Estados brasileiros da Baía e Espírito Santo. Caracteriza-se, segundo Calvino Manieri e João Peres Chimelo “por apresentar estrias ou veios largos, longitudinais, quase pretos sobre o fundo castanho levemente rosado, ocasionando, assim, madeira rajada muito apreciada para a obtenção de folhas faqueadas decorativas”. Trata-se ainda, segundo os autores, de uma madeira muito pesada e dura ao corte, com cerne muito irregular, begerosado ouróseo-acastanhado, passando de castanho claro a castanho. Superfície lustrosa e lisa ao tacto, muito utilizada entre outras aplicações móveis, acabamentos interiores e tábuas para soalhos. (38.pp.231-232)
GONÇOS
Ver GONZOS.
GONETE
Termo de carpinteiros, marceneiros, etc. He hum ferro, que abre fundo na madeira. (26.p.94)
GONZOS
Termo que designa dois anéis entrelaçados, geralmente em ferro, cujas extremidades prolongadas em espigão são cravadas, abertas e rebatidas na espessura da madeira das duas partes unidas. (3.p.79)
Sistema de dobradiça constituída por duas argolas de arame, ou varão, enfiadas uma na outra, cujas extremidades, prolongadas em espigão, são cravadas, abertas e rebatidas na espessura da madeira das peças fixa e móvel que unem. Também cada um dos elementos cilíndricos salientes dos extremos de uma peça móvel, que encaixam livremente num orifício ou anel existente na parte fixa. (40.p.262)
GORGORÃO
Pano tecido a modo de uns cordõezinhos muito finos uns são de seda outros não. (26.p.96)
GORGULETA
Ver ALMOTOLIA.
GOTA
Ornato estilizado em forma cónica ou piramidal. (5.p.121)
GOTEIRA
Lado oposto ao lombo quando as folhas à frente têm a forma de meia cana; O termo mais apropriado é canelura. (10)
GRAAL
Vaso santo que, segundo uma tradição medieval, teria servido para recolher o sangue das chagas de Cristo.
GRADAÇÃO
Efeito resultante de uma propensão ascendente ou decrescente na riqueza dos motivos de ornamentação. (2.p.91)
Passagem progressiva entre as cores, os tons e as zonas iluminadas e escuras de uma pintura. Também se pode utilizar em relação ao tamanho dos objectos, edifícios ou figuras para dar a sensação de afastamento numa composição. (1.p.93)
GRADE
Base, onde assenta a colchoaria, composta de réguas de madeira apoiadas em aberturas correspondentes executadas no barramento. (3.p.68)
Estrutura do tabuleiro onde assentam os colchões e demais roupas de cama, constituído pelos ilhargueiros, travessões e outros elementos. (40.p.263)
Armação feita de madeira em que se estende e fixa a tela. (1.p.93)
Elemento divisório, em metal, pedra ou madeira. (4.p.30)
Termo de Pintor. He a madeira composta de regras, em que se prega o pano. (26.p.114)
GRADELIM
Deriva-se do francês gris-dedim, que he huma cor, que se parece com a da flor do linho. (26.p.114)
GRADINHA
Rebordo vertical que remata o tampo e toda a volta. Embora seja decorativo, o seu objectivo é o de evitar a queda de pequenas peças colocadas sobre o tampo. (3.p.79)
Termo comummente utilizado na ourivesaria de produção nacional para designar o trabalho em prata recortado e vazado que delimita a superfície de algumas peças tais como tabuleiros, salvas ou bases de garrafa e que, noutros casos, define a própria estrutura do objecto como acontece com os designados cestos de gradinha. (5.p.144)
GRADUAL
Livro litúrgico que contém as partes cantadas da missa. (10)
GRAFFITI
Nome por que são conhecidos os desenhos feitos ou rabiscados em paredes exteriores, muros, etc. (7.p.88)
GRAFITE
Forma cristalina natural do carvão. foi produzido industrialmente desde 1891. Mineral que serve para fazer lápis. (1.p.93)
GRAL
Entre nós he o vaso de pao, em que se pisam adubos, e vários ingredientes. (26.p.116)
GRAMALHEIRA
Grossa corrente em ouro com grandes elos uniformes ou de secção ovalada. A designação pode ainda referir-se a uma medalha que, normalmente se pendura nestes fios. (11.p.84)
GRANADA
Gema que pertence à família dos silicatos, de que as mais conhecidas são as vermelhas, almandina e piropo. No século XVIII, pensamos que uma parte significativa dos exemplares utilizados na joalharia portuguesa viriam do Brasil. (39.p.226)
Designação de uma grande família de minerais que apresenta variedades gemológicas diversas, incluindo a almandina (vermelha a rosa, sendo esta última conhecida como rodolite), piropo (vermelha), espessartite (laranja), grossulária (laranja – hessonite; verde – tsavorite) e andradite (verde – demantóide; negro – melanite). (5.pp.144-145)
GRANADA DA BOÉMIA
Nome comercial da granada (var. piropo) de cor vermelha viva que ocorre na Boémia (República Checa), conhecida desde o século XVI mas com maior popularidade em Oitocentos. (5.p.145)
GRANADA JACINTO
Nome comercial antigo da hessonite. (5.p.145)
GRANITO
Rocha eruptiva, dura, de textura granulosa e cristalina, formada essencialmente por feldspato, mica e quartzo, mais ou menos agregados, que apresenta tonalidades variadas consoante as proporções dos elementos constituintes. (8.p.128)
GRANULAÇÃO
Técnica que consiste na decoração de uma superfície metálica, especialmente de ouro e de prata, com pequenos grãos do mesmo metal unidos ou alinhados de forma a compor motivos decorativos. (5.p.145)
GRANULADO
Consiste na união de pequeníssimos grãos de ouro ou de prata, ligados entre si ou sobre uma superfície de metal, sem utilizar solda externa e sem fundir com a base de contacto, com intuito de formar elementos decorativos de cariz geométrico, fitomórfico ou animal. (11.p.26)
GRANULOMETRIA
Termo genérico referente ao tamanho e distribuição das partículas que formam a pasta cerâmica depois de cozida. (2.p.109)
GRÃO
Termo de moedeiro, ourives da prata, etc. Tem a prata em fua mayor fineza 12 dinheiros, e em cada dinheiro se contam 24. grãos, e cada grão se reduz até 14 de hum grão.
Termo de joalheiro. Diamante de grão, he o que pesa hum grão; diamante de dous grãos he o que pesa dous grãos, e assim se vai subindo até quatro grãos, que he hum quilate. E dali cm diante se diz, diamante de hum, dous, ou mais quilates, ou diamante de quinze, vinte, ou mais grãos. Os diamantes miudinhos, a que chamam Senal, não são de grão nem de meio grão. Deste numero arriba os dia mantes são conforme a peça tantos em Mangelim. (26.pp.125-126)
Unidade de peso utilizada para as pérolas naturais e, por vezes, para diamantes em bruto, equivalente a 50 miligramas ou a 0,25 quilates. (5.p.145)
GRÃO APEROLADO
Grão aperolado chamam os ourives aos aljofres redondos, que-não tem a perfeição, nem o lustro da massa da pérola, e por isso não se chamam pérolas, mas aperolados. (26.p.126)
GRÃO ASSENTO
Também chamam os ourives grão assento ao aljofre, ou perola, que não tem mais que huma vista boa, e da outra parte he chato a modo de laranja partida. (26.p.126)
GRÃO DE ARROZ (técnica)
Técnica de decoração chinesa, que consiste em pressionar grãos de arroz na superfície da peça de porcelana em cru. Durante a cozedura, o arroz queima deixando um espaço vazio que é posteriormente preenchido com um vidrado transparente, dando um efeito translúcido à decoração. (2.p.109)
GRÃO DE CONTA
Grãos de conta chama os ourives às perolas mal feitas, sendo grandes. (26.p.126)
GRAVAÇÃO
Elementos gravados no material que cobre as pastas e lombada do livro. (2.pp.35-36)
GRAVAÇÃO MANUAL
Técnica pela qual o metal é cortado e retirado da superfície sem a deformar, recorrendo a um instrumento metálico (buril). Através deste processo técnico é possível efectuar desenhos, inscrições ou simplesmente obter diferentes texturas. (5.p.145)
GRAVAR
Processo utilizado para esculpir ou traçar. Quando utilizado em metal ou em madeiras usa-se o buril, quando utilizado em mármore ou pedra usa-se o cinzel. (7.p.89)
GRAVURA
Nome que se dá a toda a obra de escultura com pouca grossura, mas feita em materiais duros (madeira, cobre, pedra) para imprimir em papel. Em Portugal é uma arte criada já no século XVI, embora só no século XIX tenha atingido grande desenvolvimento. (7.p.89)
Arte de realizar figuras ou desenhos sobre materiais duros (madeira, cobre, aço, pedra, etc.) para imprimir em papel. A gravura em madeira foi a mais antiga (século XV) e a mais simples. Se nos séculos XV e XVI não se dá conta da existência de gravadores em metal, neles surgem porém os primeiros gravadores em madeira, artífices grosseiros que raramente e só com iniciais assinam as suas obras, que funcionam como ilustrações de livros.
GRAXO
Termo de pintor. Óleo graxo. He aquelle, que posto ao Sol engrossa, e faz fio como mel. Na pintura serve para polimento, e para mordente. (26.p.129)
GRECISCO
Pano de bordado rico feito na Grécia, divulgado na Europa e muito usado na Península até ao princípio do século XIII. Também pano de cor cinzenta (gris) ou forrado, ou guarnecido, de peles dessa cor. (40.p.263)
GREDA
Argila arenosa muito branca e suave utilizada como pigmento. Foi sobretudo utlizada na composição de pastas cerâmicas. (1.p.93)
GREGA
Ornato que consiste numa faixa mais ou menos larga em que se repete a mesma combinação de elementos decorativos, e composta por linhas quebradas que formam ângulos rectos. (2.p.91)
Ornamento decorativo composto por uma série de linhas rectas paralelas, entrelaçada, formando um meandro. (5.p.121)
GRÉS
Produto cerâmico cuja pasta vitrifica entre os 1150º C e os 1350º C, e cuja composição é muito rica de sílica, quartzo e feldspato. Segundo a sua origem e quantidade de óxido de ferro pode adquirir tons que vão desde o branco, cinzento ao castanho. (2.p.109)
Cerâmica cozida a cerca de 1200-1280º, temperatura à qual se funde e se vitrifica, tornando-se impermeável. O grés é pesado, de grão apertado e não translúcido. Geralmente é revestido de vidrado. (14.p.276)
Arenito ou rocha detrítica consolidada, predominando na sua composição as areias compactadas.Tem uma textura fina e pode apresentar várias colorações. (8.p.128)
GRIFO
Nome dado a um animal fabuloso cujo corpo é formado da junção de elementos de animais diferentes e que servia como motivo escultórico. Com cabeça de águia e corpo de leão, foi um motivo muito usado na decoração escultórica da Antiguidade Oriental e Clássica, passando para a arte medieval como símbolo de vigilância. (7.p.90)
Animal fabuloso que tinha cabeça, asas de águia e corpo de leão. (2.p.91)
Representação de animal fantástico com corpo de leão, cabeça e asas de águia. (8.p.128)
Animal fantástico composto por cabeça de águia e corpo de leão alado. Ornamento em forma de garra. (5.p.121)
GRISALHA
Pintura monocromática em tons de cinzento (gris), ou verde ou castanho acinzentados, usada normalmente no verso dos volantes de trípticos ou polípticos. (1.p.93)
GRINALDA
Ornato arquitectónico formado de flores e folhas entrançadas em forma circular. É uma decoração muito usada durante o século XVIII a nível da escultura rococó. (7.pp.90-91)
Ornato formado de flores, folhagens e frutos entrelaçados com fitas. (2.p.91)
Motivo decorativo curvilíneo constituído por folhagem e flores. Diferencia-se do festão por não conter frutos. (5.p.121)
Coroa de flores, ramos, frutos, etc., esculpida ou pintada em frisos, pilastras, móveis, etc.
GRIZISCO
O mesmo que “grecisco”. (40.p.263) Ver GRECISCO.
GROTESCOS
Ornamento que consiste em motivos dispostos com profusão, sem aparente relação entre si, incluindo frequentemente figuras humanas, pássaros e outros animais, e monstros dispostos entre grades e medalhões pintados. (2.p.91)
Ornamento de inspiração romana redescoberto cerca de 1480 numa gruta (em italiano grotto) em Roma. Às paredes pintadas da gruta deu-se o nome de “grotescos”. O ornamento é composto por imaginativas estruturas arquitectónicas (que incluem cenas e paisagens, linhas, faixas e enrolamentos de folhagem a substituir colunas); por candelabros com a forma de pequenos edifícios ou tempietti; por frontões constituídos por enrolamentos de folhagem e flores, que funcionam como baldaquinos para figuras; por figuras meio humanas, meio animais que emergem de folhagem e terminam em enrolamentos. Na França de Setecentos, eram também conhecidos por arabescos, mas é preferível chamar-lhes grotescos modernos. Por extensão, o termo “grotescos” também é utilizado para descrever figuras e situações que diferem daquilo que é habitual (deformações, exageros) e, por isso, durante muito tempo o termo não foi relacionado com a redescoberta dos grotescos romanos. (25.p.350)
Brutesco; pintura, ou escultura em que se representam grutas, ou. se orna com figuras de folhas, caracões, e outros infectos; penhasco, penedos, arvores, etc . (9.p.672)
Termo de pintor. Deriva-se de gruta, e he certo modo de pintar, que arremeda o tosco das grutas, ou com que se representam figuras de homens, e de animaes com enfeites, e ornatos quiméricos, e ridículos, que se tem achado em grutas, e lugares subterrâneos. O primeiro, que descobriu estes grutescos, ou brutescos, foi o celebre Pintor, João de Udine, no tempo, que se revolviam as ruínas do Palácio de Tito. Cavando na terra, se acharam huns aposentos, cheios destas figuras, com huns pequenos quadros historiados, acompanhados de ornamentos de estuque de meyo relevo, que ainda conservavam o seu lustre, e a viveza das cores, por lhes não ter entrado o ar. A imitação destes fez o ditto Pintor outros, que tiveram grande aplauso. (26.pp.139-140)
Adorno combinando entrelaçados, figuras excêntricas e animais fantásticos. (5.p.122)
GROU
Emblema de longevidade, porque é suposto viver dois mil anos. (14.p.276)
GROZA
Termo de carpinteiro. Espécie de lima picada com o ponteiro que serve para gastar madeira para a limpar cortiças, etc. (26.p.135)
GRUDAR
Pegar com grude. (26.p.138)
GRUDE
Matéria glutinosa, ou que pega, e une estreitamente. os corpos em que faz presa, extraída dos coiros dos animais bem cozidos; colla. (9.pp.671-672)
Matéria viscosa, que se faz com mãos de vaca. Usam della os caixeiros, e outros officiaes. (26.p.138)
GRUTESCOS
Ver GROTESCOS.
GUACHE
Têmpera à base de goma arábica, como a aguarela com a qual comunga a maioria dos pigmentos, mas que contêm uma carga inerte que a torna opaca, permitindo o abaixamento da intensidade pelo uso de um pigmento branco e não da diluição. Na Idade Média e no Renascimento usou-se sobretudo na iluminação de manuscritos. No século XIX e XX foi utilizada sobretudo por paisagistas. Com a produção industrial o seu uso intensificou-se por parte de pintores e ilustradores. (1.p.93-94)
Pintura a água semelhante à aguarela, mas contendo goma-arábica. As tintas são opacas.
GUADAMECIL
Ver GUADAMECIM.
GUADAMECIM
Couro fino lavrado onde foi aplicada folha de prata ou de ouro, pintura e verniz. (3.p.42)
Sorte de tapeçaria antiga de coiros pintados, e doirados. (9.p.672)
São humas tapeçarias antigas, feitas de couros, envernizados, e outros ingredientes sobre folhas de estanho, ou prata, em que se representam várias figuras. Também há guadamecins dourados, e guadamecins de pelle vermelha. Medalha de guadamecins he aquelle couro separado, que se coze com outros guadamecins. Se a invenção destas tapeçarias veyo de África, dissera, que a palavra Gadamecis se poderá derivar de Gademessa, que he huma terra de Africa, na província de Biledulgerid, ou de Gademes, povoação também de África, donde poderá ter tido algum princípio esta casta de adereço. (26.p.141)
O nome recorda a cidade de Ghadamés no Norte de África. Couro de cabra relevado ou repuxado, cuja técnica decorativa consistia em cobrir o couro com uma folha de prata, que posteriormente se dourava e pintava e com o qual se revestiam assentos, costas de móveis de assento e muros dos aposentos. Os mouros em Espanha desenvolveram esta indústria de tratar o couro na cidade de Córdova, razão porque são chamados também de “couro de Córdova” ou “cordoban”. Muito utilizados e produzidos também em Portugal desde o século XIII, mas especialmente nos séculos XVI e XVII, revestindo paredes mas sobretudo assentos e costas de cadeiras. (38.p.232)
GUADAMEXIM
Ver GUADAMECIM.
GUALDRAS
Argolas grossas, executadas geralmente em ferro, que se colocam lateralmente em móveis de grande porte servindo para o seu transporte (elemento comum a outros móveis). (3.p.83)
GUARDA OU FOLHA DE GUARDA
É a folha que se coloca antes das folhas ou da capa original do livro a encadernar. (23.pp.35-36)
GUARDA-INFANTE
Donaire, ou anquinhas, que as mulheres punham para relevar as saias que vestiam por cima. (9.p.673)
GUARDA-JÓIAS
Cofre destinado a guardar jóias. (5.p.79)
GUARDANAPO
Toalha pequena, que cada pessoa estende desde baixo do seu prato até os joelhos, ou sobre elles. somente, para lhe não cair comer sobre os calções, para se limpar, etc. (9.p.673)
Deriva-se de Guardar, e de Nappe, que em francês vale o mesmo, que Toalha, porque o guardanapo serve de guardar não só o vestido de quem come, mas também a Toalha da mesa, em que se come. Os Antigos, quando eram convidados a comer fora de suas casas, levava cada hum consigo o seu guardanapo. (26.p.146)
GUARDA-PATAS
Huma sorte de toucado antigo, e desasado. (9.p.673)
GUARDAPÉ
Brial, ou saia por baixo das roupas abertas. Sobreceo. (9.p.673)
GUARDA-PÓ
Moldura que enquadra um retábulo nas partes superiores e laterais para o proteger do pó. É comum ser decorado. (8.p.128)
GUARDA-PÓ DE CADEIRAL
Elemento entalhado, ou moldurado, por vezes com platibanda, projectando-se em consola da parede, que remata o espaldar de um cadeiral. Inicialmente destinado a proteger os utentes do pó, tornou-se com o tempo num elemento decorativo integrado no conjunto. (40.p.263)
GUARDA-PORTA
Em língua antiga he cortina; em língua moderna, he hum panno de raz, que toma só a porta. (26.p.147)
Panno, ou cortina, que se põe diante de alguma porta. (9.p.673)
Distinções, por vezes difíceis de estabelecer, baseadas sobretudo em características formais e temáticas, não passíveis de definição. Basicamente, tanto os panos de armar como os guarda-porta, são peças de leitura vertical uma vez que se destinavam a cobrir muros ou vãos. São normalmente bordadas. Os guarda-portas funcionam muitas vezes como conjuntos, várias peças semelhantes com a mesma temática ou temáticas afins. (44.p.64)
GUARDA-ROUPA
Armário grande, portátil, em que se metem os vestidos. (26.p.149)
Armário próprio para guardar trajes pode ter interiormente um vão para os suspender ou apresentar a todo o comprimento prateleiras deslizantes. (3.p.92)
Armário para guardar os trajos individuais; recinto preparado para o mesmo efeito; conjunto dos trajes pessoais. (40.p.263)
GUARDAS
Páginas (não numeradas) sem texto nem ilustrações, brancas ou coloridas, lisas ou de fantasia, colocadas no início e no final do livro com o duplo objectivo de proteger e dar acabamento à contracapa (guarda fixa) e resguardar as primeiras e últimas folhas de texto da obra (guarda volante); por vezes são aplicadas duas ou mais guardas sucessivas. (10)
GUARNIÇÃO
É o conjunto de materiais, que não a madeira, para aplicação ou revestimento, dispostos total ou parcialmente sobre um móvel cuja principal função é a de aumentar a sua comodidade, e/ou melhorar o seu aspecto decorativo. A guarnição é geralmente complementada por elementos de passamanaria. (3.p.36)
Conjunto do agaloado e franjas das cadeiras estofadas ou vestidas; conjunto das peças de couro do revestimento pregado. (40.p.263)
GUARNIÇÃO DE CORPETE
Tipologia de jóia de ornamentação da zona peitoral das senhoras, geralmente uma peça de especial apreço pela categoria de execução, pelo que se pode observar nos exemplares chegados até aos dias de hoje, mas também através da iconografia. Podiam possuir a forma triangular invertida, e são igualmente conhecidos por devant de corsage. (39.p.226)
GUARNIÇÃO DE LAREIRA
Conjunto de um número ímpar de objectos cerâmicos, em geral cinco ou sete, composto por jarras ou potes, que se dispõe em alternância, mas em simetria, sobre uma lareira. Ver jarra, pote, talha. (2.p.74)
GUARNIMENTOS
O mesmo que arreios. (40.p.263)
GUÉRIDON
Pequena mesa de apoio. Objecto autónomo, composto por pé, fuste (em forma de balaústre ou hermes) e tampo, destinado a servir de apoio a candelabros ou serpentinas. (25.p.350)
GUIÃO PROCESSIONAL
Estandarte de grandes dimensões e pontas farpadas, que abre uma procissão ou vai à frente de uma confraria. (4.p.137)
GUILLOCHÉ
Motivo decorativo formado por fitas entrelaçadas ou linhas onduladas, criando uma rede simétrica, semelhante a uma trança. Por vezes, é coberto com esmalte translúcido. (5.p.122)
GUILHOTINA
Máquina de cortar papel por acção de uma grande lâmina de movimento vertical entre duas calhas. (10)
GUINGA
Lençaria de algodão. (9.p.676)
GUIRLANDA
Ver GRINALDA.
GURI
Tipo de laca escavada em que a área a decorar não é constituída por camadas sucessivas de laca de uma só cor, mas sim por camadas alternadas de laca (normalmente) vermelha e negra. A designação tem origem no nome em japonês dado aos enrolamentos geométricos – inspirados nos copos do guarda-mão das antigas espadas chinesas – com que as peças são decoradas. A técnica teve grande divulgação durante a dinastia Song (960-1279). Em chinês: tixi ou xipi. (15.p.247)